Regionalização da saúde quer garantir acesso da população

Debate sobre o tema reuniu ontem representantes dos municípios da região de abrangência da 6ª Coordenadoria Regional de Saúde para falar dos desafios da regionalização na consolidação do SUS

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Glenda Mendes/ON

Atendimento em saúde com qualidade e com garantia de acesso a todos os munícipes foi o pano de fundo do debate promovido ontem em Passo Fundo. Convidados pelo Fórum Municipal de Luta pela Saúde de Passo Fundo e pelo Conselho Municipal de Saúde, representantes dos municípios da região de abrangência da 6ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRS) estiveram ontem (30) em Passo Fundo participando do Seminário Regional Os Desafios da Regionalização na Consolidação do SUS (Sistema Único de Saúde).

“Temos avaliado que a saúde pública do nosso município, estado, país, tem um plano que é muito bom, que é o SUS, que é referência mundial. Países europeus, de primeiro mundo, dizem que é o modelo ideal, mas na prática não tem atendido a população como deveria. Diante disso, começamos a avaliar quais são os problemas. Por que não se consegue atingir esta meta?”, destaca Dário Delavy, coordenador do Conselho Municipal de Saúde e membro do Fórum Municipal de Luta pela Saúde de Passo Fundo, um dos organizadores do evento.

Segundo ele, uma das respostas é a falta de diálogo entre os municípios envolvidos em uma mesma região. “O diagnóstico, entre tantos, é que um dos problemas é que a saúde não é local, e não temos conversado entre os municípios. O Ministério da Saúde discute que até junho tem que haver a assinatura do Pacto da Saúde, que incluiu a regionalização, que é discutir os municípios têm em cada tipo de atendimento e qual a referência”, salienta. Isso foi o que começou a acontecer ontem: a discussão sobre o que cada um pode e deve oferecer.

Na região de abrangência da 6ª CRS, Passo Fundo é o município de referência em atendimento, ou seja, oferece serviços médicos e de diagnóstico que os demais municípios não conseguem oferecer, por isso o grande fluxo diário de pessoas de outras cidades em busca de atendimento. “Como a região têm municípios que não têm hospital, é óbvio que quando precisar de atendimento de alta ou média complexidade terá que vir a Passo Fundo. Mas qual a contrapartida que este município tem para dar para Passo Fundo e o que nós temos para dar para esse município? É esta a discussão que começamos a fazer hoje (30)”, explica Delavy.
É dessa forma que os gestores pretendem descobrir ações conjuntas que possam facilitar para toda população desses municípios, “para que eles tenham acesso ao atendimento sem passar pelas dificuldades que muitas vezes passam. Queremos diminuir o tempo de espera por exames e por consultas, por exemplo, para tentar otimizar o atendimento”, ressalta.

O que fazer?

O debate contou com a presença de André Luís Bonifácio de Carvalho, diretor do Departamento de Monitoramento e Avaliação da Gestão do SUS do Ministério da Saúde, que apresentou alternativas dos caminhos a tomar. “O que Passo Fundo vive é uma situação que é muito comum a municípios que concentram ao seu redor municípios de menor porte e onde o nível de acesso de serviços de média e alta complexidade não acontece em seus municípios. Então, Passo Fundo, aqui para região, referência em saúde”, afirma.

Para ele, uma das maneiras de resolver impasses nas questões que envolvem atendimento e repasses é fortalecer, por exemplo, os espaços de governança regional. “Fortalecendo de que maneira? De forma que os gestores possam planejar as suas ações e serviços, verificando tudo aquilo que pode ser resolvido em cada município. Por exemplo, as questões de atenção básica, e ações de média complexidade e de menor densidade tecnológica, e discutindo o processo não só de organização, mas de financiamento da saúde na região”, sugere.

Carvalho apontou que algumas coisas já estão sendo feitas pelo governo federal neste sentido. “O que vem fazendo é debater os aspectos da formação das equipes gestoras, discutindo o próprio processo de cooperação que estamos fazendo com o estado e com os municípios e também um conjunto de redes que o governo federal começa a lançar este ano”, enfatiza. Dentre as redes, o diretor destaca o programa Cegonha, que é todo um conjunto de iniciativas para o atendimento à saúde da mulher e da criança. “Semana passada conseguimos debater e aprovar as diretrizes nacionais da nova política de urgência e emergência e na sequência estaremos fortalecendo todas as ações referentes ao combate ao crack e às doenças de transtornos mentais. Semana passada acertamos também, de forma tripartite, toda uma rede de fortalecimento da atenção da saúde básica que estará sendo implementado entre os meses de junho e julho”, completa.

Conforme Carvalho, “alternativas existem, mas iniciativas como esta de Passo Fundo, são os espaços importantes de discussão para convergência de soluções com relação a este problema”, salienta.

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