Em seis meses, 500 famílias atendidas

Assistência Social: Cras II da Vera Cruz será inaugurado no mês de março. Local já atende famílias de 24 localidades de Passo Fundo

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Daniella Faria/ON

Alceu José dos Santos tem 67 anos é morador da Vera Cruz. Já aposentado, reside com a esposa que cuida do filho portador de deficiência mental, de 36 anos, e ainda ajuda a cuidar de oito netos. Com o salário curto e muitas pessoas para sustentar, Alceu busca ajuda, até mesmo de alimentos, no Cras (Centro de Referência em Assistência Social) II. “Tudo que eu preciso para me ajudar procuro ali. Ficou pertinho de casa é mais fácil. Antes ainda tinha que gastar para poder ir na Secretaria de Cidadania Assistência Social e demorava”, conta. A esposa também diz que a instalação do Cras perto de casa ajudou no encaminhamento de vários processos para o auxílio da família. “Ajudou alguns dos meus filhos a arrumar emprego e agora está encaminhando a papelada para encaminhar o outro novamente para a Apae. Ele ainda arrumou uma companheira e são como mais duas crianças para eu cuidar”, conta.

Mais 486 famílias como a de Alceu já são auxiliadas pelo Cras da Vera Cruz, que começou a funcionar há cerca de seis meses. O número impressiona pela pouca divulgação do órgão, que ainda nem teve inauguração oficial. Ela deve acontecer no próximo mês, segundo o secretário de Cidadania e Assistência Social, Adriano José da Silva.
A instalação do Cras, assim como em outros dois bairros (São José e Schisler), se deu emergencialmente, uma vez que os recursos poderiam ser perdidos senão acontecesse ainda no ano passado. “Tínhamos um prazo de cinco anos para a instalação e esse prazo que expirava em 2010. São R$ 9 mil de recursos federais para cada local. Só no da Vera Cruz foram investidos R$ 27 mil em reformas”, fala o secretário.

Implantação
Os Centros de Referência em Assistência Social devem ser inseridos em bairros com abrangências de até cinco mil famílias em vulnerabilidade social. A meta é atender pelo menos mil por ano. No local podem ser encaminhados os benefícios de prestação de continuação do INSS, que são os recursos repassados pelo governo para os portadores de deficiência e idosos. São oferecidas oficinas e condições para que o local tenha uma estrutura social mínima de assistência. As oficinas devem ser realizadas de maneira descentralizada, como por exemplo, nas associações de bairros, salões de igreja e locais que tenham oferecido parceira. O objetivo é fazer com que as pessoas de cada região sejam atendidas o mais próximo de suas casas.

Vera Cruz
O Cras II fica situado na rua Serafim Lemos de Melo, no bairro Vera Cruz, logo abaixo do CTG Moacir da Motta Fortes. O local pertence à associação de moradores, mas como estava abandonado, foi cedido pela direção para auxiliar a comunidade. “Logo que assumimos a associação fomos procurados pelo secretário para fazer essa parceria. Como não cobramos aluguel e ainda recebemos as reformas, sobra mais verba para ser utilizada pela comunidade. O local é muito bom, fica na região central do bairro”, destaca o presidente da associação de moradores em exercício, Douglas Alexandre da Luz. O lugar foi totalmente reestruturado para atender as exigências do Suas (Serviço Único de Assistência Social), inclusive banheiro para deficientes e rampas de acesso. Foram construídas novas divisórias, cozinha, três salas para atendimento e duas maiores para trabalhos de grupo. O próximo orçamento será para a reforma do telhado. Alarmes monitorados foram instalados no local. “Ainda temos muito vandalismo, mas a população tem que se conscientizar que isso aqui é dela”, diz o presidente.
Hoje o local atende 24 localidades, incluindo os bairros Victor Issler, Zacchia e Vila Fátima. Já são 486 famílias cadastradas e mais 20 agendadas para visita. O Cras conta ainda com duas assistentes sociais, uma psicóloga e duas recepcionistas. Segundo a coordenadora do Cras, Roselei Sponchiado Cichelero, as principais demandas requeridas são por habitação, alimentos, moradias na beira trilho e evasão escolar. “Temos ainda parceira com ongs e escolas. Nem todas essas famílias que temos cadastro vieram nos procurar. Muitas delas foi a escola que mandou o nome e o endereço do aluno que precisava de ajuda”, fala.

Roselei ressalta que o número de profissionais ainda é pequeno pelo número de famílias que necessitam de atendimento. Das famílias cadastradas, muitas recebem visitas das assistentes pelo menos uma vez por semana. A vantagem da instalação do Cras naquele local foi que ajudou na locomoção e na rapidez para resolver ou encaminhar o que era necessário. “Muitas vezes as pessoas chegavam na Semcas e não resolviam o que deveria ser encaminhado. Aqui elas têm orientação para onde ir e conseguir o que desejam. Além disso, ainda damos um encaminhamento no papel e quando ela chega no local ela é melhor atendida”, destaca.

Cursos
A partir desse mês serão oferecidas algumas oficinas para adultos. São elas: bordado e pedraria, pintura em tecido, manicure e pedicure, crochê e tricô. Há programas também para crianças e adolescentes. Para as crianças há atividades que são desenvolvidas na igreja do bairro. Já os adolescentes podem ser encaminhados para cursos da Universidade Popular, ou da Assistência Diocesana Leão XIII. “O grupo do Dati também nos procurou e devemos realizar uma parceria. Outra novidade são as aulas de EJA, que já eram oferecidas na associação de moradores no turno da noite e agora vamos oferecer também à tarde”, conclui Roselei.

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