Leonardo Andreoli/ON
O setor da construção civil vive um dos melhores momentos. No entanto a mão-de-obra para atuar nesse segmento está cada vez mais rara. Quem tem bons profissionais precisa competir em vantagens para manter os colaboradores. Para amenizar a situação, o Sinduscon, prefeitura e Senai mantêm um curso de capacitação para pedreiros. A profissão que antes era aprendida na prática ou repassada de geração para geração hoje tem um perfil diferente.
A evolução tecnológica é uma das responsáveis por essa mudança. Conforme o presidente do Sinduscon Edison Freitas hoje, mesmo um grande prédio, não ocupa muita mão-de-obra. “O concreto vem usinado e outros materiais já vêm prontos para fácil colocação. No entanto, com a evolução da construção civil começou faltar mão-de-obra em todos os setores. E o custo da formação para as empresas é muito alto”, observa.
No passado, as pessoas começavam a trabalhar mais cedo. Naquela época as empresas é que formavam os trabalhadores, que aprendiam a profissão ao longo do tempo. “Na construção civil, não fugiu à realidade. O pessoal entrava cedo e saia das empresas profissionalizado. A legislação dava amparo”, pontua Freitas.
Profissionalização
Neste cenário surge a necessidade de oferecer qualificação que oportunize renda para famílias e mão-de-obra para as construtoras, ou mesmo formação para quem quer trabalhar de forma independente. Freitas destaca que a ideia foi abraçada tanto por empresários, quanto pelo sindicato. Com o curso, os profissionais podem ainda obter melhores salários no mercado. “Hoje a remuneração média está em torno de R$ 1.200. Isso se formos olhar pelo lado mínimo. Tem pedreiro que ganha muito mais que isso”, ressalta. Segundo ele, alguns bons profissionais ganham até R$ 3.000 por mês. “A variação de salário depende também da qualidade do trabalho que é executado pelos operários. O bom profissional é conhecido e disputado no mercado pelo acabamento que faz e pela agilidade na realização do trabalho”, justifica.
Falta
Apesar de não existir um levantamento preciso sobre a falta de mão-de-obra na construção civil, o sindicato estima que hoje o mercado tenha carência de pelo menos 10% em número de profissionais. “A construção civil está crescendo muito e não é só em Passo Fundo, nas cidades vizinhas também. Temos pessoas de Passo Fundo trabalhando em outras cidades, assim como temos trabalhadores de outras cidades fazendo curso aqui”, observa Farias. O mercado precisa ainda de marceneiros e funileiros. As empresas têm valorizado quem faz o curso realizado em parceria com o sindicato. “Até as mulheres estão começando a participar”, complementa.
Curso
As aulas do curso são ministradas à noite no antigo quartel. No total são 160h de aulas teóricas e práticas que envolvem todos os aspectos da profissão. Elas são ministradas pelo arquiteto e funcionário do Senai, Janson Freitas. No total, são 14 alunos inscritos. O curso qualifica quem já trabalha na área ou quem ainda pretende ingressar na profissão. Esse é o caso de Marcos Macedo, de 27 anos, ele ainda não trabalha na área, mas faz o curso para ter um diferencial quando começar a atuar. À tarde no mesmo local também tem um curso de aprendizagem para pedreiros de edificação para jovens entre 16 e 21 anos com duração de um ano e dois meses.
Além de pessoas que pretendem entrar para o ramo, o curso tem um número expressivo de serventes que pretendem se tornar pedreiros. Ademir da Silva, 23 anos, é um deles. “Por enquanto a gente faz a aula teórica e estamos passando para a prática. Estamos batendo o nível para fazer o piso. Até agora aprendi a bater o prumo, medidas, esquadro, alinhamento. Está sendo ótimo. Por enquanto sou servente, depois é partir e mudar de cargo”, aponta deixando evidente o otimismo na profissão.