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José Eluyr Reschke tem 84 anos, é aposentado desde 1978 e nunca parou de trabalhar. Para ele o trabalho é uma forma de se manter vivo

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Fernanda Bruni/ON

Para quem se aposenta, muitas vezes significa o fim de um ciclo de vida. Para outros, representa prejuízo financeiro já que não vai mais trabalhar efetivamente e vai viver de uma renda mensal que nem sempre é a mais justa. Mas, para uma outra parcela de pessoas, a aposentadoria não é um fim e, sim, um recomeço. É um momento de conhecer o prazer que o trabalho pode proporcionar ao ser humano. As descobertas que somente a experiência da idade pode despertar.

 Há ainda aqueles que se dedicaram uma vida inteira a uma profissão e não é uma aposentadoria que os faz parar. Alguns abrem negócios próprios, outros voltam ao antigo emprego, outros assumem novos cargos. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), somente na Região do Planalto Médio são aproximadamente 20 mil idosos aposentados tanto na área urbana como na rural. Entre os servidores públicos municipais, o número de aposentados e pensionistas é de 646 pessoas. Já no INSS de Passo Fundo, que também abrange os municípios de David Canabarro, Ernestina, Sertão, Mato Castelhano, Coxilha, Ciríaco e Tapejara, são 49.600 aposentados e pensionistas que recebem benefício. Nesse total também estão contabilizados os benefícios por invalidez.

Um exemplo de aposentado que ainda exerce uma profissão ativamente, é Eluyr José Reschke, 84 anos, carinhosamente chamado de seu Reschke. Aposentado desde 1978, é contador, bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais, ex-vereador de Passo Fundo, foi candidato a vice-prefeito, trabalha na Câmara Municipal de Vereadores desde 1997, é membro da Academia de Ciências Contábeis do Rio Grande do Sul, foi patrão do CTG Lalau Miranda por três mandatos e muitas outras atividades que somente no currículo que ele forneceu ao O Nacional completam quatro páginas de texto corrido.

Na política, passou pelos partidos PL, Arena, PDS, PPR, PPB e desde 1983 é filiado ao PP. No movimento tradicionalista gaúcho assessorou diversas gestões da 7ª Região tradicionalista, e um dos seus maiores orgulhos é contar os seus feitos quando assumiu a patronagem do CTG Lalau Miranda, em 1978. “A entidade possuía apenas 150 sócios. Em 1986, como patrão conselheiro, nós já tínhamos 1.200 sócios patrimoniais e mais de 2.000 efetivos. Nessa época também foi quando compramos a atual área do CTG na Roselândia que tem 15 mil m² e fizemos a construção do novo galpão. Não deixamos nenhum centavo de dívida”, relembrou.

Sobre a aposentadoria, ele disse que esta é uma conquista do trabalhador, mas que existe sim uma tendência a se acomodar. “Mas, no decorrer do tempo, verificamos que podemos ser úteis à sociedade e devemos continuar prestando serviço de uma forma ou de outra. No meu caso, após me aposentar, iniciei minhas atividades como patrão do CTG Lalau Miranda. Nesse período verifiquei que o aposentado não pode parar. Se ele para, a velhice se acelera e em pouco tempo podemos nos sentir fora do contexto de vida. Eu entendo que o aposentado deve sim procurar alguma atividade, se não profissional, ao menos dentro da sociedade, dos partidos políticos e de outras entidades que julgarem as mais adequadas”, frisou.

Seu Reschke afirmou ainda que o trabalho é uma necessidade incontestável. “A pessoa que não trabalha, mesmo tendo posses, se ficar na ociosidade, perde a finalidade da sua vida. O trabalho é tudo na vida”, comentou.

Uma particularidade dele é que se aposentou com dez salários mínimos. Depois, com a constituição de 1988 e outras medidas governamentais, sua aposentadoria se restringiu a menos de três salários mínimos. “Com essa diferença tive uma necessidade premente em voltar a trabalhar. Felizmente encontrei atividades que me fizeram encontrar um meio para me manter e aumentar um pouco a renda. Mas, confesso que não era tanto a renda a minha preocupação e, sim, a necessidade de continuar trabalhando e sendo útil à sociedade”, finaliza seu Reschke.

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