Projeto de reestruturação do Viveiro Municipal está parado

Avaliação da área de permuta ainda não foi realizada, mas arquiteta estima que proposta seja apresentada até o final do mês

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Daniella Faria/ON

Há mais de um ano sendo analisado, o projeto que prevê a reestruturação do Viveiro Municipal ainda não tem data para sair do papel. Um galpão de 300 m² com anfiteatro, banheiros, sala de aula e cozinha seria uma das obras realizadas para possibilitar mais atividades e conseguir aproveitar melhor o local, que hoje tem seu potencial pouco explorado.
O projeto para as obras e também para o cercamento da área, inclusive de um campo de futebol que fica ao lado do Viveiro seria feito em permuta com uma grande empresa da cidade. A área onde hoje fica localizado o Ecoponto seria cedida para a empresa e em troca ela investiria no Viveiro Municipal. O projeto se encontra na Secretaria de Planejamento, onde ainda está passando por uma reavaliação pela arquiteta responsável. “Ele está parado há algum tempo. Ainda é necessário um orçamento do pavilhão para que a permuta possa acontecer”, ressalta a arquiteta Cris Bilibio. Ela estima que até o final do próximo mês ele já seja liberado para análise da Procuradoria do Município e em seguida encaminhado para aprovação da Câmara de Vereadores.

 “A empresa nos fez a proposta e vem nos pressionando. Ela tem urgência para ocupar a área cedida pelo município e ampliar os empreendimentos.”, esclarece o secretário de Meio Ambiente, Clóvis Alves. A Secretaria também está ansiosa pelo investimento para poder trabalhar melhor a questão ambiental, principalmente nas escolas, e o local é estratégico para a questão.

Com mais de 50 anos de existência, atualmente o local tem sido utilizado somente para depósito mudas de plantas nativas para serem utilizados em projetos sócio-ambientais. “Hoje as mudas são mais destinadas a projetos e um pouco para a arborização urbana. Temos também as campanhas educativas, como a Pequeno Cidadão, juntamente com o Hospital São Vicente de Paulo, onde cada bebê que nasce ganha uma muda”, diz. São cerca de 40 mil mudas espalhadas que ficam cobertas pelas próprias árvores que existem no Viveiro. Essas árvores já existem há décadas e servem como matrizes para outras. Uma pessoa fica responsável por cuidar e irrigar as mudas. Um grupo de seis pessoas do PAC, programa da Secretaria de Assistência Social, se divide na manutenção do Viveiro e do Ecoponto.

Apesar do pouco trabalho realizado para fora, no ano passado o Conselho do Meio Ambiente investiu no Viveiro e construiu um poço artesiano que custou mais R$ 90 mil. Para atrair a vizinhança e fazer com que a comunidade se interesse mais em freqüentar e conhecer o lugar, está sendo estudada a viabilidade da colocação de torneiras, onde uma delas poderia ser aproveitada pelos moradores. A água foi estudada e é de extrema qualidade. Como a região onde o Viveiro fica localizado é uma das que mais sofre com falta de água, porque é ponta de rede, a água do poço artesiano poderia servir de socorro nessas situações.

Avaliação
O secretário de Meio Ambiente avalia que hoje o potencial do Viveiro não é devidamente explorado. Em visita a outras cidades foi conhecidas maneiras de como isso poderia acontecer. Em Chapecó, por exemplo, cerca de 40 pessoas trabalham na manutenção da estrutura e no andamento das ações do local. O que também poderia ser feito em Passo Fundo. “Uma opção seria agregar o setor de podas, arborização, manutenção de trevos e canteiras aqui. Elas sairiam para fazer os trabalhos de manutenção já com as mudas adequadas”, sugere. O serviço de podas, por exemplo,hoje é supervisionado pela Secretaria do Meio Ambiente, e quem executa são os funcionários da Secretaria de Serviços Gerais. É um tipo de serviço que acaba sendo burocratizado e poderia ser revolvido com a centralização. “Sabemos que cachorro com dois donos morre de fome. O usuário muitas vezes acaba reclamando da demora da prestação do trabalho”, diz.

Outra opção seria a produção de flores para o embelezamento dos canteiros da cidade. A estufa do local está rasgada e é pouco utilizada para a produção de mudas. “A arborização e embelezamento de canteiros é feita por adoção ou o setor de paisagismo, ligado a Seplan, adquire mudas de flores de fora”, destaca Alves. Para ele, se o poder público explorasse melhor o potencial, o Viveiro poderia dar muitos resultados na questão da consciência ambiental e também na economia do dinheiro público. “Se conseguíssemos fazer uma gestão da arborização e paisagismo na cidade daria para tudo ser produzido no Viveiro. Mas para isso precisamos de um olhar especial da administração na questão do aparato, mão de obra e equipamentos”, avalia.

Ecoponto

Para que haja a construção do pavilhão no Viveiro Municipal haverá uma permuta cedendo a área onde hoje fica localizado pavilhão do Ecoponto para uma grande empresa da cidade. Com isso, um novo lugar já foi escolhido para guardar os pneus usados: um pavilhão que fica no atual aterro sanitário. O galpão era utilizado antigamente como oficina e hoje está desativado. Como o fluxo de encaminhamentos dos pneus está regularizado o local comportará a demanda. “A destinação fica centralizada, sem falar que lá há guarda e equipes com atividades relacionadas a destinação dos resíduos”, diz.
Há dois anos o Ecoponto chegou a abrigar cerca de 110 mil pneus. Hoje são cerca de 40 mil por semana. A Associação Nacional das Indústrias dos Pneumáticos (Anip) tem feito o recolhimento e encaminhado para Nova Santa Rita, RS, onde o material é triturado e misturado ao asfalto. Anteriormente eles eram encaminhados para Candiota, onde serviam para queima na produção de cimento.

Segundo o secretário a intenção é futuramente conseguir dar o destino para os pneus aqui mesmo na cidade. Em uma visita em Guaíba já foi visto que isso é possível. Lá cerca de 80% do material é reciclado. A borracha é aproveitada para fazer sofás, solas de sapato e alguns outros subprodutos. “Esse ainda é um projeto futuro para nossa cidade”, diz.
Vale lembrar que o município não tem despesas para o envio dos pneus. Por lei, é estabelecido que as indústrias são responsável por investir na logística reversa da destinação desse tipo de resíduos. A cada quatro pneus produzidos, a fabricante tem que receber cinco para destinação.

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