A 53ª Legislatura trouxe inúmeras conquistas para as gaúchas. O crescimento de deputadas eleitas titulares foi de 100% comparado à eleição de 2006: de quatro vagas o número subiu para oito. Silvana Covatti (PP) foi a mais votada entre todos os candidatos a deputado estadual no RS, somando 85.604 votos. Miriam Marroni (PT) ocupa a liderança do governo na Assembleia Legislativa, e três comissões permanentes são presididas por mulheres. Com o afastamento da deputada Stela Farias (PT) para comandar a secretaria estadual da Administração e dos Recursos Humanos, permanecem na Casa sete parlamentares, todas determinadas a conquistar destaque no cenário político do estado. Algumas já afirmam que o Parlamento é “a casa das sete mulheres”, em alusão ao romance que narra a saga de sete mulheres gaúchas durante a Revolução Farroupilha.
Bancada Feminina
Quando questionadas sobre a possibilidade de criação de uma bancada feminina, as opiniões se dividem. A deputada Zilá Breitenbach (PSDB) reconhece o crescimento da participação das mulheres na AL, mas não acredita que se formalize uma bancada nesta legislatura. A deputada Ana Affonso (PT) diz que seria precipitado falar disso. “Ainda não debatemos sobre a criação de uma bancada. É um desafio que se coloca para nós”, considera. Já Silvana Covatti e Juliana Brizola (PDT) acreditam na criação da bancada de mulheres.
Projetos
Se há divergências sobre a constituição da bancada feminina, para elaboração de projetos em conjunto há convergência. As sete deputadas concordam com essa possibilidade. Para Maria Helena Sartori as parlamentares estarão unidas sobre os temas de gênero. “Acredito que projetos que envolvam mulheres poderão ser construídos coletivamente, superando conflitos ideológicos”.
Zilá acredita na unidade das deputadas em causas identificadas por suas atuações políticas. “Temos bandeiras em comum, como a saúde e educação, que tradicionalmente são conduzidas por maioria feminina”. Marisa Formolo lembra que, no ano de 2010, as cinco deputadas da legislatura anterior (Marisa, Silvana, Stela, Zilá e Leila Fetter) criaram o Projeto de Resolução nº 12 /2010, o qual garantia a representação proporcional de gênero nas comissões técnicas permanentes. “Há a cota de 30% de mulheres nas candidaturas proporcionais, mas esta equação não acontece na ocupação dos cargos. Pretendo reunir as mulheres para reapresentarmos o projeto com todas as assinaturas”, revela.
Mulheres na política
Outro fator que gera diferentes opiniões entre as parlamentares é a conquista de espaço nos partidos. Para Silvana, o trabalho da mulher tem que ser duas vezes mais eficiente para ser reconhecido.“Não é fácil ser mulher na política do Rio Grande do Sul”, observa. Já Maria Helena considera que as gaúchas não estão pior nem melhor que as demais brasileiras nesse quesito. “A indicação de quatro mulheres para a comissão que presido, Finanças, é um exemplo de mudança de visão”, assegura, com otimismo.
Já Ana Affonso concorda com a opinião de que o Estado tem uma cultura machista muito arraigada: “Ser uma agente pública é um desafio permanente, pois ocupar espaços de poder ainda não é natural aqui no estado. Estamos mudando essa realidade dia após dia, mostrando que somos capazes de gerir e administrar”.
As parlamentares concordam que a eleição da presidenta Dilma Rousseff representa um marco na participação das mulheres na política. Sabem que as dificuldades continuam, mas o futuro parece mais promissor com uma mulher à frente do Executivo nacional.