Natália Fávero/ON
Desde o início do ano letivo, em fevereiro, alguns alunos do ensino médio do Loteamento José Alexandre Zacchia não estão frequentando a escola. O motivo seria a falta de vagas no primeiro ano do ensino médio do anexo da Escola Estadual Arco Verde que funciona na instituição municipal Guaracy Barroso Marinho, no Zacchia. Os adolescentes estariam matriculados em outras escolas estaduais da cidade, mas a dificuldade de se deslocar devido a falta de recursos financeiros para o ônibus fez com que alguns desistissem de estudar. O anexo seria irregular, mas ainda é a única alternativa até que o Estado construa uma escola para atender a demanda.
No anexo da Escola Arco Verde que funciona no Zacchia estão matriculados 48 alunos no primeiro ano do ensino médio, 30 no segundo ano e 07 no terceiro ano. O anexo foi criado há dez anos para evitar o deslocamento dos alunos para o centro da cidade, já que, o bairro é afastado e não possui escolas de ensino médio no local.
A mãe de uma aluna, Dagmar da Silva Nunes disse que a filha de 15 anos não conseguiu vaga no bairro e foi matriculada na sede da Escola Arco Verde, no bairro Petrópolis, mas frequentou apenas as primeiras aulas e parou de estudar. Ela alega que o marido está desempregado e a única fonte de renda é a dela no valor de um salário mínimo. “Eu não gostaria que ela tivesse fora da escola, mas não tenho condições de pagar quatro passagens diárias”, explicou a mãe.
Um sobrinho de Dagmar está nas mesmas condições que a filha dela. Os pais já teriam procurado a direção da escola e a 7ª Coordenadoria Regional de Educação (7ª CRE), mas não conseguiram a transferência. “Na inscrição feita pela Internet indiquei o anexo aqui no bairro, mas ela não conseguiu vaga. Procurei a direção e a coordenadoria, mas eles disseram que não tem como transferir mais alunos”, disse Dagmar.
Turma do Zacchia está lotada
A diretora da Escola Arco Verde, Marta Duro, explicou que todas as turmas do primeiro ano do ensino médio não comportam mais estudantes, salientando que a do Zacchia já possui 48 e a da sede da escola tem 42. “Não tenho como transferir. O espaço da sala não comporta mais alunos”, disse a diretora.
Marta também descartou a possibilidade de abrir novas turmas porque o anexo é irregular, uma vez que funciona em uma escola municipal. Também não há recursos humanos para atender uma nova turma. Além disso, o local não possui laboratórios e biblioteca voltados para o ensino médio. Segundo ela, a construção de uma escola no local seria ideal para atender a demanda.
A diretora também explicou que a falta de frequência de alguns alunos no anexo do Zacchia não abre de imediato uma vaga. Para retirar um estudante é preciso que ele tenha 30 faltas consecutivas ou 60 intercaladas. Também é enviada uma ficha (Ficai) para o Conselho Tutelar para verificar os motivos das faltas.
7ª CRE solicita construção de escola
Atualmente, o bairro Zacchia possui cerca de cinco mil habitantes. Para atender a demanda da comunidade, a coordenadora de Educação, Marlene Silvestrin afirma que a construção de uma escola de ensino médio no bairro será apontada no Plano Plurianual que determina as demandas do Governo nos quatro anos de gestão. Esse plano será votado no próximo sábado, às 9h, no Centro de Eventos da UPF.
Esse seria o único anexo na região da 7ª CRE. A coordenadora salientou que está ciente do problema e estão em busca da viabilização de um terreno e de recursos. Enquanto isso não se concretiza, Marlene disse que uma das possibilidades é fazer um acordo com o município que possui transporte escolar para realizar o deslocamento desses alunos. “O Estado não tem garantia de transporte e por isso podemos tentar um acordo com o município”, disse a coordenadora.