Leonardo Andreoli/ON
O professor acusado de agredir uma aluna da Escola Estadual Anna Luiza Ferrão Teixeira foi afastado do trabalho. A medida foi proposta pela 7ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE) como forma de proteger o educador. O órgão do governo estadual deverá ainda abrir uma sindicância para apurar os fatos. As medidas são questionadas pelo sindicato da categoria, o CPERS.
A coordenadora da CRE, professora Marlene Silvestrin, explica que o afastamento não é uma medida punitiva ao professor, mas sim de proteção. Uma sindicância vai ser aberta na escola para apurar os fatos e encontrar uma forma de se reconstituir o vínculo. Conforme a professora nenhuma ação será feita debaixo do tapete. A comunidade escolar deverá participar da elaboração de um conjunto de normas de conduta que deverá ser adotado pela instituição. Sem julgar a aluna ou o professor, a coordenadora enfatiza que hoje existe a necessidade da retomada da autoridade – seja ela na família ou na escola – para poder orientar os jovens. Ela enfatiza que isso não se faz com castigos longos nem com violência, mas com diálogo e a discussão das falhas em casa.
Estresse
O estresse é um grande responsável pelos laudos apresentados pelos professores na rede estadual. Marlene destaca que neste ano ainda não foi realizado um levantamento de quantos professores estão de atestado, no entanto ela pontua que os pedidos já começaram a chegar. Na opinião da diretora do sétimo núcleo do CPERS Sindicato de Passo Fundo, Teresinha da Silva, o estresse e o caso são reflexos da precarização da educação pública e da não valorização profissional dos educadores. “Logicamente que esse caso não é isolado. É a realidade de outras escolas da cidade e do Estado”, lamenta.
Para a diretora do CPERS o afastamento não vai resolver o problema. Ela argumenta que trabalha com o professor acusado em outra escola e ele sempre mostrou comprometimento com a educação. Para ela há a necessidade de investimento em pessoal para evitar situações como essa. Sobre a sindicância que será aberta ela questiona se ela será realizada para punir o professor e a direção ou para corrigir os problemas enfrentados por aquela comunidade escolar. Segundo Terezinha hoje há uma sobrecarga de trabalho aos educadores e uma falta de estrutura física para atender adequadamente a demanda da educação.
Levantamento
A diretora do CPERS citou ainda um levantamento feito na escola, anterior ao fato da agressão, no qual foi apontada a falta de supervisor escolar, três orientadores escolares, um coordenador para a tarde, dois professores de física, um de matemática, além de merendeira e alguém para atender o laboratório de informática.
Nota de esclarecimento
A direção da escola encaminhou aos meios de comunicação uma nota oficial de esclarecimento e agradecimento sobre o caso. O comunicado esclarece que a instituição não apoia qualquer ato agressivo, seja de parte de alunos, pais, funcionários ou professores. Diz ainda que está se tornando cada vez mais comum situações em que alunos, não respeitam a autoridade do professor e chegam a constranger moralmente os educadores. “A situação em que nos encontramos é grave e a escola sozinha não tem condições de enfrentar e resolver este problema; há um sucateamento na educação”, diz o comunicado. A nota enfatiza ainda a necessidade de apoio de todos os que direta ou indiretamente estão envolvidos na educação escolar. E reitera o papel dos pais e órgãos responsáveis pelas crianças e adolescentes, para que seja possível alcançar os objetivos educacionais.