Natália Fávero/ON
O primeiro óbito por Influenza A no país em 2011 foi registrado na segunda-feira (06), no município de Três Passos, a cerca de 300 quilômetros de Passo Fundo. A morte por H1N1 foi confirmada ontem (08) pela Secretaria Estadual de Saúde, através do Centro Estadual de Vigilância em Saúde pelo Laboratório Central (Lacen/RS). Até agora foram notificados 87 casos suspeitos da doença, com três confirmados. Passo Fundo não registrou nenhum caso de gripe A, mas nestes últimos dias foram encaminhados dois casos suspeitos para análise no Lacen. O resultado deverá chegar na sexta-feira. As autoridades reafirmam a necessidade da população retomar os hábitos de prevenção e tornar essas atitudes um hábito diário.
A gripe A que estava tranquila desde 2009 voltou a fazer vítimas neste ano. Até agora são três casos confirmados. A vítima fatal é uma mulher de 48 anos que morava em Anta Gorda e iniciou com sintomas gripais no final do mês de maio. No dia 1º de junho, ela internou no Hospital de Ilópolis e no dia seguinte foi transferida para a UTI do Hospital de Caridade de Três Passos vindo a falecer na última segunda-feira. O outro caso confirmado da doença é de uma gestante de 21 anos, de São Gabriel onde está internada. Uma criança de um ano, de Camaquã também está com a doença. Ela está hospitalizada em Porto Alegre.
No ano passado, o Estado não teve casos da doença porque 45% da população foi vacinada. Já em 2009, quando foi registrada a primeira onda da gripe A , foram confirmados 3.544 casos e 297 mortes. Neste mesmo ano, o Rio Grande do Sul também foi o primeiro a registrar uma morte no país, um caminhoneiro de 29, que esteve na Argentina a trabalho e morreu no Hospital São Vicente de Paulo no final de junho de 2009.
Situação em Passo Fundo
Segundo a coordenadora epidemiológica do município, Mara Dill, o município não registra casos da doença desde 2009. No ano passado houve 30 casos suspeitos, mas todos os resultados foram negativos. Neste ano, tem 15 notificações. Nenhum caso de gripe A foi confirmado, exceto dois casos suspeitos que ainda estão em análise no laboratório em Porto Alegre de uma menina de sete meses internada desde o dia 03 de junho e de um menino de dois meses internado desde o dia 27 de maio, ambos no Hospital São Vicente de Paulo. Segundo informações do hospital, o estado de saúde deles é estável.
Mara explicou que desde o começo do ano tem casos suspeitos, mas nenhum deles foi confirmado e que é uma praxe recolher amostras para análise em pacientes que apresentam sintomas fortes de gripe. “Esse procedimento é padrão para ver se o vírus continua circulando no município, mas desde 2009 não temos casos confirmados”, disse a coordenadora epidemiológica.
Hospital São Vicente monitora vírus da gripe
O Núcleo de Vigilância Epidemiológica do Hospital São Vicente de Paulo fortaleceu a vigilância da influenza a partir de 2009. A enfermeira do Núcleo, Márcia Ribeiro explicou que essa medida serve para identificar os diversos tipos de vírus da gripe, entre eles o H1N1. Todas as amostras coletadas são encaminhadas para o Lacen e os resultados são juntados aos do município. No ano passado, foram 30 coletas e nenhum caso confirmado. Em 2011, foram 10 amostras: em março foram duas coletas, em abril uma, em maio cinco e em junho duas. Desses, oito casos foram descartados para o H1N1 e duas amostras estão em análise no Lacen. A epidemiologia do hospital coleta amostra de qualquer paciente com sintomas fortes de gripe. “São mais de cem tipos de vírus da gripe, entre eles o H1N1. Como esse vírus causa impacto devido a gravidade e letalidade, a vigilância acentuou o monitoramento. Mas, independente da gripe A, o nosso foco é identificar o vírus que está circulando”, explicou Márcia.
A enfermeira salientou a importância da população continuar os hábitos de prevenção. “A vacina não foi muita aceita este ano. No ano passado mais de 45 % da população aderiu. Temos que enfatizar os cuidados de higiene e alertar para que as pessoas façam a vacina”, salientou a enfermeira.
Vacinação disponível para grupos de risco
A mulher que morreu nesta semana não estava no grupo de risco (crianças menores de dois anos, idosos, trabalhadores de saúde e indígenas), mas as outras duas pessoas que estão internadas com gripe A estão nesse grupo e não fizeram a vacina durante a campanha. Em Passo Fundo, a coordenadora epidemiológica informa que a adesão da vacina não foi aceita da mesma forma que em 2010. Até o momento, foram vacinadas mais de 28 mil pessoas, o que representa 86% da população a ser atingida. Mesmo sendo prorrogada por duas vezes nesse ano, as gestantes e crianças ainda não atingiram a meta de 80%. “Nesse ano as gestantes estão bastante receosas e a população está mais despreocupada. É importante que as pessoas saibam que o vírus ainda está circulando pelo Estado”, disse Mara.
A vacina ainda está disponível para os integrantes do grupo de risco.
Não há motivo para alarme
O coordenador regional de saúde, Alberi Grando salientou que na abrangência da 6ª CRS foram feitos cerca de 20 coletas e nenhum caso foi confirmado até agora. “Coletar já virou rotina. Há medicamentos disponíveis, inclusive na farmácia popular, através de receita médica. Não há motivo para alarme”, salientou o coordenador regional.
Ele informou ainda que o Comitê de Enfrentamento a gripe A criado na época da pandemia não deverá ser acionado no momento.
O secretário municipal de Saúde, Jairo Caovilla também enfatizou que não há motivo para pânico e alertou a população para os cuidados de prevenção que estão meio esquecidos. “A comunidade precisa ter cuidado ao tossir e no contato com as demais pessoas. Além disso, é necessário as pessoas fazerem a vacina”, enfatizou o secretário de Saúde.
Apesar da ocorrência do óbito, a Secretaria Estadual de Saúde esclarece que a situação da Influenza A H1N1 está sob controle no Estado até o momento. Todos os municípios do Estado contam com medicamento antiviral e outros insumos necessários para o enfrentamento da circulação viral. Os profissionais de saúde dos hospitais devem estar atentos para o surgimento de novos casos, os quais devem ser notificados para as Secretarias Municipais de Saúde e/ou Disque Vigilância 150.
Dicas de prevenção
Os órgãos de saúde pedem a população para manter as medidas de prevenção como lavar as mãos com água e sabão com frequência e não compartilhar talheres e objetos pessoais com pessoas que apresentem os sintomas da gripe, como febre, tosse e dores no corpo. A pessoa que estiver doente deverá cobrir a boca e o nariz com lenço descartável ao tossir e espirrar e se afastar de suas atividades por uma semana. Também é importante manter os ambientes limpos e ventilados, especialmente os úmidos e frios, pois favorecem a multiplicação do vírus. A higienização das mãos com água e sabão e, quando possível, com álcool gel é indicada na prevenção em locais públicos e com grande circulação de pessoas. Em caso de sintomas compatíveis com a doença, procurar o posto de saúde mais próximo.