Clarissa Ganzer/ON
A assessoria da Concessionária do Polo Rodoviário, já registrou a passagem de 8.142 veículos argentinos pela BR 285 em direção as praias catarinenses, desde o dia 1ºde janeiro. No primeiro mês de 2010, foram 11.556 veículos do vizinho país que cruzaram a estrada na mesma direção. A expectativa da concessionária é que o número registrado até agora aumente. Embora o peso argentino esteja desvalorizado em relação à moeda brasileira (1 real é equivalente 2,36 pesos), os vizinhos continuam elegendo o Brasil nas férias. E Passo Fundo é parte do caminho.
Autuações latinas
Aqui, as famílias pernoitam para depois seguirem viagem. A Guarda Municipal de Trânsito de Passo Fundo registrou até o momento 73 autuações de veículos estrangeiros (argentinos – maioria, uruguaios, paraguaios, chilenos...) de 1° de dezembro de 2010 a seis de janeiro de 2011. No ano passado, no mesmo período, foram 198 autuações. As principais irregularidades cometidas pelos latinos são: abuso de velocidade, passar em cima da faixa de segurança e ultrapassar o sinal vermelho. “Acredito que os números diminuíram porque em 2009 em alguns pontos a velocidade permitida era de 40km/h e depois passou a ser 50km/h”, avalia o funcionário da Guarda Municipal de Trânsito, do setor de infrações, Cristiano Novello.
A conta
Ele complementa que as infrações cometidas pelos argentinos dentro da cidade ou na rodovia devem ser quitadas assim que o veículo deixa o Brasil. Muitas vezes, os turistas driblam as aduanas e saem do país pelo Uruguai para chegar na Argentina. “Eles até podem recorrer à Justiça, mas só depois de quitar a multa”, esclarece Novello. As autuações permanecem no sistema e assim que o veículo for abordado em alguma fronteira e tiver os documentos checados, o condutor vai ser obrigado a pagar as multas geradas no Brasil.
Movimento nos hotéis
Mesmo que o número de argentinos entrando no país seja significativo o presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Passo Fundo, Daniel Lé, afirma que houve queda na hospedagem na cidade. Segundo ele, na primeira quinzena de janeiro deste ano em relação ao ano anterior houve uma declínio entre 40% e 50%. Ele atribui a desvalorização do peso argentino frente ao real e ao dólar e a construção da BR 101. “É mais caro para eles virem para o Brasil e com a liberação da BR 101, eles começaram a seguir por esta via”, acredita.
O diretor do Itatiaia Premium Hotel, Osvaldo Nedeff Klaus, afirma que em comparação com o ano anterior houve queda de 20% a 30% na hospedagem. “Moeda desvalorizada. Eles estão buscando cidades menores, com hotéis mais baratos. Eles não entram em Passo Fundo e não ficam tantos dias na praia”, diz. Já o gerente do Da Vinci Residence Hotel, Francisco Aguiar, afirma que o movimento nessa época está melhor do que no ano passado. “Cresceu cerca de 5%. A maioria dos hospedes estrangeiros são famílias.” Aguiar indica que 20% da capacidade do hotel está ocupada por argentinos. O mesmo otimismo é retratado pela gerente do Germanias Blumen Hotel, Nilce Rachelle. Segundo ela, no último final de semana 90% da ocupação era de hermanos. “Esse ano [o movimento de argentinos] se manteve. O hotel permanece lotado, ano passado também.”, considera. As viradas de quinzena e mês são os melhores períodos.
O filho do proprietário do City Hotel, César Lippstein, diz que a procura cresceu, principalmente em janeiro depois do ano novo. “Aumentou em relação ao ano passado”, diz.
Argentinos que solicitaram informações nos postos da Funzoctur. 80% dos números foram registrados no posto da BR 285*
15 de dezembro de 2008 a final de fevereiro de 2009
de 600 a 680 grupos argentinos
15 de dezembro de 2009 a final de fevereiro 2010
mais de mil grupos argentinos
15 de dezembro de 2010 a 14 de janeiro de 2011
143 grupos argentinos
*Dados do diretor executivo da Funzoctur, Flamino Melo de Lima. Segundo ele, é possível que o número atual triplique durante janeiro e fevereiro