Redução de 30% na produção de pinhão

A colheita e comercialização do pinhão foram autorizadas a partir de sexta-feira (15/05). Na região, a perspectiva de redução poderá dobrar o preço do quilo da semente

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Natália Fávero/ON

O pinhão que teve uma boa produção nos últimos dois anos deverá ter uma redução de cerca de 30% em 2011, na região que abrange Passo Fundo, Lagoa Vermelha, Caseiros e Muliterno. Segundo a Emater, vários fatores podem ter influenciado para essa diminuição, mas o maior deles pode ter sido justamente a grande produção dos últimos anos. Neste ano, o quilo do pinhão poderá custar entre R$ 4,00 e R$ 5,00, mais que o dobro do ano passado.

Segundo o engenheiro agrônomo da Emater/RS e Coordenador Técnico do Programa Florestal RS, Ilvandro Barreto de Melo, as últimas duas safras de pinhão foram muito boas e por isso, nesse ano, as araucárias da região, estão numa espécie de “descanso”. A cada dois anos as araucárias reduzem a produção durante um ano. “A araucária precisa se recompor para na próxima safra produzir bastante. Também é uma espécie de defesa da árvore para evitar pragas”, explicou o engenheiro agrônomo.

Outros fatores também influenciam na redução. Melo informou que a floração da Araucária feminina acontece no ano todo, mas as plantas masculinas só florescem entre agosto e janeiro. Por isso, o clima pode ser uma das razões. O vento em excesso pode dificultar que o pólen da árvore masculina se fecunde na pinha da araucária feminina. A estiagem e a chuva em abundância também estão entre os fatores de redução. A parte nutricional afetada está entre os principais elementos.  “Como a produção é durante dois anos seguidos, a árvore fica suscetível aos fenômenos da natureza e pragas pelo período ser muito longo. O intervalo de descanso é muito importante para evitar pragas que podem atacar a semente, os estróbilos masculinos e femininos e provocarem perdas de até 70%”, disse Melo.

Colheita e venda iniciaram na sexta

A portaria que regulamenta a comercialização do produto estabelece a proibição da coleta e venda até a data de 14/04. Além disso, o decreto 6514/2008 que regulamenta a Leis dos Crimes Ambientais estabelece, em seu artigo 47, que a exploração de subprodutos de origem florestal (coleta, depósito e venda) sem autorização do órgão ambiental competente, é infração ambiental.

O pinhão amadurece cai no solo e germina para dar origem a novas árvores.  O amadurecimento também proporciona a alimentação para a fauna. A lei foi criada para preservar essas etapas evitando que os coletores tirem as pinhas verdes.
Segundo o engenheiro da Emater, é necessário que o Rio Grande do Sul reveja a legislação e antecipe essa data de colheita, porque muitos agrupamentos de araucárias produzem os pinhões mais cedo e as famílias que sobrevivem apenas dessa atividade estão sendo prejudicadas. Santa Catarina já aprovou um projeto de Lei que antecipou a colheita para o dia 1º de abril.

Melo explicou que têm araucárias que produzem em março e abril e outras em agosto e setembro. Essa normativa foi criada na década de 70 com a intenção de deixar o pinhão amadurecer, mas depende de qual agrupamento as árvores estão inseridas. “As árvores que produzem antes estão sendo prejudicadas, porque algumas já estão prontas para colheita e quando entra a data permitida por lei, o pinhão já caiu e já maturou”, explicou o engenheiro agrônomo.
O pinhão é uma semente da araucária e leva um período de três meses para a produção.  Quando amadurecido ele cai e se deteriora rapidamente.  Até alternativas como armazenar na pinha também é difícil, porque se passar muito tempo ele entra em processo de germinação e a aumenta a incidência de praga. O engenheiro agrônomo acredita que seria necessário alterar a data e fazer o monitoramento dos agrupamentos precoces e tardios para que os pinhões sejam colhidos no momento certo. A falta de uma estatística da produção de pinhão no RS é uma das grandes dificuldades.

Custo deverá aumentar
A redução poderá influenciar no preço. Há cerca de três anos, quando também houve uma queda na produção de pinhão o preço do quilo chegou a R$ 5,00. No ano passado, por exemplo, o custo variou entre R$ 1,50 e R$ 2,00. Neste ano, o valor deverá novamente a chegar a R$ 5,00. Melo disse que uma alternativa para uma elevação mais amena é a importação de outras regiões produtoras como a de Campos de Cima da Serra (região de São Francisco de Paula) e Botucaraí (região de Soledade e Fontoura Xavier).

200 quilos de pinhão apreendidos
Uma operação de fiscalização conjunta entre a Base Avançada do IBAMA em Passo Fundo e o 3º Batalhão Ambiental da Brigada Militar apreendeu na quinta-feira (14/04), 200 quilos de pinhão vendidos irregularmente em estabelecimentos comerciais no município de Fontoura Xavier. Segundo a chefe IBAMA/Passo Fundo, analista ambiental Ana Inglez, a fiscalização chegou ao produto através de denúncias e encontrou o pinhão comercializado irregularmente em cinco estabelecimentos comerciais.

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