Perdas no cultivo de hortaliças

Além da geada, a falta de sol também prejudica as plantações

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Daniella Faria/ON

Quem for comprar alface, radiche ou chicória nos próximos dias pode se deparar com as seguintes situações: não achar os produtos, se espantar com a qualidade ou ainda com o preço mais alto. O motivo é que por causa do tempo dos últimos dias a produção foi prejudicada consideravelmente. Houve uma perda de cerca de 60% nas lavouras de campo do cultivo das folhosas.

A presidente da Associação da Feira dos Pequenos Produtores da Agricultura Familiar, Zuleica Casanova, confirma a situação. Ela disse que durante essa semana foi feito um levantamento na Feira, onde mais de 50 produtores oferecem seus produtos, e foi constatada a perda. “O estrago foi de mais de 50%”, diz. Segundo Zuleica o preço ainda não aumentou e que hoje alguns produtores, dependendo da qualidade do produto, comercializam um pé de alface por R$ 1,25. “Mas tudo depende da procura. Ontem ainda não foi cogitado aumento. Mas se a perda continuar, provavelmente ele vai acontecer”, destacou.

O técnico da Emater Municipal, Ademir Trombetta, diz que outras culturas também tiveram perdas. No brócoli e no repolho ela foi de cerca de 15%. “A perda no repolho foi menor porque a folhosa não tem tanta água e resiste mais ao frio. Já a alface tem uma perda maior porque tem mais água na sua composição e é mais frágil”, explica. Ele destaca ainda que com certeza a perda das lavouras irá influenciar nos preços. Já nessa semana foi possível perceber na feira do produtor produtos de qualidade inferior que mantiveram seus preços.

Trombetta observa ainda que alguns produtores tiveram uma perda menor por terem seus produtos protegidos por lonas plásticas. “Vale ressaltar que essa perda não foi somente pela geada. Estamos praticamente há dez dias sem sol e com excesso de umidade e esses fatores também prejudicam bastante. O sol funciona como uma espécie de adubo para essas culturas”, diz.

Todos os anos já são prevista as geadas, então muitos agricultores já estavam preparados para que os danos viessem acontecer. Entretanto, no ano passado, por exemplo, não houve tantos dias sem sol como neste, o que fez com que as plantas ficassem mais resistentes as geadas.

O técnico diz que nem tudo está perdido. Se o tempo melhorar, no máximo em dois meses tudo volta ao normal. “O cultivo de folhosas se recupera muito rápido, o ciclo dela é ligeiro. Se o tempo melhorar e o produtor puder entrar na lavoura, preparar o canteiro e fazer o plantio novamente em 50 dias temos tudo normalizado”, enfatiza. Para se precaver de incidentes climáticos como esse, Trombetta diz que só há uma coisa a fazer: investimento na propriedade. Somente estruturas plásticas podem ajudar a proteger a cultura. Mas, consequentemente isso acarreta em um aumento de custo e tem que ser estudada a viabilidade.

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