Daiane Colla/ON
O investimento de 70 milhões que a norte-americana Manitowoc Crane Group trará para Passo Fundo é apenas o início de um boom no setor. Na manhã de ontem, os diretores da empresa Mauro Nunes e Lawrence Weyer visitaram a área de 45 mil m2 que será disponibilizada para a empresa. Lá, confirmaram o interesse de diferentes fornecedores em se instalar no mesmo local, aproximando clientes e garantindo uma logística apropriada na fabricação de guinchos e guindastes com alta tecnologia empregada.
Segundo o vice-presidente executivo da Manitowoc, Lawrence Weyer, fornecedores da empresa das três fábricas dos Estados Unidos e outros em São Paulo e Minas Gerais já demonstraram interesse em se aproximar da empresa aqui no Rio Grande do Sul. “Já temos fornecedores interessados em instalar unidades aqui. Nossa ideia é que esses fornecedores se concentrem nas proximidades da indústria aqui em Passo Fundo”, salienta Weyer.
Claro que inicialmente a ideia é que fornecedores locais, ou seja, empresas já atuantes no município possam suprir a demanda da Manitowoc. Segundo o secretário de Desenvolvimento Marcos Cittolin um estudo demonstra que essas empresas têm capacidade de suprir apenas 5% da necessidade de componentes da norte-americana. “Buscaremos desenvolver as empresas já existentes para que busquem novos mercados e possam assim serem fornecedoras da Manitowoc”, destaca.
O próprio executivo destacou a importância de utilizar uma cadeia de suprimentos local. “Os primeiros componentes serão importados dos Estados Unidos, mas o objetivo é utilizarmos a engenharia local e sua cadeia de suprimentos”, comenta. Ele observa que a partir do segundo ano de funcionamento da empresa em Passo Fundo, eles trabalharão com um mix de componentes nacionais e importados, dando preferências por aqueles produzidos no Rio Grande do Sul.
Uma empresa como a Manitowoc necessita de uma forte cadeia de suprimentos terceirizados para produção. Dentre eles estão válvulas e bombas hidráulicas, pneus de grande escala, aço, cabos, caixas de transmissão, cilindros e componentes eletrônicos. Além disso, a empresa precisa de vendedores e de transporte para levar seus produtos a toda a América Latina.
Weyer destaca que toda a cadeia que envolve a produção e distribuição dos guinchos e guindastes deverá gerar cerca de mil empregos indiretos em cinco anos. Serão 250 empregos diretos no mesmo período.
O que foi decisivo
Durante meses, Passo Fundo concorreu com cidades de outros quatro estados: São Paulo, Santa Catarina, Pernambuco e Ceará. Por último, os investidores ficaram entre Passo Fundo e a cidade de São Paulo. Um estudo de quase um ano apontou o melhor lugar. Mão-de-obra mais barata e especializada, logística, suprimentos e os incentivos fiscais foram decisivos para que a Manitowoc escolhesse a cidade.
Expectativas
Na visita que fizeram ontem a área, os diretores, acompanhados da empresa de engenharia responsável pela obra, puderam visualizar o tamanho que o primeiro pavilhão da empresa terá. Ele deverá ocupar nove, dos 45 hectares solicitados pela fábrica.
A Manitowoc pretende iniciar as obras da primeira fase da empresa em Passo Fundo já em março. O faturamento inicial estimado gira em torno de R$ 400 milhões a R$ 600 milhões. Inicialmente, devem ser produzidos de 200 a 250 guindastes por ano, chegando a 800 unidades em 2018.
Mais do que bem-vinda
Para a economista Cleide Fátima Moretto, professora da FEAC/UPF a assinatura do protocolo de intenções formaliza as primeiras ações para a instalação de uma importante indústria-chave na economia local e regional. “O principal impacto esperado com o início das atividades será o incremento no retorno de impostos em virtude da peculiaridade do segmento econômico, a indústria de transformação, que se complementa quando observamos vantagem qualitativa de uma empresa de elevado grau tecnológico”, diz. O resultado, segundo Cleide, se fará sentir no aumento do valor agregado, num primeiro plano, seguido pelo incremento no nível de emprego, menor em nível direto e a curto prazo, maior e a longo prazo de forma indireta, a partir das indústrias complementares envolvidas.
Além disso, ela observa que a vinda da empresa para o país confirma a fase positiva da economia brasileira, que vem intensificando o nível de investimentos produtivos. Dessa forma, os produtos antes importados, sujeitos a mudanças cambiais, serão processados internamente, utilizando insumos produtivos domésticos, o que é muito bom para o mercado interno. “A escolha do município de Passo Fundo, nesses termos, demonstra que estão sendo consolidadas externalidades positivas, que representam fatores de atração, localmente. Observamos que o município está atraindo capital e mão-de-obra qualificada em função das vantagens econômicas já acumuladas. E a tendência é de fortalecimento dessas forças de atração”, frisa.
Um ímã para novos investimentos
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