?EURoeTenho vontade de chorar toda vez que vejo as imagens do Japão?EUR?

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Natália Fávero

A professora de japonês que mora em Passo Fundo, Megumi Sato Tanabe está muito sentida com a situação vivida pelos seus descendentes no Japão. O terremoto de magnitude 8,9 que atingiu o Japão há oito dias gerando um tsunami sem proporções gigante, deixa até o momento um rastro de 6,5 mil mortos e mais de 10 mil desaparecidos. Os três irmãos, dois sobrinhos e a mãe de Megumi moram há cerca de 300 Km de Sendai, uma das províncias mais atingidas pelo desastre natural. Os familiares da professora não foram afetados pelo tsunami, mas sentiram os fortes tremores considerado o terremoto de maior magnitude da história do Japão.

O terremoto ocorreu às 14h46, no nordeste do Japão. O tsunami gerado pelo fenômeno devastou cidades arrastando carros, prédios, casas e até navios. Uma usina nuclear atingida colocou em alerta o povo japonês. O balanço apresentado pelo governo mostra que o número de mortes já supera o tremor de Kobe (oeste do Japão) em 1995, que deixou 6.434 vítimas.

Esse cenário preocupa Megumi que teme pela saúde dos familiares que estão próximos dos locais mais atingidos e também sofrem com o racionamento de alimentos, água, luz e querosene, muito utilizado para aquecer as casas no inverno. Atualmente, apenas o pai dela mora no país.

Megumi lamenta que o seu povo esteja passando por uma situação tão triste. “Foi o terremoto mais forte do Japão. Cada vez que eu vejo aquelas imagens dá vontade de chorar. Fico pensando nas pessoas que perderam a vida”, lamentou.

A notícia do terremoto

Megumi ficou sabendo do terremoto, na manhã do dia 12 de março. Ela acordou cedo e foi dar aula para os alunos da Escola Tiradentes. Até então, ela não sabia do desastre no Japão. Um dos alunos comentou na aula sobre o terremoto. “Comecei ficar ansiosa. Dei a aula e quando cheguei em casa o meu marido falou que os jornais não paravam de dar informações. À noite, liguei para a minha irmã. Fiquei muito preocupada”, relatou Megumi.

O marido dela também é descendente de japoneses e tem muitos familiares no Japão, mas nenhum mora nas cidades atingidas.

A irmã de Megumi, Nana Kaibara, que mora na província de Kanagawa e trabalha em uma empresa de importação, informou que todos estavam bem, mas que haviam passado momentos difíceis. “Um dos meus irmãos ficou preso no trânsito na hora do terremoto. A minha sobrinha, de 9 anos, estava na escola no momento dos tremores. Eles foram correndo para o abrigo. Tinha algumas crianças que gritavam e a minha sobrinha falava não adianta gritar, precisamos ter calma e esperar passar”, contou.

 

Preocupação

Uma das preocupações maiores é com a mãe dela. Segundo Megumi, a mãe fica mais tempo em casa e com a falta de aquecimento pode ficar doente. As pessoas também estão sendo orientadas a ficar dentro de casa devido ao risco de contaminação. “Eu gostaria que a minha família voltasse para o Brasil. Vou pedir que a minha irmã mande pra cá os meus dois sobrinhos e a minha mãe, pelo menos até que passe esse período”, disse a descendente de japoneses.

 

Pessoas recebem treinamento

A atitude da sobrinha de Megumi mostra o quanto o Japão é preparado para enfrentar os terremotos. O treinamento é feito nas escolas, nas empresas e com os moradores. As capacitações são feitas desde a infância. Eles ensinam as pessoas a procurar os lugares mais seguros. “Nas vezes que eu fui para o Japão também recebi treinamento. Devemos ficar em locais que não ofereçam risco de desabamento ou que nos protejam, como em baixo de mesas ou ficar perto dos pilares”, explicou a professora.

Ela contou que o Japão é um país que sempre tem terremoto de pequenas proporções. As construções estão preparadas para suportar esse fenômeno. “Se acontecesse aqui no Brasil não sobraria nenhum prédio porque”, contou.

 

Megumi acredita na recuperação do Japão

O governo japonês é considerado muito eficiente e está recebendo o auxílio de outras grandes potências como China e Estados Unidos. A professora acredita que o país vai superar esse episódio. “É um país que eu amo e tenho muita gratidão a ele. Minha família e os meus parentes vieram de lá. Devo muito a eles”, disse ela.

A comunicação

Megumi costuma se comunicar com a família, principalmente através de e-mails, porque o fuso horário dos países é diferente, mas em alguns casos, o telefone é o meio mais rápido de comunicação. O MSN também não é muito utilizado devido ao pouco tempo disponível da professora, que além de professora de japonês, dá aulas de inglês, cultura e culinária japonesa e aulas de origami.

A descendência

Megumi Sato Tanabe é nascida no Brasil, mas com pais japoneses. A trajetória da família em busca de um lugar ao sol no Brasil não os fez esquecer de suas culturas e tradições. Os pais chegaram de navio, depois de uma viagem de 45 dias. O casal veio pelo Panamá, alimentando o sonho de conseguir terra, riqueza e todas aquelas expectativas dos imigrantes. A chegada foi em 1961, na cidade de São Leopoldo. Depois seguiram pelos municípios de Gravataí, Cruz Alta e Guaíba, até que chegaram a Viamão em uma colônia japonesa. O casal teve quatro filhos. A mãe e os três irmãos dela foram morar no Japão há alguns anos. O pai continuou no Brasil. O marido da professora de japonês também é descendente. Ele é proprietário de um sítio em Mato Castelhano. Megumi já visitou o país três vezes, a última foi em 2006 para fazer um curso de aperfeiçoamento para professores de língua japonesa. Ela é mãe de Léo que tem quatro anos.

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