Justiça começa a ouvir réus da Operação Giguaçu

Traficante Nei Machado será ouvido por sistema de videoconferência, utilizado para garantir segurança na audiência

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Gerson Lopes

    A Justiça Federal de Passo Fundo começou a ouvir ontem, o depoimento de testemunhas e dos 19 réus envolvidos na operação Giguaçu, deflagrada pela Polícia Federal, em agosto do ano passado, para desarticular um esquema de tráfico internacional de drogas, que vinha sendo comandado, segundo as investigações, de dentro da Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas, pelo passo-fundense Ney Machado, o Pitoco. Pela primeira vez, o órgão utiliza o sistema de viodeoconferência para auxiliar nos trabalhos.
 
Sob um forte esquema de segurança, realizado por aproximadamente 30 homens do Batalhão de Operações Especiais – BOE – da Brigada Militar e agentes de segurança da Justiça Federal, o juiz substituto da Vara Federal Criminal, José Luis Luvizetto Terra, deu início aos trabalhos Em razão do número de envolvidos no processo, a audiência deverá se estender até a próxima sexta-feira.
    
Além dos réus, a justiça vai ouvir 13 testemunhas de acusação e 27 de defesa. Pelo menos 12 advogados acompanham os trabalhos. No primeiro dia de audiência estavam presentes 17 acusados de envolvimento no esquema, sendo que 10 deles permanecem presos. Nei Machado e outro réu, da região metropolitana,  recolhidos na Penitenciária Federal de Catanduvas, no Paraná, acompanham os depoimentos através de uma videoconferência.     O sistema está sendo utilizado pela primeira vez em parceria com o Departamento Penitenciário do Ministério da Justiça, por medidas de segurança.

A justiça deve seguir hoje ouvindo as testemunhas de acusação. Na quarta e quinta-feira será a vez das testemunhas de defesa, sem a presença dos réus, que devem se manifestar somente na sexta-feira. O grupo responde pelos crimes de tráfico internacional e associação para o tráfico de drogas.
      
Operação

Denominada de Giguaçu – Grande Machado, em tupi-guarani – a operação realizada pela Polícia Federal, em 3 de agosto do ano passado, foi resultado de pelo menos 10 meses de investigações sobre um esquema montado para trazer cocaína e maconha do Paraguai e distribuir no Rio Grande do Sul. Na época, a Polícia Federal apurou que o esquema vinha sendo comandado de dentro da Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas – Pasc – pelo traficante Ney Machado. Segundo a Polícia Federal, o grupo era responsável pelo abastecimento de pelo menos três quilos de cocaína por semana, nas cidades de Passo Fundo e Erechim.

Ao todo, foram cumpridos 11 mandados de busca e apreensão e realizadas oito prisões no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Na região, as prisões preventivas ocorreram em Passo Fundo, Carazinho e Erechim. Ney Machado e outro acusado, receberam voz de prisão dentro da própria Pasc, onde cumprem pena por outro crime. Durante a operação, os policiais apreenderam documentos, celulares, veículos e armas.
     
A trajetória de Nei Machado
          
      De ex-patrão de CTG em Passo Fundo, Nei Machado chegou a ser apontado pela Polícia Federal como um dos maiores traficantes do Rio Grande do Sul. Preso em 2001, na Colômbia, em território controlado pelas Farc, Pitoco como era conhecido nos círculos de amizade, foi extraditado para o Brasil em 2005 e recolhido na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas. Em maio do ano passado, ele chegou a ser solto  ao cumprir uma pena de 10 anos e sete meses, mas a liberdade durou apenas quatro dias. A justiça corrigiu a falha e constatou que ele tinha uma condenação de mais 14 anos, em outro processo. Diante disso, retornou para a prisão.

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