Natália Fávero/ON
A falta de um muro ao redor da Escola Municipal de Ensino Fundamental Daniel Dipp, no bairro Hípica, coloca em risco os alunos e funcionários da instituição que já foram inúmeras vezes ameaçados pelos vândalos que entram no pátio. Pais e direção afirmam que estranhos ficam pelas imediações e até coagem os alunos oferecendo inclusive bebidas alcoólicas. As grades colocadas nos banheiros foram arrancadas, vidros são constantemente quebrados e lâmpadas são roubadas. A comunidade escolar espera desde 2008 o início das obras do muro conquistado através do Orçamento Cidadão, em um investimento de R$ 147 mil.
A escola possui cerca de 800 alunos e agora com o Programa Mais Educação, cem crianças permanecem dois turnos no local. Na hora do intervalo, a diretora, as vice-diretoras e a coordenadora de turno vigiam a movimentação. Um guarda faz a segurança da instituição a partir das 21h.
A diretora, Leonise Colla afirma que além de pessoas estranhas rondarem pelo pátio, durante as madrugadas e finais de semana o local é utilizado por dependentes químicos e vândalos que destroem cercas, grades, vidros e ainda produzem sujeira de todo tipo. “Pessoas vem utilizar o nosso banheiro que fica fora do prédio, outras entram de bicicleta e até de moto enquanto as crianças estão brincando no pátio. Eles se drogam e arrombam o banheiro a noite, arrancam e roubam as grades e as lâmpadas. Quebraram portas e vidros. Não arrumamos mais porque no outro dia está tudo quebrado novamente”, desabafou a diretora.
Uma reunião foi realizada com os pais e direção da escola em maio para chamar a atenção da Secretaria Municipal de Educação quanto ao problema de insegurança. A secretária de Educação, Vera Vieira informou nesta quarta-feira (01/05) que o muro já tem a autorização, o impacto orçamentário já foi feito e o processo está na Coordenadoria de Licitações e Contratos (CLC). “A Secretaria de Planejamento estima até o dia 15 de junho agendar a data da licitação ou até licitar”, disse Vera.
Ameaças
Os funcionários sofrem muitas ameaças. “As professoras estão dando aula com as portas chaveadas a noite. A sociedade está num ritmo de violência que a gente não sabe o que pode acontecer”, revelou Leonise.
O episódio de uma suspeita de agressão sofrida por uma aluna de oito anos por uma professora afetou a imagem da escola. A diretora argumentou que há ótimos professores na escola e que o caso foi isolado. “Os marginais usam esse episódio para nos ameaçar e fazer bagunça aqui. Nós professores não temos ninguém para nos proteger. Ninguém avalia o lado bom da escola, os bons projetos que desenvolvemos”, declarou a diretora.
As salas de aula estão abarrotadas de alunos. Leonise disse que hoje é muito difícil dar aula em turmas com mais de 30 alunos. Ela falou que é realizado todo um acompanhamento com os alunos e os problemas são resolvidos com o diálogo.
Os atos de vandalismo são provocados por uma minoria. A diretora defendeu a comunidade do bairro. “Sempre que precisamos os pais nos ajudam. É excelente trabalhar aqui. Essa escola é como se fosse a minha casa. O vandalismo é feito por uma minoria de pessoas e eles mesmos estão sendo prejudicados”, disse Leonise.
Pais preocupados
Os pais acreditam que o muro amenizaria o problema e traria mais tranquilidade. Nadir de Aguiar é mãe de um aluno da 5ª série. Ela mora próximo a escola e acompanha constantemente os perigos que ameaçam os alunos. Segundo Nadir, estranhos frequentemente chamam as crianças e tentam conversar. “Muitas vezes, os próprios alunos na hora do recreio saem da escola para ir até o mercado. Também tem pessoas estranhas vendendo comida e balas. Já foram registradas cenas de pessoas oferecendo bebidas alcoólicas para os alunos”, revelou a mãe.
Terezinha Menegon é mãe de duas alunas da escola e também está preocupada com a situação. “Estou sempre de olho nas minhas filhas. É muito perigoso, porque podem até roubar uma criança”, alertou a mãe.