Natália Fávero/ON
Há cerca de uma década, os estudantes da Escola Municipal de Ensino Fundamental Guaracy Barroso Marinho, no bairro José Alexandre Zacchia, não podem desfrutar da hora do recreio. A direção da instituição alegou que não há condições de liberar os alunos porque a escola não tem muros ou cercas que assegurem a proteção das crianças. De um lado está a rua principal do bairro com um grande fluxo de veículos e do outro há um barranco que também expõe os estudantes a riscos. A construção de um muro foi uma demanda escolhida pela comunidade dentro do Orçamento Cidadão de 2009, mas ainda não foi liberado pelo município.
A escola tem cerca de 900 alunos nos três turnos. A decisão de impedir que as crianças sejam liberadas na hora do intervalo no pátio foi conjunta entre direção e pais que votaram no início do ano. A diretora, Rejane Maria de Almeida Inchoste, explicou que a medida é para a segurança das crianças. “Tomamos essa decisão para prevenir que os alunos corram para a rua que é bastante movimentada e sejam atingidas pelos veículos e também há um barranco do lado da escola onde elas podem cair e se machucar”, explicou Rejane.
A direção afirmou que os alunos têm entre dez e 15 minutos para a merenda e para irem ao banheiro. As turmas são levadas individualmente. “Seria uma irresponsabilidade se largássemos 400 crianças no pátio aberto com todos esses perigos que o entorno da escola oferece. Estamos torcendo para que a verba para o muro saia logo. A hora do recreio é um direito do aluno e do professor só que nesse momento é inviável”, justificou.
Os alunos concordam com a decisão, mas preferiam brincar no pátio. Esse é o desejo da Raissa Nickel, de 9 anos, da 4ª série. “Vamos à merenda, mas se tivesse o muro eu poderia brincar lá fora. Seria bem melhor”, disse a aluna.
Pais concordam com a medida
Os pais não acham correto os alunos não terem intervalo, mas ficam mais tranquilos sabendo que os filhos estão dentro da escola. Jucemira da Cruz tem dois filhos matriculados, um na 5ª e o outro na 8ª série. “Fica meio difícil porque as crianças ficam fechadas na escola, mas como o pátio não é fechado acho mais seguro eles ficarem lá dentro”, disse a mãe. Lisandra de Azevedo que é mãe de três alunos tem a mesma opinião. “É uma questão de segurança, porque o pátio é aberto e eles podem fugir da escola. Tem a rua aqui na frente e o barranco do lado. Eles podem acabar se machucando”, declarou Lisandra.
Secretaria e Conselho municipal de Educação desconhecem o caso
A secretária de Educação, Vera Vieira disse não ter conhecimento dessa situação. Enfatizou que o recreio é fundamental e uma recomendação do conselho municipal. Uma das suas funções é a socialização. “Essa medida pode ter sido tomada pelo conselho escolar que tem certa autonomia e a escola acatou, mas vamos entrar em contato com a direção e verificar os fatos”, disse a secretária. A assessora técnica do Conselho Municipal de Educação, Rochele Tondello da Silva informou que o órgão também não sabia desse caso e acredita ser uma situação isolada.
Muro deve demorar
A verba do Orçamento Cidadão para a construção do muro ao redor do pátio é de aproximadamente R$ 73 mil. O presidente da Associação de Moradores, Nilson Santa Helena da Silva explicou que a comunidade está ainda esperando a verba do orçamento de 2007 para a Capela Mortuária, no valor de R$ 32 mil e por esse motivo o muro pode demorar. “O orçamento está atrasado. Primeiro tem que ser liberado o da Capela e depois o do muro. Estamos na expectativa e vamos continuar cobrando da Secretaria de Planejamento”, disse Silva.
O secretário de Planejamento e vice-prefeito, Rene Cecconello foi procurado pela nossa equipe para falar da previsão da liberação dos recursos, mas os funcionários da prefeitura informaram que ele está em Brasília.