Natália Fávero/ON
Para canalizar a sanga da Lucas Araújo dezenas de famílias poderão ser retiradas do local. Os moradores reivindicam há mais de dez anos a canalização que abrangerá cerca de 300 metros. Algumas casas foram construídas praticamente em cima da sanga e quando chove a situação é precária. Além disso, há infestação de ratos, mau cheiro e animais peçonhentos. Dezenas de crianças estão expostas ao risco. Engenheiros e topógrafo da Secretaria de Planejamento (Seplan) estiveram na área para fazer a medição dos terrenos e verificar as condições para executar a obra. A canalização deverá ser efetuada entre as ruas São Lázaro e Daltro Filho.
Em 2001, a prefeitura iniciou o processo de canalização na Lucas Araújo entre a Avenida Presidente Vargas e Minas Gerais. Mas, segundo o presidente da Associação dos Moradores, Clédio Patias, em 2004, as obras foram encerradas na rua São Lázaro e parte da sanga ficou para trás. “Os moradores convivem com ratos, cobras, lixo e esgoto a céu aberto. Já fizemos uma denúncia ao Ministério Público, porque é uma questão de saúde pública. Só faltam canalizar 300 metros”, disse.
O presidente da associação informou que foi realizada uma reunião com o prefeito e secretarias responsáveis para que uma solução fosse tomada. Há poucos dias, a Seplan esteve no local para fazer a topografia e medições necessárias. Ficou constatado que cerca de 30 famílias moram a poucos metros da sanga e a canalização implicaria na remoção de algumas delas. Patias explicou que muitas famílias não têm outra moradia.
Na beira do esgoto
O esgoto pluvial e cloacal é lançado na sanga sem tratamento. A sanga fica em uma área verde. No entanto, a habitação desordenada está comprometendo o local. Além disso, as famílias que moram as margens do córrego correm risco de contrair enfermidades. A moradora Anice de Lima Ramos reside há nove anos na beira da sanga, conhecido como Beco São Lázaro. Quando chove a sanga enche e a água suja quase invade a casa. “É difícil viver aqui. O cheiro é insuportável. Tenho netos pequenos e três filhos que moram comigo”, relatou a dona-de-casa.
Estudo socioeconômico
O secretário de Habitação, Clademir Daron, explicou que o processo está sendo articulado juntamente com a Secretaria de Planejamento. Depois do estudo topográfico, a Secretaria de Habitação fará a ficha socioeconômica das famílias. Caso for necessário, alguns moradores serão enquadrados aos programas de habitação. “A necessidade de remoção será acordada com o Ministério Público. Com certeza algumas famílias serão afetadas. A nossa intenção é preservar e melhorar a vida dessas pessoas, além de preservar o meio ambiente”, explicou Daron.
Topografia aponta irregulares
Segundo o secretário de Planejamento, Rene Cecconello, esse trabalho é articulado por várias secretarias e a execução dele se dará depois de todos os estudos e levantamentos feitos. Ele disse que existe a possibilidade de realizar obras no local com recursos do Fundo de Gestão Compartilhada, que está inserido no novo contrato com a Corsan e que até o momento o indicativo é de canalizar o restante da sanga. Mas este não será um processo único. O projeto contempla a construção de fossas sépticas e filtros coletivos para evitar que o esgoto de residências próximas seja jogado in natura na água. Pelo estudo topográfico, conforme Cecconello, haverá necessidade de remoção de algumas famílias, mas isso só será feito depois de um levantamento socioeconômico e também depois de encaminhar a solução junto ao Ministério Público. “Não queremos criar nenhuma insegurança para estas famílias”, assegurou.