Vandalismo transforma cenário de escola

Escola da São Luiz Gonzaga sofre com ação constante do vandalismo. Direção recolhe armas e munição em poder de alunos

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Gerson Lopes/ON
     
Os rastros de vandalismo deixados na escola municipal de ensino fundamental São Luis Gonzaga, estão transformando o cenário do estabelecimento de ensino ao de um presídio. A semelhança vai muito além dos vidros estilhaçados, paredes pichadas, portas destruídas, grades e cadeados espalhados por todo o prédio. Desde o início do ano letivo, a direção já encontrou em poder dos alunos, dezenas de facas, de vários tamanhos e modelos, canivetes, estoques, um revólver de brinquedo e, até mesmo, munição de uso restrito. Em muitos casos, as armas foram encontradas dentro da sala de aula. Responsável pelo atendimento de 1.100 alunos, nos três turnos, a maior escola do bairro vem sofrendo com as constantes ações.  As marcas de destruição estão por toda a parte e podem ser constatadas até mesmo no lado de fora do prédio. Para ter acesso ao pátio, vândalos quebraram os tijolos e construíram uma escada no muro.

No lado interno, a lista de destruição parece não ter fim. Da reforma realizada nos banheiros, há menos de um ano, restam poucos sinais. Em alguns deles, as pias foram arrancadas e furtadas, um bebedouro completamente destruído, além de vidros, azulejos e portas danificados. Nos corredores, onde foram instaladas diversas lâmpadas, os marginais levaram até os fios. Nem mesmo o piso antiderrapante colocado em um elevado do pátio para garantir a segurança dos alunos escapou.
Professores dividem as atenções entre os estudantes e os vândalos. Uma delas, que pediu para não se identificar, teve objetos furtados ao deixar a bolsa dentro da sala de aula. “Eles entortaram a grade e quebraram o vidro. Conseguiram alcançar a bolsa, de onde furtaram alguns lápis e outros objetos” conta. Na outra ponta do problema, direção e comunidade tentam se unir para conter a onda de violência. Para preservar determinados equipamentos, importantes para o andamento das aulas, a saída foi reforçar a segurança deles. Praticamente todas as portas já passaram por reparos. As câmeras que monitoram a movimentação no pátio ganharam proteção com grades de ferro, o mesmo aconteceu com as hidras dos banheiros. As duas traves de futsal, na quadra esportiva, estão presas à tabela de basquete por barras de ferro. Todas as janelas são protegidas com grades. O único bebedouro dos alunos é colocado no pátio durante a aula e depois recolhido para evitar a destruição.
    
Coleção de boletins de ocorrência
Diretor da escola há 13 anos, Luiz Ilon Oliveira coleciona mais de 100 boletins de ocorrências registrados nos últimos três anos. Segundo ele, a escola dispõe de apenas um guarda, que trabalha um dia e folga no outro. Ele acredita que o problema poderia ser minimizado com a contratação de mais um vigia e com a instalação de uma tela sobre o muro. “Quando ele trabalha no sábado, a escola fica sem ninguém no domingo. Eles entram para jogar bola no pátio e acabam depredando e praticando os furtos. Precisamos de mais um funcionário para o setor, além de dificultar o acesso. Já fiz o pedido várias vezes para a prefeitura” explica. Experiente na área, Ilon afirma que os danos são provocados por uma minoria que mora no próprio bairro. Quanto às armas, explica que, em muitos casos, “os estudantes se envolvem em brigas e desentendimentos em outros lugares, e querem resolver na escola”. As apreensões, segundo ele, ocorrem tanto no lado de fora do prédio, como no pátio e, e muitos casos, na própria sala de aula. “Estamos aqui para tratar de ensino, educação, com o crescimento e formação do cidadão, mas somos obrigados a enfrentar e a lidar com esse tipo de situação” revela.

Mudanças
Para mudar essa realidade, a escola aposta na educação. Atualmente são desenvolvidos seis projetos, entre eles, o Mais Educação, que envolve 100 alunos, com fornecimento de lanche e almoço, o projeto Ana Moser, destinado para 60 crianças, além de o Atleta do futuro, em parceria com a UPF, e o teatro de inclusão e reforço escolar. A novidade é a instalação de uma rádio escola, que já está em funcionamento.

“Estou muito chateada com essa situação”
A secretária municipal de Educação, Vera Vieira, definiu como lamentável os estragos que vêm ocorrendo na escola.  Segundo ela, as situações de violência e os danos estão sendo provocados por pessoas de fora da escola, e não pelos estudantes, principalmente à noite, ou nos finais de semana. Ela acredita que nem mesmo a presença do vigia está sendo suficiente para inibir as ações.  “Eles conseguem burlar a segurança, estou muito chateada com esta situação, porque a comunidade do bairro não merece. É uma minoria que está prejudicando todo um trabalho” revela.  Vera afirma que a secretaria já encaminhou para a licitação o pedido de compra para a tela de proteção sobre o muro. Em relação à  contratação de mais um vigia, disse que vai conversar com o prefeito Airton Dipp para analisar a viabilidade.

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