Prefeitura assume serviços no aterro sanitário

O maquinário da Secretaria de Obras está realizando o trabalho no local em função do fim do contrato com a empresa Nova Era. Recicladores pedem melhorias na estrutura dos pavilhões

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Texto e fotos: Natália Fávero/ON

A Secretaria do Meio Ambiente assumiu a responsabilidade pelos trabalhos no aterro sanitário. Os serviços estão sendo feitos há três meses através do maquinário da Secretaria de Obras. A determinação partiu do prefeito Airton Dipp no período final de contrato com a empresa Nova Era que antes mesmo do rompimento já apresentava dificuldades para executar os trabalhos. Na sexta-feira duas máquinas da prefeitura estragaram e o lixo ficou acumulado no início dessa semana inviabilizando a reciclagem feita pelo grupo Recibela (Associação dos Recicladores do Parque Bela Vista). Ontem de manhã esse problema foi resolvido. No entanto, a associação reclama da falta de estrutura que provoca perigo para as 30 pessoas que trabalham na separação do lixo.

No local estão atuando uma máquina que carrega o lixo que chega no aterro, dois caminhões que levam os resíduos para a célula e o trator de esteira que realiza a compactação na célula. O problema com dois veículos nessa semana causou prejuízo para os recicladores que ficaram três dias sem trabalhar. O grupo ganha conforme a produção. O integrante da associação, Nelson Ramos explicou que eles chegam a receber até mil reais por mês. No entanto, a Recibela gasta R$ 10 mil mensais com transporte e INSS.

O secretário do Meio Ambiente, Clóvis Alves explicou que a situação causou transtorno para o pessoal da triagem acumulando o lixo de segunda-feira chegando a 200 toneladas, mas garantiu que os serviços já foram normalizados. Até segunda ordem, as tarefas no aterro continuarão sendo executados pelo município, mas há possibilidade de abrir uma nova licitação e terceirizar os trabalhos.

Maquinário
O secretário de Obras, Ermindo Simonetti enfatizou que a responsabilidade do aterro é da Secretaria do Meio Ambiente. Ele explicou que apenas as máquinas foram cedidas. Simonetti garantiu que essa determinação não afeta a demanda da Secretaria de Obras. “O prefeito criou essa prioridade e estamos simplesmente atendendo. A prefeitura é uma só e atende o contexto global. Uma secretaria vai ajudando a outra”, explicou.

Estrutura precária
Enquanto o município decide se vai terceirizar os serviços ou se a prefeitura assumirá definitivamente o aterro, os recicladores que trabalham no local estão preocupados com a infraestrutura dos pavilhões. Os pilares do prédio onde fica a esteira de reciclagem estão corroídos. Essa estrutura é responsável pela sustentação do pavilhão. Além disso, parte do piso está cedendo. Uma das paredes que sustenta o local onde os resíduos são depositados antes de passar pela triagem está desmoronando. Os integrantes da associação informaram que o local foi construído em 1992 e nunca passou por uma reforma.

O secretário disse que o processo de reforma já foi licitado e acredita que em 60 dias as obras iniciem. “Eles terão que desmanchar o prédio, mas para isso o lixo terá que ser retirado de lá”, disse Alves.
O mato no aterro está alto e os recicladores pedem auxílio à prefeitura. Segundo eles, há animais peçonhentos que já provocaram a morte de cachorros. Alves afirmou que fará um pedido a Secretaria de Mobilidade Urbana para roçar o mato.

Crianças trabalham clandestinamente
Na tarde dessa quarta-feira (02/02), a equipe de ON flagrou dezenas de crianças e adolescentes trabalhando na célula do aterro. Os menores estavam sem luvas e alguns até de chinelo em meio aos resíduos que podem estar contaminados. As crianças ajudam os pais a catar lixo. Além disso, há uma disputa pelo melhor material. Segundo informações, esse grupo é originário da Bom Jesus e existe um conflito entre eles e os recicladores da Recibela. Todos os dias eles entram por um acesso lateral e atuam clandestinamente no aterro.

Segundo o diretor do Grupo Ecológico Sentinela dos Pampas (Gesp), Paulo Cornélio, o caso é reincidente. Há cerca de cinco anos, o Ministério Público já teria instaurado um inquérito civil a partir de denúncias realizadas pelo Gesp. Cornélio explicou que na época as famílias passavam o dia nas células e levavam as crianças juntos. Eles aproveitavam o material que passava pela triagem. O caso teve grande repercussão e foi negociada a instalação de uma cerca de contensão e vigias para impedir o acesso dessas pessoas junto ao material contaminante. O diretor do Gesp enfatizou que essa prática é irregular e um problema de saúde pública. “Por mais que seja difícil o processo de fiscalização o município é responsável e precisa tomar uma atitude”, enfatizou.

O secretário do Meio Ambiente disse que essas pessoas entram ilegalmente na célula contornando o aterro por uma entrada que fica nos fundos. “Sempre procuramos orientar para que não seja permitida a presença dessas pessoas na célula. Se for o caso a Brigada Militar terá que ser acionada”, disse Alves.
Uma equipe deverá acompanhar e tentar coibir essa situação. Segundo o secretário, existem outras maneiras de coletar o lixo.

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