Estudantes, professores, profissionais e especialistas em recursos hídricos debateram durante quatro dias o uso eficiente da água. O IV Simpósio Nacional sobre o uso da Água na Agricultura e o I Simpósio Estadual sobre os usos múltiplos da Água que iniciou no dia 11 de abril e encerrou nesta quinta-feira reuniu cerca de duas mil pessoas e 26 palestrantes. O evento foi uma oportunidade para os setores usuários da água conhecerem o cenário atual dos recursos hídricos e discutir a necessidade de redução de perdas e desperdícios, minimização de impactos e tecnologias para o uso eficiente.
Entre os assuntos presentes estiveram a gestão dos recursos hídricos no Rio Grande do Sul, onde a Secretária Estadual do Meio Ambiente, Jussara Cony, salientou a dificuldade atual de estruturar o Departamento de Recursos Hídricos (DRH), mas garantiu que concursos públicos deverão sair em breve. Também foi abordada a questão do uso da água pelo setor agrícola, que é o maior usuário representando 84% dos usos consuntivos. Especialistas também apresentaram maneiras eficientes de fazer a captação e reservação da água, que ainda esbarram em questões legais, de segurança e nos problemas técnicos. O último debate do Simpósio foi sobre as modificações climáticas.
Segundo o coordenador do evento, Claud Goellner ainda falta muita coisa a ser feito em termos de melhoria de eficiência. A má utilização pelo setor da agricultura afeta todos os demais usuários. “Observamos que aqueles problemas comuns resistem demonstrando que existe falta de conscientização e de percepção por parte dos produtores em relação a adesão de tecnologias e processos que promovem a eficiência do uso da água”, disse Goellner.
Setores terão que se adaptar às Modificações Climáticas
O tema sobre modificações climáticas encerrou as atividades do Simpósio. Especialistas abordaram os impactos na agricultura e os desafios em termos de adaptações ao clima. Ao mesmo tempo, foram apresentados tecnologias para manter a demanda da água, da produção de alimentos e da população. O aquecimento global impacta principalmente no aumento do consumo de água das plantas e na evaporação dos reservatórios causando uma maior escassez desse recurso e um grande risco para as produções agrícolas.
Segundo o professor do Departamento de Ciências Exatas, da Escola Superior de Agricultura da USP (ESALQ/USP), Paulo César Sentelhas, a grande preocupação no setor agrícola é conseguir adaptar as culturas e buscar novas tecnologias para manter ou elevar a produção de alimentos para atender a demanda crescente. As regiões mais suscetíveis as modificações climáticas são as regiões nordeste e centro-este do país onde a escassez de água já e grande e o impacto será ainda mais conflitante. Nas demais regiões as modificações serão igualmente importantes, porque terá que haver adaptações e mudanças nos sistemas de produção de alimento e no abastecimento de água para a nova realidade.
Sentelhas enfatizou que as mudanças climáticas estão acontecendo desde a Revolução Industrial, através da alteração química da atmosfera (efeito estufa) aumentando a concentração dos gases. “Obviamente que uma série de ações estão sendo tomadas para minimizar a emissão dos gases efeitos estufa, mas é impossível revertermos esse quadro a curto prazo”, afirmou o especialista.
Novas adaptações:
- Procurar um sistema de cultivo que contribua para a redução do consumo de água;
- Plantio direto;
- Desenvolvimento de materiais genéticos por empresas privadas e universidades;
- Evitar a semeadura em épocas em que a chance de ter déficit seja maior;
- Irrigações com déficit