Fernanda Bruni/ON
Lideranças comunitárias promoveram na tarde de ontem, em frente a Prefeitura Municipal de Passo Fundo, um manifestação requerendo a execução de obras nos bairros que estão inseridas dentro do Orçamento Participativo. Desde 2007 as demandas foram apontadas pelas comunidades, porém, menos da metade foi construída. O prefeito Airton Dipp (PDT) recebeu as lideranças e se comprometeu em cumprir 100% das obras até junho de 2012.
Na oportunidade o prefeito justificou que dentro do orçamento cidadão há 68 demandas atrasadas, 52 concluídas e três em fase de conclusão. “É uma implantação nova no município e tivemos dificuldades, como todos aqui sabem. É inegável e a administração municipal nunca fugiu dessa situação. O atraso das obras aconteceu pelas dificuldades que tivemos nesses anos de executarmos o nosso orçamento previsto para o município. Reduzimos alguns gastos de investimentos e os gastos operacionais. Outra questão é pelo fato de o orçamento cidadão ser uma questão nova sendo que muitas dessas 55 demandas concluídas extrapolaram, e muito, o valor acordado de R$ 35 mil. Acrescenta-se a isso algumas demandas que não estavam previstas no orçamento e que foram feitas em alguns bairros. Se nós fizéssemos tão somente o orçamento cidadão, teríamos cumprido com ele”, disse.
O valor total das obras a serem construídas chega a R$ 4,8 milhões. “O que eu proponho para o futuro é que nós vamos cumprir 100% do orçamento cidadão, mas vamos suspender qualquer tipo de novas reuniões para novas demandas. Faremos a conclusão das obras nos próximos três semestres, com a conclusão final em junho de 2012. Assim vocês também poderão pensar para o futuro se valeu a pena fazer desta forma. Se valer, ao menos estamos zerados e podemos pensar em novas obras. Também vou ser muito rígido. Bairro vai ser o orçamento cidadão e, se houver alguma necessidade urgente, nós vamos analisar”, apontou.
A partir de agora, o secretário do Gabinete do Prefeito, Giovane Corralo (PDT), se responsabilizará por fazer reuniões sistemáticas para elaborar um cronograma de execução para esses semestres que deverá ser entregue no próximo dia 26 às lideranças. “Temos que cuidar para não extrapolar porque não vou ter recursos extras. Depois lá para frente vocês poderão estudar esse formato porque o futuro do orçamento é muito mais da comunidade do que nosso”, comentou Dipp.
O presidente da União das Associações de Moradores de Passo Fundo (Uampaf), Antônio dos Santos, destacou que esse comprometimento do prefeito em concluir 100% das obras é muito bom que não tinham esse apontamento antes. “Nós sempre convivemos com a incerteza de que a obra sairia ou não. Agora nós temos uma posição do Executivo. É uma proposta boa, não faremos outras votações até junho do ano que vem e depois as lideranças comunitárias vão decidir se continua esse molde. Vamos aguardar as próximas reuniões”, destacou.
Dipp comentou ao final da reunião que o orçamento cidadão é um processo democrático e necessário. Segundo ele, serão excluídas as demandas extra orçamento para poder cumpri-lo na integralidade. Para ele, não houve nenhuma surpresa nas reclamações feitas pelas lideranças comunitárias. “É claro que não foi só o orçamento cidadão que se discutiu nessa reunião. Muitos presidentes de bairro aproveitaram para reclamar situações específicas do bairro que a prefeitura não conseguiu dar uma resposta positiva. Mas, muitos aproveitaram para reclamar de uma determinada situação que está ocorrendo no bairro esquecendo dos outros investimentos que foram feitos. Um exemplo é o maior investimento que foi feito no Parque Farroupilha foi uma belíssima escola que nos custou R$ 1, 2 milhão. E o que ele fez foi reclamar de um buraco que tem em frente a casa dele”, destacou.
Manifestação
Durante a manifestação, muitas pessoas gritavam palavras de ordem e empunhavam faixas com suas reivindicações. O presidente do Bairro Bom Jesus, Júlio Gonçalves, reclamou que o orçamento cidadão está com as demandas atrasadas, os postos de saúde familiar, as creches, a habitação popular estão sem projeto para serem desenvolvidos para a população de baixa renda. “O poder público não respeitou as demandas solicitadas pela comunidade. Nós queremos discutir a pauta na íntegra. Nossa expectativa é que o Executivo cumpra a lei e que execute as obras que estão esperando por isso”, pontuou.
Para João Batista da Rosa, presidente do Parque Farroupilha, a sua luta acontece há mais de dez anos por patrolamento, empedramento, asfalto, mais segurança. “Dizem que têm verbas para serem liberadas só que não liberam. A comunidade votou nas prioridades, só que a gente vota e eles fazem outras coisas. A melhor solução que encontramos foi organizar a comunidade e vir até aqui reivindicar. Nós cansamos. O Parque Farroupilha tem ruas que não se anda nem de carroça mais. Nós também pagamos impostos e temos direito. Enquanto eles vivem bem, nós vivemos no barro”, declarou.