Mais de mil famílias vivem sem renda em Passo Fundo

Dados do Censo 2010 divulgados na manhã de ontem pelo IBGE mostram que as áreas de ocupação desordenada tiveram uma redução de 14 em 2000 para cinco em 2010

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Leonardo Andreoli/ON

Pessoas em situação de vulnerabilidade social podem ser encontradas em várias partes da cidade. No entanto um retrato das áreas de maior concentração de famílias nessa situação permite que as políticas públicas sejam aplicadas de forma eficiente. Na manhã de ontem, o IBGE apresentou os dados do último Censo em relação a essas áreas. O levantamento aponta cinco áreas críticas em que pelo menos mil famílias sobrevivem apenas de rendas concedidas por programas assistenciais. A apresentação dos dados é fundamental para saber quais as áreas necessitam de mais investimentos em saúde, educação e infraestrutura. Porém, Executivo e Legislativo municipal tiveram pouca, para não dizer nula, representação no encontro realizado na Câmara de Vereadores.

Os aglomerados subnormais, como são identificadas essas áreas de maior vulnerabilidade, são conjuntos de, no mínimo, 51 unidades habitacionais (barracos, casas) carentes de serviços públicos essenciais, ocupando terreno de propriedade alheia e estando dispostas, em geral, de forma desordenada e densa. No conceito popular eles são conhecidos como favelas.
O coordenador do Censo 2010 em Passo Fundo, Jorge Bilhar, destaca que na cidade foram identificadas 6.444 pessoas vivendo em moradias precárias. O número é equivalente a 1,6 mil residências sem infraestrutura mínima. Ele observa que a cidade já teve um avanço significativo na melhoria de vida de pessoas. “Mas ainda existe um número bastante expressivo de mais de seis mil pessoas que ainda carecem de projetos para a criação de núcleos habitacionais, e de outros serviços públicos”, observou. No Censo de 2000 foram identificados 14 aglomerados subnormais. Em 2010 esse número diminuiu para cinco.

Os investimentos em criação de núcleos habitacionais e programas assistencialistas contribuíram para a diminuição constatada. “Um dado importante é que temos mais de mil residências sem renda. As famílias vivem apenas do assistencialismo. É um trabalho bastante importante esse levantamento porque serve de subsidio para os gestores aplicarem as políticas públicas nos municípios”, pontuou.

Falta infraestrutura

As cinco áreas identificadas são carentes de recursos mínimos de infraestrutura. Bilhar destaca que nesses locais não existem ruas específicas, muitos casebres são feitos com materiais inadequados, falta energia elétrica, esgoto, água encanada, posto de saúde, creches e escolas. “A renda das pessoas chega até um quarto de salário mínimo e que é considerado abaixo no nível da miséria. São pessoas que ganham abaixo de R$ 70, que é o caso de algumas regiões nossas, onde o pessoal sobrevive da cata de papel, e de assistência”, reiterou.

Um desabafo
Bilhar atua no Censo há pelo menos 20 anos. Ele pontua que o trabalho do IBGE é o de retratar a situação das pessoas de uma determinada comunidade com a finalidade de dar subsídio aos governantes na tomada de decisões. “Ficamos muito sentidos quando elaboramos os dados e as vezes não conseguimos dizer que eles foram utilizados para melhorar a vida das pessoas. Isso é competência dos gestores públicos”, desabafou.

Pontos identificados:

Bairro Integração (Setor 09):
Loteamento Xangri-Lá;
Loteamento Ipiranga;
Loteamento Jabuticabal;
Total de 393 domicílios.

Bairro Vera Cruz (Setor 03):

Beira dos Trilhos;
 Valinhos;
Total de 172 domicílios.

Bairro Petrópolis (Setor 04):

Entre Rios;
Loteamento Umbú;
Total de 250 domicílios.

Bairro Cruzeiro (Setor 06):

Baixada Cruzeiro;
Total de 596 domicílios.

Bairro Lucas Araújo (Setor 07):

Buraco Quente (Entre as ruas São Lázaro, junto à sanga);
Total de 200 domicílios.

Total Geral de aproximadamente 1611 domicílios;
População: 6444 pessoas;
Média de morador por domicílio: quatro pessoas.

1.187 famílias sobrevivem com ¼ de salário mínimo

1.407 famílias não têm qualquer renda fixa

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