Convênio aproxima justiça, curso de direito e sociedade

Justiça Militar de Passo Fundo implanta processo de descentralização

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Redação ON  

Em quase todas as sessões realizadas de segunda a sexta-feira no plenário da Auditoria da Justiça Militar de Passo Fundo, inclusive naquelas de julgamento, podem ser vistos por estudantes de direito nas cadeiras destinadas a visitantes. Se eles forem da Faculdade Meridional, não estarão apenas assistindo, sem nenhum outro compromisso, porque além do certificado de presença, há relatórios a serem produzidos, análises a serem desenvolvidas e avaliações a serem enfrentadas. E são várias as razões para que os acadêmicos façam questão de ver de perto as atividades da Justiça Militar do Estado, pois lá presenciam ritos especiais e procedimentos que incluem  acaloradas sustentações orais por parte da defesa e da promotoria. Como são poucos os cursos de direito que oferecem disciplinas voltadas ao direito militar, desta aproximação é que deverão surgir advogados militantes daquela justiça especializada.
 
 
A chamada “Meta 4” de 2011, estabelecida como parâmetro para a prática da responsabilidade social, recomenda aos tribunais brasileiros, no mínimo, a implantação de um programa de esclarecimento ao público sobre as funções, atividades e órgãos do Poder Judiciário em escolas ou quaisquer espaços públicos. A idéia é promover esclarecimento aos cidadãos sobre as funções e atividades da Justiça. Para atingir os objetivos o Conselho Nacional de Justiça recomenda o estabelecimento de convênios ou ações conjuntas com universidades, escolas de magistratura e outros. Os possíveis resultados positivos destas ações não se esgotam em si, mas podem ser incluídos no banco de boas práticas do CNJ, de modo a que outros tribunais se beneficiem da experiência.
 
A Justiça

A Auditoria da Justiça Militar de Passo Fundo, onde atuam duas juízas de direito,  Mariluce Dias Bandeira e  Dione Dorneles Silva, desde 2007 interage  com universidades e escolas da região. No caso da Faculdade Meridional-Imed, um convênio proporciona disseminação dos ritos, códigos e doutrinas específicos desta justiça especializada e, na contrapartida, oferece oportunidade de aprimoramento técnico jurídico aos acadêmicos de graduação. Como diferencial, as sessões que contam com a presença de alunos, merecem uma abordagem mais didática, com a finalidade de dirimir dúvidas sobre procedimentos. O programa prevê a emissão de certificados de presença com relatórios periódicos, firmados pela própria juíza titular da Auditoria. Além da vivência técnico jurídica, os acadêmicos experimentam na prática conceitos institucionais que lhes proporcionam condições de avaliar a utilidade e a necessidade da especialidade jurídica militar.

Academia

"A quinta melhor Faculdade do Rio Grande do Sul, na classificação do MEC, com o melhor curso de Direito da região, funciona a poucas quadras da sede da Auditoria da Justiça Militar de Passo Fundo. As duas instituições estão localizadas em um bairro desta cidade pólo da região Norte gaúcha. O lugar vai se caracterizando pelo agrupamento de órgãos da justiça, colégios e instituições de nível superior. Nascida da iniciativa de professores que identificaram a necessidade de oferecer programas de pós-graduação de qualidade, voltados para as tendências mundiais e demandas regionais, a Imed cresceu rapidamente e ampliou sua oferta para o nível de graduação. Na observação de sua missão e de seus valores institucionais que indicam a busca pela  classificação como centro de excelência acadêmica, a Justiça Militar identificou nela objetivos compatíveis com os seus próprios. Como projeto, chamou atenção o Núcleo de Práticas Jurídicas da Imed. Ele é responsável pelo planejamento, gestão e controle de estágios com práticas jurídicas reais e simuladas, de natureza curricular e obrigatória, visando integrar a teoria e a prática processuais.     
 
O projeto
A professora Thaise Nara Graziottin Costa, coordenadora da Escola de Direito da Imed, explica que o convênio funciona de acordo com a pauta de Audiências da Justiça Militar.  “As disciplinas envolvidas”, relaciona, “são Direito Civil, Prática Jurídica IV, Direito Penal, Direito Processual Penal e Direito Processual Civil.” A coordenadora garante: “os objetivos são plenamente atingidos, o programa consegue auxiliar os alunos no aprimoramento dos seus conhecimentos técnicos  jurídicos e, especificamente”, esclarece, “e coloca-os a par dos trâmites processuais da Justiça Militar, sendo que, na prática, os alunos acompanham as audiências sob supervisão da Juiza Mariluce Dias Bandeira e Dione Dorneles Silva, titular e substituta, respectivamente, da Auditoria. Daí,”continua Thaise, “resulta  a avaliação, ou seja, por resolução da direção, a carga horária cumprida vale como horas complementares, até o limite de 36”, conclui.  Já a juíza titular da Auditoria da Justiça Militar de Passo Fundo e cuja jurisdição abrange quase 200 municípios, esclarece que a aquele juízo sempre estimulou a interação com o mundo acadêmico, mas que “a contrapartida da instituição e os objetivos da Escola de Ensino coordenada pela professora Thaise facilitaram a objetivação e formalização do programa”.
 
Resultados
Mais de 300 alunos da Imed já passaram pelo plenário da Auditoria da Justiça Militar de Passo Fundo. Mas não é apenas da Faculdade Meridional que procedem estudantes em visita guiada. Além de acadêmicos de outros estabelecimentos como a Universidade de Passo Fundo – UPF, a direção do Colégio Tiradentes, por exemplo, faz do contato e vivência com a Justiça Militar, um complemento da orientação e formação dos seus alunos que, se não têm ingresso automático na BM, têm grande probabilidade de, no futuro, optarem por tentar o ingresso na Corporação, tornando-se parte da jurisdição da Justiça Militar. Além de assistir aos trabalhos normais, atuam em sessões simuladas.

Segundo o Cel.Sergio Antônio Berni de Brum, Juiz-Corregedor Geral da JME: “constitui meta e estratégia do Planejamento Estratégico da Justiça Militar do Estado, um programa de aproximação e capacitação da sociedade sobre suas competências, funções e utilidade social no âmbito da segurança pública e conseqüente paz social. A Justiça Militar, além deste convênio, começa um processo de descentralização das sessões de julgamento do Tribunal de Justiça Militar, levando-as, preferencialmente, para os auditórios das faculdades de direito de Estado”, conclui.

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