Aumenta testagem e diminuem casos novos de HIV

Saúde: ambulatório de DST/Aids de Passo Fundo teve crescimento substancial na procura pelo teste de HIV e diminuição de mais de 40% no número de casos novos de soropositividade

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Glenda Mendes/ON

Desde a descoberta do vírus, na década de 1980, a aids é encarada como uma sentença de poucos anos de vida. Mas de lá para cá, os tratamentos evoluíram, os métodos preventivos se popularizaram e o grupo de risco deixou de existir, passando a ser uma doença suscetível a qualquer pessoa. Porém, evitar o contágio pelo HIV ainda é a melhor forma de se manter longe do vírus.

A boa notícia é que no ano de 2010 o número de casos novos registrados em Passo Fundo diminuiu na mesma ordem em que aumentou a procura pelo teste. Segundo Adro Linhares dos Reis, médico responsável pelo ambulatório de DST/Aids do município, no ano passado foram registrado 84 novos casos de soropositividade para o HIV. A diminuição foi de 42% em relação a 2009, quando foram 146 novos casos, e ainda maior em relação a 2008, quando o registro apontou 210 novos casos do vírus.

“Isso representa uma diminuição real, tangível, muito expressiva dos números dos anos anteriores e um real avanço na nossa campanha de prevenção para evitar a transmissão do vírus HIV na população do município”, destaca o médico. Para ele, a diminuição é o reflexo do aumento de cerca de 500% no número de testagens solicitadas no ambulatório. “O fato de haver este aumento nas testagens e mais de 40% de diminuição de casos novos de soropositividade para o mesmo ano, significa uma preocupação maior das pessoas em saber se são portadoras do vírus e uma diminuição efetiva de soropositivos na cidade de Passo Fundo”, comemora Linhares.

Diminuição progressiva
Nos últimos três anos, a redução de casos novos foi progressiva. Reflexo de uma maior conscientização e também da desmistificação da doença, a procura pelo teste teve o maior aumento dos últimos tempos. “Essa diminuição se deve à questão cultural, à propaganda institucional e ao alerta e conscientização da população de que deve fazer o exame e encarar a doença. Também o uso do preservativo e dos recursos disponíveis aumentou, uma vez que a via de transmissão ainda continua sendo principalmente a relação sexual e em segundo lugar o uso drogas injetáveis via sanguínea”, enfatiza o médico.

Os dados revelam uma maior preocupação das pessoas em se preservarem e manterem suas condições de saúde. Mas isso somente é possível através do trabalho de conscientização para a prevenção, que é feito durante todo o ano através de campanhas, intensificadas em períodos como o carnaval e na comemoração do Dia Mundial de Luta Contra a Aids, em 1º de dezembro.

Casos em gestantes também caiu
Um dos primeiros exames realizados durante a gravidez, e que faz parte das exigências do pré-natal, é o que detecta a presença do vírus HIV. Com isso, é possível fornecer tratamento adequado às mães para que os bebês nasçam sem o vírus. Em 2010, foram atendidas pelo ambulatório 12 gestantes, número inferior a 2009, quando foram 18 casos. Porém, “elas foram tratadas e os bebês nasceram sem o vírus e sem ser portadores do anticorpo da mãe, portanto são bebês saudáveis”, salienta Linhares.

Atendimento
O teste do HIV que era feito somente nas quintas-feiras agora é feito de segunda a sexta-feira, das 8h às 9h, no ambulatório DST/Aids, que funciona junto ao Hospital Municipal. O ambulatório atende das 8h às 14h sem fechar ao meio-dia, com pessoal treinado e especializado para este tipo de atendimento. Os testes são encaminhados através de senhas, sem identificar quem o faz.

“Pretendemos que este ano o aumento na procura pelo teste seja maior ainda”, projeta Linhares. De acordo com ele, é preciso incentivar a população a realizar o exame que detecta o vírus. “As pessoas precisam saber se são portadoras ou não, uma vez que a doença se manifesta entre 5 e 7 anos depois de ser portador do vírus. Sabendo, é possível se tratar, evitar contaminar outras pessoas e evitar o principal: uma doença grave, que compromete o sistema imunológico e leva ao óbito. Isso tem acontecido frequentemente em pessoas que não fazem diagnóstico precoce”, enfatiza.
Entre 10 e 15 é o tempo que leva para a coleta do material para análise, a realização do exame e a entrega do resultado. O exame e o resultado são fornecidos através por enfermeira ou psicóloga orientadas e treinadas especificamente para isso. Se positivo, a pessoa passa a um sistema de acompanhamento médico continuado.

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