Texto e fotos: Natália Fávero/ON
A promessa de sincronização dos semáforos instalados no município há cerca de dois anos ainda não foi concretizada. Quando abre o sinal em uma sinaleira a seguinte fecha. Esse foi o resultado constatado pela equipe do Jornal O Nacional e com certeza por milhares de motoristas que trafegam diariamente pelas vias centrais da cidade. Frear, pisar na embreagem, trocar a marcha são ações repetidas dezenas de vezes em poucas quadras. Esse processo além de irritar o motorista causa custos na manutenção do veículo que podem chegar a 30%. Especialistas afirmam que projetos de sincronização como o “Onda Verde”, são apontados como uma possível solução para o problema no trânsito da cidade.
Um motorista leva cerca de oito minutos para se deslocar durante um quilômetro no centro da cidade em horário de pico. Os semáforos da Avenida Brasil têm duração de aproximadamente 30 segundos no sinal verde e 50 segundos no vermelho.
Para resolver esse problema, a Secretaria de Segurança acredita que até o final do ano seja implantado um modelo de sincronização.
Confira o teste:
Trajeto: Avenida Brasil – entre a Benjamin Constant até a Teixeira Soares
Seis sinaleiras: Avenida Brasil esquina com Benjamin Constant, Avenida Brasil com Fagundes dos Reis, Avenida Brasil com Bento Gonçalves, Avenida Brasil com Coronel Chicuta, Avenida Brasil com Avenida Sete de Setembro e Avenida Brasil com Teixeira Soares.
Distância: 1 Km (seis quadras)
Horário: 13h20
Resultado:
Duração do percurso: 8 minutos
Quantas vezes o veículo parou: dez vezes
Número de vezes que engatou a primeira marcha: dez
Número de vezes que pisou na embreagem: 24 vezes
Situação dos semáforos: Não tem sincronização. Dos seis semáforos, cinco estavam com o sinal fechado durante o percurso.
Motoristas reivindicam a sincronização
O motorista Carlos Eduardo Vargas Rodrigues cobra das autoridades a promessa de sincronização dos semáforos feita há dois anos pelo Poder Público. “Há anos atrás disseram não ter "onda verde" devido às sinaleiras serem ultrapassadas, e agora? É algo estressante. Além do mais esse problema facilita a ocorrência de multa, porque às vezes o sinal está verde, mas o fluxo não flui e os motoristas acabam ficando no cruzamento ou em cima da faixa”, reclama o motorista.
Segundo o condutor, essa situação provoca gasto a mais de combustível, devido a sequência de pára e anda.
Os taxistas Adilson Cavalheiro e Rudimar Melo Moraes também desaprovam a falta de sincronização. Eles informaram que o trânsito lento também provoca custos a mais para os passageiros. Uma corrida até a rodoviária que custa em média R$ 10,00 passa para R$ 11,00 em horários de pico.
O motorista de ônibus coletivo urbano, Tiago Alves disse que a situação piora em dias de chuva e o horário dos ônibus atrasa. “O trânsito não flui. Abre uma sinaleira e fecha a outra e temos que ter muito mais cuidado para evitar acidentes e para não ser multado ao para nos cruzamentos e na faixa”, disse o motorista de ônibus.
Custo da manutenção do veículo aumenta
As sequências de arrancadas e paradas em distâncias curtas aumentam os gastos com combustível e com a manutenção do veículo, porque desgasta mais rápido os freios, e a embreagem, entre outras peças. O gerente de oficina mecânica, Nicolas Dal Piva Longhi afirma que além dos desgastes com peças, o carro pode sofrer um aquecimento e o custo com combustível aumenta consideravelmente. “O consumo de combustível tende aumentar porque não há um fluxo contínuo. Acredito que o gasto seja de 30% a mais”, afirma o gerente da oficina.
Sincronização seria a solução
O advogado Gilmar Lopes Teixeira, especialista na área de trânsito, afirma que um sistema de sincronização resolveria o caos no trânsito nos horários de maior movimento no centro da cidade. “Já foi feito um grande investimento no tipo de semáforos que está colhendo resultados advindos da fiscalização. Com esses recursos das multas e através da engenharia disponível é possível implantar um sistema de sincronização”, afirma o advogado.
Ele citou o projeto “Onda Verde”. Nesse tipo de sistema, os veículos com uma velocidade padrão pegam todos os semáforos abertos. O “Verde Otimização” também seria um modelo eficiente para controlar o tempo dos equipamentos nos horários de pico. Há também um programa chamado “Tempo Real” por meio de laços magnéticos no asfalto que controlam o tempo do sinal conforme o volume de veículos detectados. “São sistemas que proporcionariam ao motorista pegar o sinal verde em uma sequência de semáforos. Isso contribuiria para a fluidez do tráfego, evitaria acidentes, congestionamento e multas”, explica o especialista em trânsito.
Estimativa para solução
O secretário de Segurança, Márcio Patussi, responsável pela área de trânsito, disse que o sistema semafórico instalado em 2009 é apropriado para a inclusão de uma central de monitoramento e interligação dos semáforos. O município já prevê recursos do BID para a Central Semafórica Inteligente, mas ainda depende da aprovação do Banco Interamericano. “Os termos de referência estão sendo realizados pelo município para a aprovação. Vou me reunir com o pessoal do BID e em seguida largaremos o edital de licitação”, explica o secretário.
Neste momento, a prefeitura está escolhendo o modelo de sistema e o secretário revela que já conversou com três empresas interessadas. “Após a definição do sistema, a nossa previsão é que até o final do ano tenhamos uma Central de Monitoramento Inteligente”, estima Patussi.
Conforme o secretário, o modelo “Onda Verde” não é adequado para Passo Fundo, porque funciona apenas para vias de alto tráfego. Ele disse que a Avenida Brasil possui apenas duas pistas e comporta caminhões, carros, ônibus e motocicletas. “Queremos implantar semáforos com oito tempos diferentes conforme o movimento e horários de maior intensidade. Mas, só conseguiremos implantar a sincronização por cabeamento”, disse Patussi.
O investimento será alto, mas a secretaria ainda está estudando os projetos e não sabe precisar o valor.