Glenda Mendes/ON
O Hospital Municipal Cesar Santos interrompeu temporariamente o atendimento de crianças e adolescentes na ala destinada ao tratamento de dependentes químicos O motivo é a falta de repasse dos recursos devidos pelo governo do Estado à instituição, referente a 2010. O local é o único a atender pelo sistema público de saúde.
De acordo com o diretor da instituição, Leandro Bussolotto, o valor em atraso chega a R$ 60 mil. Existe uma previsão, por parte da pagadoria do governo do Estado, de encaminhar este recurso no próximo mês. Também está previsto para fevereiro a elaboração de um planejamento de repasses para o ano de 2011.
“Em 2010 nós construímos uma ala nova para tratar dependentes químicos, contratamos um médico e então gastamos um bom dinheiro com a obra e o pagamento mensal deste médico, só que o governo do Estado não nos passou nenhuma importância”, informa Bussolotto. Conforme o diretor, existem dois tipos de atendimentos classificados na ala de dependentes químicos: adulto e criança e adolescente. “No atendimento de crianças e adolescentes, sim, está parado. Demos alta no final do ano para a última turma de internação e o médico está de férias, volta no mês que vem, por isso está parado”, explica.
Já o atendimento para os adultos, onde o maior número de internações é por problemas com álcool e psiquiátricos, está funcionando normalmente. “Não está parado, mas não temos dinheiro suficiente para manter por mais muito tempo. Estamos aguardando que venha esse valor até fevereiro”, salienta. Se o governo estadual cumprir com o prometido, repassando os R$ 60 mil, o médico será recontratado e reinicia o atendimento para crianças e adolescentes.
Reestruturação
Segundo Bussolotto, o Hospital Municipal seguiu um planejamento de reestruturação interna do ambiente de trabalho e também de prestação de serviços, que foi realizado durante o final do ano de 2008 até o ano de 2010. “Num primeiro momento foi feita uma obra para adequar instalações para receber os concursados, como o setor de contabilidade, faturamento e administrativo. Depois, em um segundo momento, fizemos o novo pronto socorro, o centro de diagnósticos, investimos no bloco cirúrgico, construímos um novo prédio nos fundos do hospital que é para tratamento de dependência química para crianças e adolescentes e atualmente estamos reformando os leitos para poder oferecer uma qualidade maior na hotelaria”, destaca.
Além das melhorias em infraestrutura física, foram adquiridos equipamentos novos para o centro de diagnósticos, para o bloco cirúrgico e para o pronto socorro. “Esses foram investimentos mais consideráveis. Agora, para o futuro, precisamos qualificar o atendimento, com treinamento para os novos funcionários, concursados, que praticamente já foram chamados 90% dos aprovados. Este é o planejamento para este ano: investimento na qualificação dos nossos profissionais e também tentar buscar uma receita maior para o hospital”, projeta.
Tudo entregue
Do planejamento previsto de reestruturação da instituição, todas as obras foram entregues até o final do ano passado. O trabalho que está sendo feito atualmente é o de reforma dos leitos, mas está sendo realizado pelo próprio setor de manutenção do hospital. “Em 2008, com a atual administração, no mês de outubro demos início a vários procedimentos de compra de equipamentos. No final de 2010 entregamos todas as obras que estavam em andamento. Atualmente não temos obra iniciada, a não ser parte interna, que é reforma dos quatros, que é feita pela própria manutenção do hospital”, ressalta.
O que ainda falta fazer
Para Bussolotto, duas obras ainda precisariam ser feitas: uma nova sala para o raio X e reforma externa no prédio. “Dependemos de uma liberação de dinheiro do governo federal para fazer a nova sala do raio X, que é fundamental. É um investimento pesado e necessário. Também a reforma da parte externa do prédio é importante, e também aguarda liberação de uma verba do governo estadual. Seriam as duas obras necessárias, mas que dependem de verba parlamentar”, avalia.
98% de atendimento pelo SUS
“O que importa para nós é que o hospital alcança um índice de 98% de atendimentos SUS. Isso é algo que não se tem em outras instituições, porque a meta, para quem tem contrato com o SUS, é 60%. Então, para melhorarmos a nossa receita, teríamos que partir para outra visão, que para o Municipal iria ao desencontro do que é o certo”, enfatiza Bussolotto. Por lei, como faz parte da 6ª Coordenadoria de Saúde, o hospital deve atender pacientes de cidades próximas, como Coxilha, Ernestina, Pontão, porém, a maior parte dos atendimentos, especialmente nas internações, segundo diretor, é de pacientes de Passo Fundo, principalmente do interior do município.