Despreocupação com a gripe

A baixa procura pela vacina contra a gripe mostra a falta de interesse das pessoas com essa doença que há dois anos provocou pânico na população

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Natália Fávero/ON

Passo Fundo foi um dos municípios que não atingiu a meta da campanha de vacinação contra a gripe no prazo normal e teve que prorrogar a imunização até o dia 20 de maio.  Até o momento foram imunizadas cerca de 24 mil pessoas, o que representa 70% da meta. Os números comprovam que a população não está mais tão preocupada em se prevenir. Especialistas afirmam que a comunidade ainda tem receio de fazer a imunização e que os métodos de prevenção bastante utilizados na época de surto da gripe A, como o uso do álcool gel, deixaram de ser rotina. A vacina é uma das principais prevenções para evitar que a H1N1 volte a circular e que a gripe comum cause prejuízos mais sérios a saúde das gestantes, idosos e crianças.

A meta é vacinar 80% das 33.285 pessoas dos grupos de risco. Segundo a coordenadora da Vigilância Epidemiológica, da Secretaria de Saúde, Mara Dill, no sábado (14/05), depois da prorrogação da campanha, apenas 200 pessoas procuraram um posto de saúde. A imunização estava sendo feita nos cinco Cais, centros de saúde e nos dois pontos estratégicos montados nos dois maiores shoppings da cidade. Mas, devido a baixa procura, alguns pontos fecharam as portas mais cedo. “A chuva e o frio de sábado contribuíram para a baixa procura”, justifica Mara.

Entre os grupos de risco, as gestantes e as crianças foram os menos imunizados no município. A coordenadora epidemiológica informa que desde o início da campanha no dia 13 de maio a vacina foi realizada em 55% das gestantes, 60% das crianças, 73% dos idosos e 80% dos trabalhadores da saúde. “É preciso que as pessoas tenham consciência que a gripe A ainda está presente em alguns países e que a gripe comum pode provocar sérios danos a saúde”, diz a coordenadora epidemiológica.

Prevenção deve ser permanente
As medidas preventivas enfatizadas em 2009, no auge da gripe A, como lavar as mãos frequentemente, usar o álcool gel, cuidar ao tossir e evitar locais fechados foram abandonadas por muitas pessoas. A despreocupação com a doença fica ainda mais evidente com a baixa procura pela imunização.

Conforme o médico pneumologista, Tiago Teixeira Simon, houve um relaxamento na prevenção depois da vacinação contra a gripe A em 2010. Mesmo que não se tenha mais casos da gripe A, ele salienta que pode haver um surto da influenza comum e os mais afetados são os idosos e as crianças. “O descuido com a prevenção favorece mais casos de gripe, o que já pode ser comprovado com o aumento de pacientes nas emergências dos hospitais com problemas respiratórios”, salienta o especialista.

Simon destaca a importância de fazer a vacina neste momento para que quando o inverno rigoroso chegar, as pessoas possam estar protegidas. “A gripe pode evoluir para uma sinusite e até para uma pneumonia gerando desconforto para o paciente e gasto hospitalar”, alerta o pneumologista.

“Não é preciso ter medo da vacina”
A Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Rio Grande do Sul (Sogirs) e a Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul estão recomendando formalmente a vacinação contra o vírus influenza para todas as gestantes e para as crianças de seis meses e menores de dois anos. No período da gestação, o sistema imunológico das mulheres fica ligeiramente enfraquecido, com diminuição da imunidade celular, maior consumo de oxigênio e redução da capacidade residual funcional, por isso a importância de fazer a vacina.

As infecções respiratórias constituem um conjunto de doenças que comumente afetam as crianças, sendo o vírus da influenza um dos principais agentes etiológicos, responsável por 75% dessas infecções. Por meio da vacinação direcionada, pretende-se diminuir o número de internações hospitalares por influenza e pneumonia, os gastos com medicamentos e a redução dos indicadores de mortalidade deste grupo da população.

Restrições
Uma única contraindicação formal para a vacina, prevista no Programa Estadual de Imunizações, é para aquelas pessoas com reações alérgicas severas à ingestão de ovo. Pessoas com doenças agudas e febris, moderadas ou graves, devem adiar a vacinação até a resolução do quadro clínico.

Locais de vacinação
A vacinação pode ser feita nos Cais, ambulatórios e no Posto de Atendimento 24 horas. A comunidade do interior está sendo vacinada em dias previamente agendados. O mesmo está acontecendo com os idosos acamados, que estão sendo vacinados em suas residências. Informações pelo telefone (54) 3046-0164.

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