Natália Fávero/ON
Para refazer a rede de esgoto cloacal no Presídio Regional de Passo Fundo será preciso remanejar 200 detentos das celas. As paredes e os pisos terão que ser rompidos. A direção do presídio afirmou não haver um local para manter os presos durante a execução das obras. Ontem, o engenheiro da Secretaria de Obras Públicas do Estado realizou uma vistoria para elaboração do projeto. Desde o início de janeiro, os sanitários das celas da galeria e alojamento B estão entupidos e os dejetos escorrem para fora das alas causando desconforto e mau cheiro.
A rede de esgoto cloacal foi construída em 1970 para atender 125 apenados. Atualmente, são 776 presos sendo que a capacidade é para 340. Só na ala B onde acontece o problema com o esgoto são 203 detentos. O diretor do Presídio, Olmir Paludo, explicou que os canos danificados são muito antigos e o escoamento dos dejetos não está acontecendo. Ele acredita que será preciso construir uma nova rede nova. A dificuldade não está apenas na obra, mas no remanejo dos presos. “Em Passo Fundo não há local para fazer o remanejo. Estamos com um problema sério na nossa capacidade que já está ultrapassada faz tempo”, disse.
Paludo acredita que uma das soluções seria fazer as obras em etapas e o remanejo poderia ser feito nas dependências do Presídio. “Teremos que agir e pensar com muito cuidado, mas vamos achar uma solução”, declarou.
A direção da unidade está esperando a confirmação da Secretaria de Obras do Estado para realizar a obra emergencial. Paludo acha que os trabalhos não terão um valor muito alto e há a possibilidade da licitação ser dispensada.
Vistoria
O engenheiro residente da Secretaria de Obras Públicas do Estado, Edival Balen falou que a vistoria no Presídio já foi realizada e agora falta terminar o orçamento. A rede de esgoto cloacal da galeria B possui tubos de 100 milímetros e para resolver o problema será necessário fazer uma rede nova com tubos de 200 milímetros. Agora o processo será encaminhado pela Obras até a Secretaria de Segurança para dar andamento aos trabalhos. Balen explicou que a Susepe pode executar as obras por meio de licitação, o que demoraria, de forma emergencial em poucos dias, ou podem usar a própria mão-de-obra do Presídio.
Problema também atinge bairro
Quem passa nas ruas ao redor do Presídio, no bairro São Luiz Gonzaga sente o mau cheiro. O bairro não possui tratamento de esgoto, a exemplo de muitos pontos da cidade. A rede cloacal do Presídio desemboca nos bueiros da rede pluvial. A maioria das casas possui fossas sépticas que acabam transbordando constantemente. Todos os dejetos são despejados em uma área próximo ao Rio Passo Fundo, no final da rua Martins Fontes. O presidente da Associação de Moradores do bairro, Rodolfo Silva Boita disse que antigamente a prefeitura fazia o esgotamento das fossas do presídio, mas atualmente o esgoto cloacal é ligado ao pluvial causando cheiro ruim e contribuindo para a proliferação de ratos. “O cheiro do esgoto que passa pelas bocas de lobo é insuportável, principalmente no verão. Quando chove bastante a água do esgoto desemboca no rio”, reclamou Boita.
A preocupação dos moradores é em relação aos ratos que são atraídos pelos dejetos. “Há poucos dias um menino banhou-se no rio aqui no bairro e foi contaminado pela leptospirose”, lembrou o presidente.
Os moradores deverão entrar com um pedido no conselho gestor da Corsan para que o tratamento do esgoto seja prioridade. O secretário do Meio Ambiente interino, Alexandre Aguirre garantiu que fará uma visita hoje com os técnicos da Secretaria para averiguar a situação e achar uma solução para o problema.