Fernanda Bruni/ON
Uma vistoria feita na tarde de quinta-feira pela Comissão de Educação e Bem Estar Social (Cebes) e pela Secretaria de Planejamento (Seplan) apontou que as obras da Escola de Ensino Fundamental Frederico Ferri, que eram para ser entregues no último dia 14, não estão prontas. O relatório feito pela Seplan aponta várias falhas como péssima qualidade de acabamento, limpeza, e mão de obra. A empresa responsável pela obra é a Pedro Fão Engenharia Ltda.
O presidente da Cebes, vereador Juliano Roso (PC do B) que também visitou a escola na última quinta-feira, disse que é absurdo o que viu por lá. “As goteiras são absurdas, tem problema de acabamento por toda a escola, tudo muito mal feito, pintura, limpeza. As obras não estão prontas e provavelmente não vão ficar até o final do mês. A Cebes vai pedir que essa empresa não participe de mais nenhuma licitação na cidade”, declarou.
Para a Secretária de Educação de Passo Fundo, Vera Vieira (PDT), o que é certo é que se a empresa não entregar a obra como deve ser, não será feito o pagamento que ela teria direito no valor de R$ 39 mil. “A empresa só vai receber esse valor restante quando a obra estiver concluída, de acordo com tudo o que foi especificado no projeto e com o aval dos nossos engenheiros”, disse.
Escola
A diretora da escola, Rosecler Rosso Atolini, falou que a principal angústia é que desde maio do ano passado estão trabalhando na escola dividindo espaço com barulho, com pedreiro, com sujeira, sem recreio. “O prazo de essa obra ser entregue era final de outubro de 2010 só que isso não aconteceu. Foi prorrogado para 29 de janeiro deste ano. Nós estávamos com uma boa expectativa afinal janeiro ainda seria férias e poderíamos deixar a escola toda pronta para o começo do ano letivo em 21 de fevereiro. Só que um novo prazo foi solicitado para 31 de março e nada. Depois foi para 14 de abril e até agora nem justificativa temos. Por conta dessas prorrogações não conseguimos colocar toda a escola em andamento, a sala de vídeo não está funcionando porque está cheia de coisas amontoadas lá dentro, por exemplo”, desabafou.
A diretora disse que somente nesta quinta-feira é que começaram a dar recreio aos alunos mesmo com o pátio sujo. “Nós ficamos junto para tomar conta das crianças porque ainda tem enxada, pá, martelo, cola, tinta, enfim, material perigoso usado na obra. As aulas estão sendo dadas, mas há muito desgaste de alunos e professores principalmente por causa do barulho. Outro dia, durante a aula, eles estavam tirando todo o piso e contra piso do andar de cima e as crianças estudando nas salas de baixo. Foi muito complicado”, argumentou.
Na última quinta-feira, que deu uma chuva forte na cidade, a escola ficou alagada. “Tivemos que espalhar baldes por todos os cantos e eles não conseguem descobrir por onde entra a água. Já arrumaram as calhas uma outra vez quando entrou água, só que a chuva não era tão forte e ficou tudo bem. Mas, se cada vez que der uma chuva torrencial acontecer isso, não sei onde vamos parar”, comentou Rosecler.
Há muita reclamação dos alunos principalmente por não haver recreio, por conta do barulho. “Os pais já vieram reclamar e com razão porque, na verdade, a qualidade das aulas está sendo prejudicada. Estamos dando aula, mas a muito custo”, disse a diretora.
Outra falha da obra é que os quadros negros feitos para as salas de aula do andar de cima não passam pela escada de acesso. Então, será feita troca dos quadros do andar de baixo que são menores. “É muita coisa inacabada, outras estão acabadas, mas com problema, e estamos bem preocupados. Nós não esperávamos que essa obra tão esperada pudesse dar tantos problemas. Não acredito que por ser dinheiro público, para uma escola pública, tenha que ser assim. Como cidadã me sinto na obrigação de falar sobre esse problema porque, afinal de contas, é o nosso dinheiro que está sendo empregado aqui”, apontou Rosecler.
Sobre as turmas de alunos que estavam tendo aulas na igreja, ela afirmou que já voltaram para a escola porque uma sala ficou pronta.