Natália Fávero/ON
O fechamento da emergência do Hospital São Vicente de Paulo na semana passada e a manutenção de triagem para atendimento está refletindo diretamente na demanda das outras unidades de saúde do município. A procura nas emergências dos hospitais da Cidade e Municipal Dr. Cesar Santos e no Pronto Atendimento 24 Horas aumentou entre 30% e 50% nesses últimos dias. Estão sendo realizados entre 150 e 200 atendimentos diários. O Hospital São Vicente realiza triagem para atender os pacientes e mesmo assim 60 casos são registrados diariamente. As doenças respiratórias estão entre as principais causas da superlotação.
Macas espalhadas pelos corredores, filas, salas de espera lotadas são cenas comuns pelas emergências. Com a chegada do frio, os problemas respiratórios estão entre as principais razões do aumento da procura na rede de saúde. Alan da Rosa Ramos, de 1 ano foi apenas uma das dezenas de crianças que aguardava atendimento na tarde de ontem (30/05), no Pronto Atendimento 24 Horas, localizado no centro da cidade. A mãe dele, Adriane da Rosa disse que o menino está há mais de uma semana com sintomas de gripe. “Ele tem tosse e febre. Na semana passada já levei no hospital, mas ele não melhorou”, disse a mãe.
No Hospital da Cidade, a situação não é diferente. Na sala de espera, por volta das 15h, pacientes aguardavam desde as 8h. Márcia Silva revelou que o irmão de 52 anos não se sentiu bem e desde cedo esperava para ser internado. Uma jovem de 19 anos com esclerose múltipla também estava na fila por um leito. “Toda vez temos que esperar assim. A emergência está sempre lotada”, desabafou a mãe da jovem.
Raio X das emergências:
Pronto Atendimento 24 Horas
A enfermeira coordenadora da unidade, Irene dos Reis disse que são atendidos entre 100 e 150 pacientes por dia. A enfermeira salientou que o aumento de pacientes não foi significativo, porque a média é sempre acima de 100. Mas, mudou o tipo de doença. “Neste período, mais de 50% dos casos envolvem doenças respiratórias como broncomielite, otite, bronquite crônica”, disse a enfermeira.
Hospital Beneficente Dr. Cesar Santos
O Hospital Municipal está atendendo diariamente cerca de 200 pacientes. Nestes últimos dias houve um aumento de 35% na demanda. A enfermeira chefe da emergência, Salete de Souza disse que mais de 50% dos casos estão relacionados com problemas respiratórios como gripe, pneumonia, falta de ar, entre outros. O hospital oferece um médico por turno. “Os pacientes mais comuns são crianças e idosos”, enfatizou Salete.
Hospital da Cidade
Os atendimentos na emergência do Hospital da Cidade aumentaram em torno de 30% nos últimos dias. São realizadas em média 200 consultas diárias. Entre os motivos estão o fechamento da emergência do Hospital São Vicente de Paulo e o encaminhamento de pacientes dos Cais. A enfermeira Cleusa Bottins explicou que muitos casos poderiam ser atendidos nas unidades básicas de saúde. “Muitas pessoas não conseguem atendimento nos Cais, outras preferem ser atendidas aqui, porque os Cais não oferecem exames laboratoriais ou raio X. Nessa época já temos um aumento natural e como as pessoas não estão conseguindo ser atendidas em outros locais elas se deslocam pra cá”, disse a enfermeira.
Cleusa afirmou que está havendo uma demora no atendimento e que a preferência é para casos de urgência e para crianças e idosos. “Às vezes temos que pedir para os pacientes que estão em melhores condições deixarem as macas para as pessoas em situação mais grave”, revelou Cleusa.
Hospital São Vicente de Paulo
Antes de impor restrições no atendimento da emergência, o hospital atendia em média 150 pessoas diariamente. Mas com a superlotação, a emergência adulta não está mais fazendo consultas comuns desde quinta-feira (26/05). Segundo a assessoria de comunicação, só estão sendo atendidos casos de urgência. Ontem (30/05) havia 58 pacientes em observação e internados na emergência, sendo que o número de leitos normalmente é de 36. Foram atendidos 63 casos urgentes e 50 deles foram liberados. No ano passado 46,4 mil pacientes passaram pela emergência, uma média de 127 por dia.
O vice-diretor médico e coordenador da Emergência do HSVP, Júlio Stobe explicou que na semana passada a situação era tão crítica que não havia mais nem cadeiras para os pacientes e por isso, eles só estavam atendendo casos de risco de morte. O médico esclareceu que nesta semana a emergência não está fechada, mas ela está cumprindo o seu papel de atender casos de urgência e emergência. A orientação é para que as consultas sejam realizadas na rede básica do município. “Consultas é função da rede básica e não de um hospital que é referência em alta complexidade. É preciso que as pessoas entendam que quando chegar um paciente grave a gente tenha condições de atender. Não podemos utilizar a emergência de forma inadequada”, declarou Stobe.
O médico salientou que nos últimos três anos está ocorrendo um aumento progressivo de 50% nos atendimentos de emergência em consultas comuns que são competência da rede básica. Essa demanda também cresce devido ao envelhecimento populacional e ao período que favorece as doenças respiratórias crônicas.