Redação ON
Investimentos na estrutura física das escolas, qualificação dos professores e concurso público estão entre as medidas a serem tomadas pela Secretaria Estadual de Educação para início ainda este ano. Assim anunciou o secretário José Clovis Azevedo em entrevista coletiva na tarde de ontem (24) em Passo Fundo.
A falta de professores que historicamente atinge as escolas estaduais nos primeiros meses do ano letivo está entre as questões a serem minimizadas a partir deste ano. “Estamos com um banco de professores com mais de 27 mil nomes. No que diz respeito à nossa agilidade para contratar, vai ocorrer. Mas existem alguns problemas que não temos governabilidade sobre eles, por exemplo: um professor é contratado, leva algum tempo para tomar posse e desiste no segundo ou terceiro dia. Esse é um tempo que não conseguimos retomar”, explica.
Outra questão levantada é a dificuldade de encontrar professores em algumas áreas como física e matemática, por exemplo. Para isso, a ideia é promover qualificação de curto prazo para “que, pelo menos, possam atender os alunos nesses casos radicais”, completa. Entretanto, Azevedo afirma que não existem motivos para a falta de professores, uma vez que o banco é maior que necessidade. “Vamos melhorar esta situação quando fizermos concurso e superarmos a relação de precarização que foi estabelecida na Secretaria de Educação, onde quase um terço dos professores são contratos emergenciais. Este número apresenta uma contradição, pois são contratos renovados todos os anos. Isso não é mais emergencial, é sistema de trabalho”, afirma Azevedo. Para reverter a situação, a ideia é realizar concurso público ainda este ano para nomeação no próximo ano. “Quanto mais estáveis nomeados nós tivermos, menos teremos problemas de falta de professores e não vamos mais correr o risco dos contratados desistirem”, avalia.
Investimentos
A previsão é de investir um total de R$ 100 milhões na infraestrutura das escolas ainda este ano. “Já liberamos R$ 30 milhões em obras já tinham projetos e licitações e algumas até que já tinham autorização de início e foram suspensas pelo governo anterior. Então tivemos que retomar esse processo e realizar as obras com o orçamento deste ano”, destaca Azevedo.
De acordo com ele, este é um dos eixos da educação estadual para o atual governo. Dessa forma, para definir a modernizar as escolas gaúchas, a ideia é contar com o apoio do Ministério da Educação. “Queremos, até final do governo, recuperar toda rede física do nosso estado”, salienta o secretário.
Nos próximos meses a secretaria implantará um sistema de avaliação e levantamento das necessidades de cada uma das escolas da rede estadual. Assim, na medida em que ocorrer a recuperação da infraestrutura, serão implantados recursos que permitam a informatização e introdução dos mecanismos de inclusão digital e da informática como instrumento pedagógico de aprendizagem.
“Vamos fazer um levantamento utilizando um software do MEC que avalia 16 indicadores sínteses e outros 300 pontos extras. Com isso se faz diagnóstico total de uma escola, desde a circulação de ar dentro das salas de aula, a sonoridade, o número alunos por metro quadrado, o mobiliário, o equipamento pedagógico: todos os quesitos que uma escola tem que ter. Ao aplicar o levantamento geral, será estabelecido em qual percentual a escola está em relação ao padrão e quanto precisaria investir para chegar ao padrão máximo. Não é algo muito fácil, mas queremos ter esse levantamento até o final do ano”, ressalta Azevedo. A partir disso, a secretaria é que vai propor as reformas de acordo com os percentuais apresentados. “Mas não vamos parar de fazer obras enquanto colocamos software em funcionamento, as obras devem continuar”, garante.
Cpers como parceiro
Na próxima segunda-feira o novo secretário terá a primeira reunião com a diretoria do Cpers, ocasião que deve contar também com a presença do governador Tarso Genro. “Vamos receber a pauta dos 17 itens que Cpers já elaborou e vamos abrir processo de negociação com sindicato. Vamos conversar, discutir a questão salarial, queremos avançar”, enfatiza Azevedo.
Porém o secretário lembra que o aumento do salário dos professores esbarra nas limitações orçamentárias e que “30 anos de decréscimos das condições salariais dos professores não se resolve de uma hora para outra. Mas nosso objetivo é decolar razoavelmente na condição de uma melhoria, sempre em direção ao piso, que é um compromisso do atual governo”, completa. Conforme Azevedo, a intenção é um diálogo permanente com o sindicato “e não só na questão salarial, mas de projeto pedagógico para o Rio Grande do Sul. Queremos que o Cpers seja mais um sujeito nessa discussão. Queremos o protagonismo do professor, nosso objetivo não é confronto com a categoria e sim o diálogo”, ressalta.