Mulheres camponesas fazem marcha em Passo Fundo

Cerca de 500 representantes de movimentos ligados ao campo e a cidade realizaram ato para protestar. Foco em Passo Fundo está no uso de agrotóxicos nas lavouras e violência contra a mulher

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Leonardo Andreoli/ON

A violência contra a mulher e o uso excessivo de agrotóxicos em lavouras foram os temas que reuniram cerca de 500 pessoas em uma manifestação da tarde de ontem. Integrantes de diversos movimentos sociais fizeram uma caminhada pela Avenida Brasil, do Bairro Boqueirão até a sede do Ministério Público Federal (MPF). No caminho entregaram panfletos com a pauta do protesto e um resumo do documento que foi entregue no MPF.

A atividade faz parte da Jornada Nacional de Lutas das Mulheres para celebrar o Dia Internacional das Mulheres, 08 de março. Adriana Almeida, representante do Movimento das Mulheres Camponesas (MMC), o tema foco para a região é o uso dos agrotóxicos. “É um braço do agronegócio que nos violenta, tanto das mulheres do campo quanto da cidade. Queremos  mobilizar a comunidade e mostrar a circunstância que essa região está  vivenciando”, completa.

Passo Fundo foi escolhida para a realização do protesto por ser um pólo de saúde. “Que doenças são essas que estão vindo para Passo Fundo? São diversas formas de câncer, inflamações, super bactérias e isso é fruto dos agrotóxicos. Há mais de 40 a 50 anos já discutimos os malefícios dessa  epidemia que se manifesta cada dia”, salienta. Além disso o grupo discute a impunidade do estado no cumprimento  das leis existentes, desde a constituição, das lei dos agrotóxicos e de segurança alimentar.

Barragens

A construção de barragens para a construção de usinas hidrelétricas também pautou a mobilização. Alexandra Borba, do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), explica que as mulheres são as que mais sofrem as consequências da construção das hidrelétricas. “Elas perdem terras e muitas sofrem exploração sexual na beira dos lagos e perto das construções das usinas”, alerta. Segundo ela, a cada duas horas uma mulher é estuprada no Brasil. “Isso é consequência de um modelo de sociedade capitalista e patriarcal que tem predominância dos homens e queremos denunciar as formas de violência”, justifica.

Denúncia dos agrotóxicos

Em um informativo entregue as pessoas nas ruas os movimentos denunciam: “o agronegócio é fortemente vinculado à concentração de terras, ou seja, aos latifúndios. Junto a isso, há um modelo de agroexportação de produtos e utilização de venenos, sem medida, com pouca fiscalização e punição diante dos abusos”. Entre as justificativas estão:
- Com a liberação dos transgênicos aumentou em 60% o uso de agrotóxicos;
- 22% das hortaliças das hortaliças do mercado em geral possuem mais agrotóxico do que a quantidade permitida;
- O Ibama indica que 88% dos agrotóxicos vendidos em 2009 são classificados entre perigosos, muito perigosos e altamente perigosos;
- No Brasil cada pessoa consome involuntariamente cinco quilos de agrotóxico por ano.

Movimentos

Participaram da mobilização o Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Movimento Popular Urbano (MPU), Movimento Trabalhadores Desempregados (MTD) e outras organizações do campo e da cidade.

Palestra

Pela manhã as mulheres se reuniram no seminário Nossa Senhora Aparecida e acompanharam palestra proferida pela doutora em Toxicologia e Saúde da Mulher pela USP, Mara Tagliari Professora.
Ocupação

Ontem também, cerca de 800 mulheres da Via Campesina e Movimento dos Trabalhadores Desempregados (MTD), ocuparam o pátio empresa Braskem em Triunfo, denunciando a produção de plástico verde - produzido a base de cana-de-açúcar.

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