Natália Fávero/ON
A Codepas está articulando uma reunião entre os trabalhadores do transporte coletivo e órgãos de segurança pública do município para conter a violência nos ônibus. A empresa propõe blitz sistemática nos coletivos e nas paradas de ônibus, melhor iluminação nos abrigos e afirma que o sistema de bilhetagem eletrônica seria uma das medidas para amenizar os assaltos. Outros dois episódios violentos foram registrados nos últimos anos. Em 2003, um cobrador foi morto durante um assalto e em 2006, outro foi baleado.
O Sindiurb que representa a categoria dos trabalhadores salienta que estratégias de segurança nos ônibus devem ser efetivas durante todo o ano e não apenas quando acontecem episódios graves de violência. A reunião deverá ser realizada no dia 10 de julho, às 16h, na Câmara de Vereadores. Todos os funcionários do transporte coletivo urbano do município estão convidados a participar. O diretor presidente da Codepas, Saul Spinelli considerou grave o episódio de violência sofrido pelo motorista e cobrador da empresa. “Há muito tempo não acontecia um episódio com tanta violência, mas o histórico de violência no transporte coletivo é crescente”, disse Spinelli.
O diretor presidente da Codepas informou que a abordagem dentro dos coletivos da empresa por policiais está liberada. Além das estratégias das blitz e de melhorias de iluminação, a bilhetagem eletrônica é considerada uma ferramenta importante para combater os assaltos. Spinelli enfatiza que apenas a implantação da bilhetagem não resolverá o problema. “É necessário ações conjuntas com o Estado para combater esse crime. Situações como essa mostram o quanto os trabalhadores do transporte coletivo estão vulneráveis a violência”, enfatiza.
Segundo informações a implantação do sistema de bilhetagem eletrônica aguarda o decreto do prefeito Airton Dipp.
Sindicato quer segurança efetiva
O presidente do Sindiurb, José Doebber revela que na linha da Codepas os pontos mais críticos de violência são nos coletivos que passam pelos bairros Valinhos, Jaboticabal, Donária e São José. O sindicato pede a fiscalização da Brigada Militar durante todo o ano. “Agora que aconteceu esse grave episódio ouve uma resposta imediata. Os dois criminosos já foram presos. Só que quando não acontece isso, a situação cai na banalidade e não podemos permitir isso, porque a situação vai piorar”, desabafa Doebber.
Ele salienta que só nesse ano o sindicato já contabilizou 86 assaltos a coletivos. Essa insegurança prejudica a imagem da profissão e muitos acabam abandonando os cargos pelo medo de ser assaltado. “Todos estão com medo dos assaltantes. Alguns colegas escolheram outra profissão com menos risco. Preferem ganhar menos, mas preservar a vida”, disse o presidente do sindicato.
Um verdadeiro herói
O motorista Manuel Antunes de Macedo, de 47 anos trabalha na empresa há um ano e três meses. É casado e também é pai. O presidente da Codepas disse que a tragédia só não foi maior pela bravura de um passageiro anônimo e do motorista que mesmo ferido dirigiu o ônibus até o Hospital São Vicente. “Pensamos que se ele não tivesse feito isso a situação poderia ser de uma tragédia. Porque a hemorragia poderia não suportar a espera da ajuda”, disse Spinelli.
O cobrador Wagner Lencina, de 28 anos é noivo. Ele está na empresa há quase quatro anos e também é professor de um grupo de dança tradicionalista. “Os dois são excelentes funcionários e profissionais exemplares”, afirma o diretor presidente da Codepas.
Relembre outros dois casos de violência graves:
2003
Cobrador morto com tiro durante assalto a ônibus - O cobrador da empresa Coleurb, Renato Alencar Schmitt, de 22 anos, morreu a caminho do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) vítima de disparo de arma de fogo durante assalto ao coletivo em que trabalhava. O assalto ocorreu no Loteamento Industrial, onde o ônibus, que fazia a linha Leonardo Ilha-Vera Cruz, dirigido pelo motorista Cléo Cabral dos Santos, foi assaltado por três homens armados. Os assaltantes roubaram 62 passagens, vales transporte e uma pequena quantia em dinheiro.
2006
Cobrador baleado em assalto a ônibus - Um assalto a ônibus na ERS 153, próximo ao santuário Nossa Senhora Aparecida quase terminou em tragédia. O cobrador Gilberto Lourenço Medeiros, na época com 38 anos, foi atingido por quatro tiros no tórax e ficou internado em estado grave no Hospital São Vicente de Paulo. O ônibus da Coleurb, linha Prefeitura/Bom Recreio, trafegava no sentido bairro/centro quando um adolescente de 16 anos embarcou na parada existente junto ao acesso da localidade de Santo Antão. O menor sacou um revólver calibre 38 e anunciou o assalto. Gilberto Lourenço Medeiros não esboçou qualquer reação, mas acabou baleado pelo menor que acabou sendo preso, juntamente com o rapaz que forneceu a arma. O cobrador continua afastado das funções.
