Ensino médio integral e técnico: a escola ideal

Educação: intenção do MEC é, a partir deste ano, começar a oferecer o ensino médio em turno integral, sendo que no horário inverso ao das aulas, estudantes frequentariam cursos técnicos

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Glenda Mendes/ON

Apesar da titularidade no nome à frente do Ministério da Educação não ter mudado com o governo Dilma, as novidades ficaram por conta do anúncio das intenções de mudança feitas pelo ministro Fernando Haddad logo nos primeiros dias deste ano. Dentre elas, Haddad anunciou um estudo com a intenção de ‘transformar’o ensino médio em turno integral. Para isso, além de frequentar as aulas regulares, os estudantes realizariam cursos técnicos no turno inverso.

O anúncio atende a um grande anseio da sociedade, em especial, de diversos setores da comunidade educacional. Porém, para isso são necessários recursos e um diagnóstico das necessidades de cada estado e de cada cidade. A iniciativa já conta com alguns exemplos de sucesso, como é o caso, em Passo Fundo, da Escola Tiradentes, administrada pela Polícia Militar e que a cada ano conta com maior número de inscritos concorrendo ás vagas.

A intenção apresentada pelo ministro representa o que muitos professores e pais consideram a escola de ensino médio ideal. Para a coordenadora regional, titular da 7ª Coordenadoria de Educação, Marlene Silvestrin, esta é também uma das expectativas para a melhoria da qualidade do ensino na região e em todo o Estado. “A nossa opinião é que o ensino médio de turno integral é a proposta ideal. Penso que hoje, no Rio Grande do Sul, temos limitações para transformar nossas escolas de ensino médio em escolas de tempo integral, mas já temos algumas experiências nesse momento. Em Lagoa Vermelha, por exemplo, temos a Escola Técnica Agrícola Desiderio Finamor, que é em tempo integral. Também em Guaporé temos a Escola Técnica Agrícola Guaporé, que funciona desta forma. Nós queremos sim, queremos para todo Rio Grande do Sul, para toda região da 7ª Coordenadoria a escola de ensino médio em tempo integral”, salienta.

Para que a proposta possa ser colocada em prática, ela acredita que sejam necessárias algumas parcerias. “Pensamos que é possível fazer algumas parcerias e vamos fazê-las especialmente com o governo federal para poder ter condições de estar realizando este trabalho com os adolescentes da nossa região”, projeta Marlene.

Em Passo Fundo, o exemplo de ensino médio em turno integral é o Colégio Tiradentes. “ Uma parceria que está dando certo, pela qualidade do ensino, pela proposta educacional, realmente temos este exemplo. Como um todo, o turno integral no ensino médio é uma proposta que a sociedade toda está aguardando com certa ansiedade que ela seja posta em prática”, avalia.

De olho no mercado de trabalho

A formação de mão-de-obra especializada poderá ser uma das respostas imediatas conseguidas com a colocação dessa ideia em prática. Conforme a economista Cleide Fátima Moretto, professora da Universidade de Passo Fundo, este é o momento de implantar o turno integral.

“Considerando a carência de mão-de-obra especializada observada em diversos setores produtivos em nosso país, acredito ser extremamente oportuno este mecanismo orientador para o ensino técnico, proposto pelo governo. Isso, porque fortalece o componente formativo geral, que possibilita ao estudante constituir habilidades que o tornem mais reflexivo (ensino médio em turno integral), de um lado, e porque permite criar a capacitação mínima para habilitá-lo ao ingresso no mercado de trabalho, de outro. Esse modelo é adotado há tempos em outros países europeus e no Japão, por exemplo. Em nossa visão, trata-se de um modelo mais coerente àrealidade do mercado do trabalho, brasileiro, sobretudo porque cabe ao ensino superior um papel formativo que ultrapassa a mera garantia de emprego”, ressalta.

Diagnóstico

A oferta do turno integral requer, em primeira instância, uma análise das necessidades e possibilidades existentes em cada região do país. Na rede pública estadual, por exemplo, o momento é de diagnóstico. “Não temos ainda a compreensão da amplitude do que se pode organizar aqui no Rio Grande do Sul. Como é uma proposta do Ministério da Educação, o estado está fazendo nesse momento o diagnóstico, pois não temos ainda uma visão total das nossas escolas, mas é realmente uma construção efetiva, apontando para aquilo que há de melhor para a rede pública estadual”, afirma Marlene.

Para ela, o primeiro passo é definir a carência em infraestrutura, laboratórios, conjunto de investimentos, recursos humanos, material e as formas de manter o turno integral em funcionamento. “A escola de ensino médio em turno integral é a ideal e é a escola que nós queremos para toda a região da nossa coordenadoria e também para o Rio Grande do Sul”, enfatiza.

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