Glenda Mendes
Brigas em ambiente escolar, entre vizinhos e entre casais são a principal demanda com a qual o Núcleo de Mediação Comunitária, que está sendo instalado nos bairros Zacchia e Valinhos, vai trabalhar. O objetivo é resolver estes conflitos diretamente na comunidade, sem que estas questões precisem ser encaminhadas ao Judiciário.
A ideia, segundo o professor e cientista político, Mauro Gaglietti, coordenador do projeto Justiça Comunitária, é capacitar 40 líderes para que se transformem em mediadores. “Todos estes conflitos, como brigas entre colegas, desentendimentos entre vizinhos, disputa de guarda dos filhos ou problemas de pagamento de pensão acabam parando no Judiciário. Com a ação dos mediadores, o objetivo é que se resolvam e sejam encaminhados dentro da própria comunidade”, explica Gaglietti.
O projeto vai acontecer numa parceria entre a Imed, Poder Judiciário, Ministério Público, Ministério da Justiça, Polícia Militar e secretarias municipais. O primeiro momento será de sensibilização. “Através da atuação das escolas de Direito e Psicologia o projeto será explicado aos moradores desses bairros, como forma de envolvê-los e incentivá-los a participar”, salienta. A seleção dos mediadores será realizada com apoio da Escola Municipal Guaracy Barroso Marinho, da Uampaf e das Associações de Moradores dos bairros Zacchia e Valinhos.
Depois disso, entre os meses de maio e junho, acontece a capacitação, que está sob responsabilidade do Ministério da Justiça. De acordo com Gaglietti, a preparação dos mediadores contará com o apoio de especialistas internacionais que estão assessorando o Ministério da Justiça a desenvolver projetos desta natureza em todo o país.
Além disso, entra também a atuação das secretarias municipais que, através do Pronasci, desenvolverão suas atividades, tais como assistência social ou em saúde, por exemplo. “Acredito que pela primeira vez vamos congregar todas as secretarias municipais, através da Secretaria de Segurança, para auxiliar neste trabalho”, salienta Gaglietti.
Ação dos mediadores
Depois de capacitados, os mediadores farão a intermediação entre os dois lados em conflito. Se o caso for uma briga entre colegas, o papel deles será de aproximar alunos que não se conversam por um conflito no passado, por exemplo, para a situação não seja resolvida mais tarde de forma trágica, com uso de armas ou situações de vingança. O mesmo deve acontecer em caso de brigas de casais, quando os mediadores poderão auxiliar as duas partes a resolver a situação.
Lançamento
Segundo ele, a iniciativa visa implantar o Primeiro Núcleo de Mediação Comunitária em Passo Fundo, com a instalação da Casa da Mediação Comunitária. O projeto será lançado e apresentado à comunidade na próxima quinta-feira, dia 24 de março, a partir das 18h na Escola Municipal Guaracy Barroso Marinho, situada no bairro Zacchia.
Novo olhar
Resolução de conflitos antes que precisem resultar em disputas judiciais é um dos novos paradigmas do Direito. De acordo com Gaglietti, há cerca de dois anos o Brasil tem dado atenção e este novo olhar para as questões. “Países como os Estados Unidos, Canadá e Argentina já estão desenvolvendo projetos assim. E o Brasil agora está voltando o olhar para a resolução de conflitos”, destaca.
Na administração municipal, o projeto conta com atenção especial da Secretaria Municipal de Segurança, que é a pasta responsável pelos projetos que serão desenvolvidos pelo Pronasci, como é o caso do Núcleo de Justiça Comunitária.
Mais informações sobre o projeto podem se acessadas no blog http://justicacomunitariapf.blogspot.
