Burocracia e orçamento apertado

Secretarias que utilizam maquinários pesados encontram dificuldade para realizar o serviço. Um dos motivos: orçamento reduzido e a demora para fazer reparos nos equipamentos.

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Daniella Faria/ON

Reclamações sobre a qualidade dos serviços prestados por algumas secretarias do município são rotineiras. Estradas do interior em mau estado de conservação, ruas esburacadas e mato alto são algumas delas. Entretanto, os secretários das pastas explicam que parte do que está acontecendo é devido à falta de maquinários, deficiência no orçamento e, em alguns setores, falta de trabalhadores. ON avaliou a situação em cada uma destas secretarias e os titulares apontaram a solução para cada problema.

Secretaria de Transporte e Serviços Gerais
Essa é uma das Secretarias que mais necessita de maquinário pesado e quadro funcional. Responsável pela iluminação, limpeza de ruas e praças, trânsito, fiscalização de alguns setores, esgotamento e cemitérios, a pasta tem por ano o orçamento em R$ 10 milhões. Valor abaixo do que é necessário para poder desenvolver os trabalhos. No segundo mês do ano a secretaria já fez um pedido de suplementação de verba prevendo que o dinheiro destinado não irá bancar a demanda. A estrutura e o número de trabalhadores em alguns setores também são insuficientes.
A secretária Mariniza dos Santos informa que são cerca de 30 veículos à disposição. Entretanto, a grande parte é antiga e costuma ter problemas constantes. A burocracia para conserto é outro entrave para a realização do trabalho. Para arrumar um motor, por exemplo, são gastos pelo menos três meses, entre licitação, pesquisa de orçamento e de fato a manutenção.  Às vezes a secretaria conta somente com um caminhão para a limpeza, enquanto os outros ficam na oficina.
Na avaliação de cada setor, disse que a melhor estrutura é o do Núcleo de Iluminação, que conta com 16 funcionários. “Na verdade dois são para cuidar da parte de sinaleiras e mais dois são destinados para a manutenção das câmeras de segurança”, ressalta. Quanto a estrutura física, também é uma das melhores. O setor conta com quatro caminhões (anos 1997, 1992, 1998 e 2010) e mais um do ano de 1978 que está na oficina. O número é suficiente para o serviço a ser prestado.

Já o setor de trânsito tem um caminhão para que os funcionários possam fazer a pintura das vias. O veículo transporta tintas, cavaletes, cones e placas de sinalização. É um dos poucos que trabalha em dois turnos. A equipe de trânsito é dividida em duas. Uma de pintura, onde fazem parte quatro operários, mais quatro terceirizados, um motorista e um operador. Eles fazem a manutenção. Já a de trânsito é composta por um fiscal urbano para fiscalizar, por exemplo, passeio público e construção, três agentes de trânsito para fiscalizar transporte escolar, motoboys, taxis e o índice de passageiros por quilômetro. “O número de fiscal é muito precário. Temos um só para olhar a cidade inteira”, destaca.

Para o núcleo de cemitério é destinado um Fiat Uno, para que o coordenador possa fazer as visitas nos locais. Para o gabinete, mais um carro fica a disposição da secretária e do coordenador de iluminação, que o utilizam para fazer vistorias.
O grande gargalo é o setor de serviços gerais. O setor conta com dois ônibus, ambos do ano de 1989. Um é usado para buscar os cerca de 20 funcionários do Programa Apoiar e Comprometer, da Secretaria de Cidadania e Assistência Social, mas que trabalham com capina, roçada e limpeza de cemitérios para a STSG. O outro, em estado precário, é utilizado para levar os funcionários até os trechos de trabalho. “Nesse setor temos cerca de 50 funcionários terceirizados que fazem também a limpeza geral e retirada de entulho”, conta.

Como o último veículo costuma dar problemas, a secretaria tem uma Kombi para usar nos momentos de sufoco. Essa também é usada pelos coordenadores para realização de vistorias.

O setor conta ainda com uma Ipanema, ano 91, em estado preocupante. “Ela já deveria estar desativada, mas enquanto não temos outro, usamos para um eventuais ações, como vistorias ou levar material para praças ou cemitérios”, diz.
O problema maior está no setor de serviços gerais. Os veículos são antigos, vão para o reparo frequentemente e demoram a voltar. Atualmente, por exemplo, um dos três caminhões que atuam na área da limpeza teve que ser remanejado para fazer o serviço de manutenção, porque o que é utilizado para o trabalho está com problema no motor. “São cerca de 60 pessoas diariamente fazendo a limpeza urbana. O corte de grama na vila, por exemplo, não tem como ser retirado imediatamente quando se faz o trabalho. Os nossos caminhões e máquinas não dão conta. Com eles ainda temos que retirar entulho e lixo”, enfatiza Mariniza.

Uma caminhonete Bongo tem ajudado a manter a cidade limpa através da equipe rápida, composta por dois roçadores, mais duas pessoas que rastelam e o motorista. Essa equipe faz as limpezas urgentes, como de paradas de ônibus, praças menores e creches. “Essa equipe me quebra um galho enorme e às vezes dá maior retorno do que uma equipe maior”, pondera.

A secretaria conta ainda com três tratores que tem roçadeira, mas sempre um está encostado na oficina. Tem dois tobatas para fazer o corte de grama, entretanto, só tem um operador para o trabalho. Ainda há dois caminhões para esgotamento de fossas. Um de 1985 e outro de 1986. Ambos estão em estado precário, mas a secretaria não irá investir nesse setor porque logo passará a ser responsabilidade da Corsan. Já o maquinário mais pesado é composto de uma pá carregadeira, que seria utilizada para o recolhimento de grama, mas está com problema de freio, e uma retroescavadeira, utilizada para fazer poços, retirar entulho, recolher lixo e fazer terraplanagem.

O que seria necessário

A secretaria tem no setor administrativo um advogado, um engenheiro elétrico e uma arquiteta que trabalha somente até quinta-feira, pois na sexta ela presta serviço para a secretaria de Habitação. Para que o serviço fosse bem prestado, segundo Mariniza, precisaria de cerca de mais 20 funcionários na limpeza urbana e uma renovação da sua frota. “Nosso orçamento é grande por causa das manutenções de equipamentos. Creio que se tivéssemos um investimento nessa parte o trabalho seria mais bem prestado. Às vezes fico com só um caminhão para limpeza urbana de toda cidade”, enfatiza. Além de todos os funcionários, a STGS ainda paga o setor de vigilância feito em todos os locais do município, como cemitérios, praças, secretarias e também do paço municipal.

Secretaria do Interior
“De um número de 0 a 10, daria nota 7 para as estradas do Interior”. Essa é uma declaração do secretário do Interior, Gilberto Simor. A pasta também enfrenta problemas com o orçamento. Apenas 1% do orçamento da prefeitura é destinado o setor. Número bem abaixo se comparado com outras secretarias, como Educação e Serviços Gerais. Entretanto, é uma das que tem o maquinário mais novo. No ano passado foram adquiridas uma retroescavadeira, uma escavadeira hidráulica, um rolo e dois caminhões. “O Prefeito decidiu fazer os investimentos porque viu que os secretários anteriores tinham muita dificuldade em realizar o trabalho por causa da falta de máquinas”, ressalta. Além disso, a Secretaria ainda conta com mais quatro caminhões, duas patrolas, um rolo e uma carregadeira. Há mais uma retroescavadeira e um caminhão, mas estes estão parados a espera de conserto. Até o final da semana o secretário espera que eles já estejam à disposição. “Com esse maquinário realizamos o empedramento, patrolamento, terraplanagem para alguns galpões, construção de pontes, bueiros, açudes, cisternas e fossos para silagem”, cita o secretário.
Quanto ao quadro de funcionários Simor diz que está tranqüilo, mas se pudesse ter mais poderia formar mais equipes e atender as demandas com maior rapidez. Atualmente a Secretaria conta com 40 funcionários, sendo que oito trabalham como fiscais junto a frigoríficos. No início do ano os trabalhadores foram liberados para trabalhar em turno integral, diferentemente da grande maioria dos funcionários da Prefeitura, que trabalham seis horas. “Ainda precisaria de mais quatro operários e dois operadores para fica com o quadro funcionando plenamente”, destaca.
A Secretaria do Interior abrange em torno de 600 km de estrada. Alguns pontos estão em situação crítica, mas aos poucos, de acordo com um cronograma, os problemas vão sendo resolvidos. Alguns dos motivos para a precariedade das vias, segundo o secretário, é a chuva, principalmente em descidas, onde a água não tem para onde escoar devido as lavouras e o grande tráfego de caminhões pesados em alguns locais. Em São Braz, por exemplo, passam mais de 30 caminhões pesados por dia devido a uma pedreira no local. Em Santa Gema também, por causa dos cilos. “Isso detona as estradas”, frisa.
A perspectiva é que até abril todas as estradas tenham recebido melhorias da Secretaria. Reformas já foram realizadas em Bela Vista, Pulador, São Braz, São Pedrinho, Nossa Senhora das Graças, Santa Gema e Capinzal. As próximas vias a receber os trabalhos serão de São Valentim, Bom Recreio e Sede Independente.

Secretaria de Obras
Essa é uma das secretarias que recebeu investimento nos últimos anos. Só em
2010, R$ 3 milhões de recursos próprios foram utilizados para a compra de máquinas e equipamentos. Nesta última leva, a secretaria de Obras recebeu uma escavadeira hidráulica, uma retro-escavadeira, dois caminhões caçamba e um kit tapa-buraco. A pasta ainda dispõe de mais uma escavadeira, dois tratores, quatro carregadeiras e três patrolas, entretanto, só uma funciona. Uma está voltando da manutenção, e outra ainda está sendo encaminhada. No parque de máquinas há mais cerca de cinco patrolas, mas todas estão sucateadas e já foram desativadas.
Conforme o secretário Ermindo Simonetti, como qualquer equipamento pesado que trabalha de forma intensa, as máquinas passam por manutenção constante,  o que por vezes adia algum serviço por uns dias, até o equipamento ficar pronto. Ele dispõe de pouco mais de 60 operários lotados na SMO, porém nem todos exercendo funções nas atividades de rua. O grupo está dividido em equipes que atuam na canalização, tapa-buraco, asfalto e limpeza e preparação de canchas.
Já estão em análise junto ao núcleo de gestão da administração, algumas sugestões encaminhadas pelo secretário para melhorar a dinâmica e o funcionamento da secretaria, de forma a atender as prioridades destacadas pelo Prefeito Airton Dipp para 2011. Entre elas a qualificação do asfalto em toda a cidade.
Simonetti destaca a atuação importante das Obras nas ações que promovem o desenvolvimento econômico do município, como a preparação de áreas para a instalação de empresas e a qualificação de espaços para a realização dos eventos, como o Rodeio Internacional. Quanto o orçamento, Simonetti diz que também é insuficiente, mas que a medida que é necessário o prefeito consegue fazer suplementações para que o trabalho seja feito da melhor forma.

Cidade estrutura SMO
Prefeitura investiu R$3 milhões em novos equipamentos para a Secretaria

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