Daniella Faria/ON
A partir desta semana o Jornal O Nacional começará uma série de reportagens sobre o uso da tecnologia e informática nas instituições de ensino. Aparelhos, redes sociais, modo de utilização e a linguagem serão alguns dos assuntos tratados. A tecnologia está cada dia mais inserida no dia a dia das pessoas, e principalmente de crianças e adolescentes. Utilizada também como lazer, na hora do bate papo ou dos joguinhos, agora ela também tem sido trazida para o entorno da educação. O objetivo é fazer com que o conteúdo a ser repassado se torne atrativo e próximo do cotidiano dos alunos, mostrando que a tecnologia também pode ser utilizada na hora de ensinar as disciplinas. Outra forma de utilização é nas aulas de ensino a distância, que a cada dia tem conquistado mais destaque.
Para o professor de informática da Universidade de Passo Fundo, Adriano Canabarro Teixeira, hoje ainda há uma boa dose de subjetividade na avaliação da forma como as instituições de ensino, ainda baseadas em uma lógica de distribuição de informações e de comunicação unidirecional, onde o professor fala e o aluno escuta, utilizam os recursos tecnológicos. É preciso que se reconheça hoje, que o que está em jogo é mais do que a simples utilização dos equipamentos tecnológicos, mas como ela é feita e o potencial no ramo educacional. “O meu entendimento de apropriação social está no outro
extremo da relação educacional baseada na linearidade, na transmissão e na inflexibilidade do currículo. Essas características, em um curto espaço, levarão à derrocada das instituições de ensino no formato que conhecemos. A apropriação social tem a ver com uma utilização contextualizada, inusitada e criativa das tecnologias como base para processos de comunicação”, explica.
A internet é, sem sombra de dúvidas, a tecnologia mais utilizada nas escolas. Os governos tem investido e criado programas para que todos os alunos, de qualquer que seja a instituição, tenha acesso a internet, como o Projeto Um Computador por Aluno, Programa Nacional de Banda Larga e o Programa Nacional de Informática na Educação, o Proinfo. Já a questão do acesso passa a ocupar um papel coadjuvante neste processo e entra em campo a forma de utilização, ou a apropriação das tecnologias. “De qualquer forma, é possível apontar que, ainda, os jogos educacionais, na web ou não, são os campeões de audiência em nossas escolas”, destaca o professor.
Utilização da tecnologia
Para que na prática isso funcione, o professor ressalta que é fundamental observar a dinâmica da utilização dos aparelhos pelos alunos. Isso deve ser feito de forma criativa, contextualizada e dentro de uma demanda específica. É importante também que os educadores canalizem a energia não só para dominar a tecnologia, mas também compreender para que ela serve e deixar que os alunos os ajudem. “O que se vê geralmente é a proibição de tudo aquilo que dá esta dinâmica reticular às tecnologias e que poderia ser um elemento fundamental de aprendizagem. Não é raro observar que em laboratórios escolares os primeiro recursos que são vedados são exatamente os que tem a ver com comunicação e interação, como, por exemplo, MSN, FaceBook, Orkut”.
Entretanto, o giz e o quadro negro não são descartados. O resultado, no final das contas, é o mesmo em qualidade, mas com enfoques diferentes. Antes era necessário decorar datas, nomes e números. Informações que atualmente podem ser encontradas em qualquer lugar. A educaçao hoje é da cibercultura, onde se valorize e se preocupa em aprimorar o aluno em habilidades para localizar, selecionar, contextualizar e refletir sobre um determinado assunto.
Cuidados
As instruções passadas devem ser trabalhadas o melhor possível, caso contrário, o resultado desejado pode ser inverso. Caso o aluno tenha problemas ou uma possibilidade limitada na utilizada, isso pode causar desmotivação, falta de atenção e até mesmo déficit de aprendizagem. “Penso que a dinâmica de utilização das tecnologias por parte dos alunos fora da escola, deveria ser incorporada ao cotidiano escolar”, finaliza.
A Prática
O Colégio Marista Conceição já utiliza tecnologias avançadas adequadas ao ensino há algum tempo. A iniciativa aconteceu através de um Projeto Pedagógico diferenciado no estado na Rede Marista. A inovação começou com o eBeam Interactive, um receptor portátil que transforma qualquer quadro branco em área digital de trabalho. Em 2009, as novas lousas interativas HetchBoard, foram instaladas. Esse novo modelo é a primeira lousa interativa sensível ao toque do dedo fabricada no Brasil. Hoje, as turmas do 2º e 3º anos do Ensino Médio usufruem da ferramenta em sala de aula. São seis lousas interativas, no total, quatro específicas para uso pedagógico, e duas para uso geral.
Segundo a direção do Colégio, as ferramentas proporcionam aos alunos uma maior profundidade na abordagem dos conteúdos aplicados, através de aulas que deixam o tradicional quadro negro e giz de lado, o que as tornam menos maçantes e mais interativas. Os softwares de simulação de Ciências, Matemática ou um aplicativo em multimídia para Geografia, por exemplo, tornam-se muito mais dinâmicos com o uso da lousa interativa. “As regras da disciplina são muito mais aproveitadas quando se tem disponível esse tipo de ferramenta”, conta a professora de Matemática, Graziele Porciuncula, que é um das professoras que mais utilizam a lousa. Para que o uso seja realizado adequadamente, a escola disponibiliza uma vez por semana treinamento especializado, durante o tempo que for necessário para que os educadores possam utilizar a tecnologia adequadamente.