Fazendo os próprios horários

Autônomos encontram vantagens em trabalhar sem ter uma rotina e com a oportunidade de realizar várias atividades ao mesmo tempo

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Daniella Faria/ON

O IBGE estima que em Passo Fundo haja cerca de 15 mil pessoas que realizam o trabalho autônomo ou por conta própria. Segundo o coordenador do IBGE, Jorge Bilhar, o número tem crescido a cada ano. “Isso acontece porque muitos trabalham nas empresas, se profissionalizam, depois saem e resolvem abrir o próprio negócio”, explica. As atividades mais comuns são: pedreiro, carpinteiro, eletricista e encanador. “Se deve ao crescimento habitacional, que hoje requer mais profissionais”, destaca.

A vantagem de não ser vinculado a uma empresa é não ter os horários fixos e poder realizar mais de um serviço por vez. Entretanto, o salário é instável. “Estamos percebendo que muitos também estão largando de ser autônomo e legalizando as empresas. Muitas vezes para realizar um trabalho público, por exemplo, é necessário nota fiscal e de prestação de serviço, o que acaba impedindo quem trabalha como pessoa física”, explica.

Técnico em equipamentos de segurança
Dênis Rodineli de Almeida, de 30 anos, é um dos exemplos de trabalhadores autônomos. Ele viu uma oportunidade de crescimento em um setor que está sendo cada dia mais requisitado: o de equipamentos eletrônicos de segurança. Sem a necessidade de seguir uma rotina, e fazendo um cronograma de atendimento, ele instala alarmes, cercas elétricas, porteiros eletrônicos e circuito fechado de câmeras de TV em casas e empresas.

Almeida conta que entrou nesse meio pelo auxilio do irmão. Há quatro anos ele perdeu uma filha, e o irmão o convidou para realizar alguns serviços. “Ele trabalha há 14 anos em uma empresa desse ramo e na época podia prestar serviços por fora. Tempos depois ele não conseguia mais, então, com o que aprendi, resolvi continuar o trabalho”, ressalta.

A renda no final do mês é vantajosa, podendo variar consideravelmente de um para o outro. A capacidade de montar os próprios horários, na sua área, pode ser uma vantagem, ou não. “Ás vezes sou requisitado nos finais de semana ou de imprevisto, mas levo tudo numa boa. Como meus alarmes são monitorados pelo celular do cliente, tenho a opção de poder ir mais tarde olhar o que aconteceu. Mas já aconteceu de eu estar num churrasco e ter que ir consertar alguma coisa”, fala. Outra vantagem, segundo ele, é não necessitar de um espaço para montar um escritório. Tudo que precisa é levado dentro da caminhonete e as peças são compradas de acordo com a demanda.

Mas como em todo meio, trabalhar sozinho não é fácil. Ainda mais nessa área, que requer confiança. “Ganho clientes por indicação de amigos, familiares e de outros clientes que já usufruem do meu trabalho. Não é fácil colocar uma pessoa estranha dentro da sua casa e sabendo onde são os pontos fracos de evasão”, destaca.

Mas já previa o coordenador do IBGE, Almeida planeja deixar a vida de autônomo e abrir uma empresa. “Minha ideia é daqui a algum tempo ter estrutura e colocar mais pessoas para trabalhar comigo. Com isso, acabo estruturando uma micro empresa”, finaliza.

Representante de vendas

Paulo Ricardo Frighetto, de 23 anos, é estudante de direito e também trabalha como autônomo na área de representação de vendas de óculos há oito meses. Ele comercializa os produtos diretamente com as ópticas e viaja pelo menos três vezes por semana.

Apesar da pouca idade, Frighetto diz que atualmente não trocaria seu trabalho por algo que fosse mais estável. Ele já trabalhou em outros dois locais com carteira assinada, e diz ter preferência por fazer seu próprio horário. “Consigo conciliar com a minha faculdade, e quando você está atrás de um balcão tem que cumprir aquele horário, mesmo que não esteja tão empenhado para aquilo”, diz.

Como Frighetto ainda mora com os pais, ele diz que a principal desvantagem do seu trabalho são as constantes viagens e a solidão. Acostumado a sempre ter alguém por perto, a maioria das vezes faz as refeições sozinho nos hotéis. “Sem falar que meu carro é minha casa. Carrego praticamente uma mudança para onde eu vou”, fala.

Com a flexibilidade dos horário, ele freqüenta as aulas nas segundas e sextas-feiras, pela parte da manhã e noite, sobrando tempo ainda para ajudar num projeto da Universidade, o Sajur, na tarde da segunda-feira. “Quando não tem atendimento no Sajur, aproveito para visitar as cidades próximas, onde eu consiga estar de volta durante a noite”, ressalta.

Outra adaptação que o representante teve que fazer foi a do salário. Como é autônomo, nem sempre o dinheiro do final do mês é o mesmo, variando de acordo com as vendas. “Sem falar que não tenho 13º e nem fundo de garantia. Mas isso não impede que eu faço uma previdência privada”, pondera.

Para o futuro, ele diz que quer exercer a profissão como fonte de renda, mas não descarta o trabalho autônomo como fonte de renda. “É um trabalho gostoso de fazer e hoje já tenho uma boa carta de cliente”, finaliza.

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