Daniella Faria/ON
A Escola Municipal de Ensino Fundamental Frederico Ferri, localiza no bairro Maggi de Césaro, completa 25 anos nesta segunda-feira. Com uma história de problemas na sua estrutura, aonde os alunos já chegaram a assistir aulas em uma capela e obras de ampliação mal acabadas, a direção luta para que o ensino continue sendo colocado em primeiro lugar.
Atualmente a direção da escola está sob o comando de Roseclair Rosso Atolini. A professora trabalha no local há 18 anos. Ela relembra um pouco da trajetória persistente da comunidade em manter a escola no local. Quando começou a trabalhar na Frederico Ferri, a escola funcionava em uma casinha de madeira, localizada em outro terreno que foi conseguido através de uma doação. O ensino era somente até a quarta série. Tempos depois, a administração da época construiu o prédio antigo, onde havia quatro salas de aula, cozinha e a sala dos professores. “A escola já foi construída pequena. O bairro foi crescendo, começamos a dar aulas para turmas até a sexta série, e depois até a oitava, até que ficou insustentável”, ressalta.
A ampliação do educandário já vinha sendo solicitado há anos. Para não perder a oportunidade de ter um ensino próximo de casa, algumas turmas tinham aula em outra casa de madeira que ficam no pátio do colégio. “Várias vezes o local foi reformado pela própria comunidade, mas como era muito precário chegou uma hora que não conseguimos mais utilizar, foi quando começamos a utilizar a capela que existe em frente”, recorda.
Por mais de quatro anos alunos da oitava série dividiam o espaço de estudo com santos, velas, castiçais e cruzes da capela. A situação foi mostrada por uma reportagem de O Nacional em outubro de 2009, onde os alunos tiveram uma aula cancelada porque um velório seria realizado no local. “O prazo que, na época, foi nos dado era de utilizar a capela por um ano. Mas acabamos usando por quase cinco”, ressalta a diretora.
No início de 2010 a administração anunciou que uma obra de ampliação seria realizada no local. Mais de R$ 300 mil seriam investidos e, desde então, as obras no local se arrastam. Há mais de um ano os estudantes têm convivido com pedreiros, serventes e pintores.
Hoje a escola conta com 170 alunos, divididos nos turnos da manhã e tarde. “Começa com uma turma de pré, com alunos de cinco anos e segue até a oitava série”, destaca Atolini.
Os trabalhos de ampliação iniciaram em maio de 2010. Por causa das obras, para a segurança dos alunos, no ano passado o recreio e as atividades festivas, como festa junina e dia das mães, foram cancelados. “O pátio estava sempre cheio de entulho, resto de concreto, material, carrinho de mão”, ressalta. A expectativa era que em março deste ano as obras fossem entregue, entretanto, a decepção pairou sobre a direção.
O novo prédio foi mal feito. O material usado de baixa qualidade. Para se ter uma idéia, as janelas que foram instaladas no novo local já estão enferrujando. Canos do corrimão e piso antiderrapante colados na escada estão soltos, causando perigo para os alunos. “Esses dias um aluno rasgou a jaqueta em um ferro de onde soltou um corrimão. Imagina se uma criança cai e bate a cabeça no lugar?”, questiona. Quando chove a situação é ainda mais precária. Até mesmo no prédio novo escorre água por toda parte, desde as quinas das paredes até mesmo as lâmpadas.
A empresa que realizou a obra foi autuada pela prefeitura, e atualmente uma segunda empresa realiza as obras de reparos do antigo e do novo prédio. Mas nem por isso os problemas deixam de existir. “Os funcionários dessa nova empreiteira ficaram duas semanas sem vir. Na primeira semana retiraram uma árvore do local e colocaram no pátio. Os galhos ficaram ali por quase um mês até serem retirados. Estamos preocupados com essa demora das obras”, diz.
Atolini diz que gostaria de comemorar os 25 anos da escola com as obras já concluídas. Como não é possível, assim mesmo a direção está organizando atividades com as turmas. Um bolo vai ser preparado para a festividade. “A escola é praticamente tudo no bairro. É onde a comunidade se reúne, seja festa junina, evento ou aula. Sempre batalhamos para que a escola ficasse no bairro. Os pais se sentem mais seguros, podem acompanhar os filhos mais de perto”, conclui.
Secretaria de Educação
A secretária de Educação, Vera Vieira, diz que está muito sentida em não poder entregar as obras concluídas no dia em que a escola comemora as festividades. Segundo ela, um dos problemas para a conclusão é devido ao aquecimento do mercado da construção civil. “Estamos com um sério problema com o construtor. Infelizmente, essa pessoa que pegou a última fase da Frederico Ferri não está conseguindo dar conta do trabalho porque está realizando outra obra também de prefeitura”, conta. Para resolver a situação, a Secretaria de Planejamento já intimou a construtora e na próxima semana os funcionários devem voltar a trabalhar normalmente.
A primeira empreiteira que iniciou a obra, oriunda de Palmeira das Missões, foi penalizada por realizar um serviço mal feito. A prefeitura acabou retendo 10% do valor que deveria ser pago a prestadora do serviço. “Foram pagos a primeira empresa R$ 303.179, mas retivemos R$ 36.729. Fizemos uma nova licitação para a reforma e término das obras, o que vai nos custar R$23.459”, calcula.
O valor é um menor porque alguns serviços o setor de manutenção da própria prefeitura ira executar, como a parte do telhado. Os funcionários da prefeitura irão fazer a troca das telhas quebradas, que, segundo a secretária, é a causa das goteiras. “A primeira empresa tentou remendar as telhas, e isso não dá certo”, diz. Já a empresa que está atuando ficou com a parte de reforma, inclusive do prédio novo, troca de material (como as janelas que estão enferrujadas), construção da central de gás e recolocação do piso antiderrapante.
Quanto a fiscalização das obras, Vera explica que os engenheiros da Seplan realizam constantemente a verificação. Entretanto, no momento em que se olha a obra, tudo parece perfeito. As falhas começam aparecer alguns dias depois. “E aí começa o desmancha e arruma”, fala.
A secretária ressalta a importância da escola para a comunidade. É a única que existe no entorno da região. “É uma comunidade que se esforçou para ter a escola que tem e a equipe de professores é excelente”, conclui.
ON acompanha a problemática
20/10/2009 - Se tem velório, não tem aula. Alunos da 8ª série da Escola Municipal Frederico Ferri são "abençoados" todos os dias durante a aula, ministrada dentro de uma capela
21/10/2009 - MP quer explicações sobre aulas na igreja. Matéria de O Nacional levou o Ministério Público a pedir informações ao município sobre a escola cujos alunos da 8ª série estão tendo aulas em uma capela. Em contraponto, prefeito garante início da ampliação para 2010
14/03/2010 - Prefeitura municipal vai ampliar Escola Frederico Ferri. O prefeito Airton Dipp assinou essa semana a autorização de abertura de licitação para a ampliação e reforma da escola. O edital será publicado nos próximos dias. O investimento, de R$ 364 mil, servirá para a reforma do prédio já existente e para a construção de mais três salas de aula, refeitório, cozinha, despensa, lavanderia e sala dos professores.
29/04/2010 - Frederico Ferri recebe investimento de R$ 339 mil. Alunos que estudavam na igreja ganharão novas salas.
20/02/2011 - Semana de volta às aulas . A estrutura física de alguns educandários sofreu modificações no período de férias. No final do mês de março será entregue à comunidade a obra de ampliação e reforma da Escola Frederico Ferri.
15/04/2011 - Obras na Frederico Ferri ainda sem conclusão. A entrega das obras já foi prorrogada por quatro vezes. A última venceu no dia 14 de abril e até agora a empresa não deu nenhuma justificativa.