A modernização do transporte coletivo de Passo Fundo através da implantação de um sistema de bilhetagem eletrônica e transporte integrado entre as linhas urbanas ganha força. A pauta foi discutida ontem (30) em uma audiência pública realizada pela Uampaf (União das Associações de Moradores de Passo Fundo) na Câmara dos Vereadores. A audiência teve como convidado o diretor do Sistema Integrado Municipal de Santa Maria, Edmilson Gabardo.
Bilhetagem Eletrônica
A bilhetagem eletrônica é o pagamento em forma de cartão, que dá a alternativa ao usuário de utilizar o transporte público de forma diferente dos métodos tradicionais, que são dinheiro ou passagens. O usuário adquire e recarrega o cartão para seu uso próprio, esquema semelhante a uma recarga de celular ou até mesmo o uso de um cartão de crédito. No caso de vale-transporte, o sistema de bilhetagem eletrônica proporciona um maior controle e facilidade de distribuição aos trabalhadores. Os empregadores cadastram os cartões dos empregados no site da ATU (Associação dos Transportadores Urbanos de Passageiros de Santa Maria), deixando prontos para uso. O usuário retira o cartão na ATU e a partir do primeiro uso, já dentro do ônibus, ele recebe os créditos que o empregador repassou. O pagamento é feito pelo banco ou pela internet. Os demais cartões, como cartão-cidadão e cartão-escolar são adquiridos e recarregados nas lojas do sistema. O sistema eletrônico permite também o controle de passageiros, permitindo a elaboração mais detalhada de estatísticas.
Além da agilidade no processo, um dado relevante refere-se ao número de assaltos a coletivos em Santa Maria. Segundo Gabardo, o número de delitos reduziu em torno de 90% após a implantação do novo sistema, uma vez que o dinheiro circulante nos caixas dos ônibus teve grande redução. O diretor realça também a importância do cobrador no transporte coletivo e descarta que estes profissionais possam perder seu lugar no ônibus com o novo sistema. “Como temos pagantes eventuais em dinheiros, é importante a presença do cobrador. Mais que um cobrador ele é um auxiliar de bordo, ele informa e tem várias ações a serem realizadas no bilhetador”, enfatiza.
Entretanto, segundo ele, necessário ter o conhecimento de que a bilhetagem não é a solução para todos os problemas de transporte, é apenas um facilitador. O método ajuda as pessoas a não precisarem de dinheiro ou passagem, levando apenas um cartão para utilizar o transporte coletivo. Em Santa Maria cerca de 70 mil de um universo de 100 mil passageiros diários da cidade estão usando o cartão para o transporte.
O Transporte Integrado
Em Santa Maria não há mais a existência de linhas separadas de diferentes empresas. Apesar de existirem seis empresas privadas de transporte coletivo na cidade, elas atuam de forma conjunta, integrada. As mudanças ocorreram após um decreto do Poder Executivo que deliberou que todos os ônibus utilizassem o mesmo padrão de pintura, acesso pela porta da frente, acessibilidade para cadeirantes e o sistema eletrônico de controle de passageiros. Além disso, foram adquiridos 60 novos ônibus para a cidade.
O transporte integrado permite que o passageiro use um primeiro ônibus, do bairro até o centro, por exemplo, e pegue outro ônibus para outra localidade pagando menos. No caso de Santa Maria, uma passagem e meia em vez de duas passagens. Gabardo exemplifica como acontece por lá. “O estudante embarca no primeiro ônibus, da vila ao centro e paga R$ 1,15. Ele tem 40 minutos para pegar o outro ônibus. Ele sobe no outro ônibus para ir à Universidade e paga R$ 0,57 para cumprir o outro destino”, relata. Complementando o pensamento, Antonio dos Santos, presidente da UAMPAF, contextualiza como aconteceria hoje que em Passo Fundo. “Se sair do Zacchia para ir ao Boqueirão são necessários dois ônibus. O valor da tarifa de ida e volta é de R$ 9,20. Nesse sistema de passagem integrada o valor será de R$ 6,90”, exemplifica.
Para a integração ser útil e aproveitada na cidade, é preciso a adesão da população à causa e que ela utilize mais o transporte coletivo do que hoje em dia. “Para o sistema ser vantajoso é primordial que as pessoas utilizem-no, e para isso, o poder público precisa tomar à frente, fazendo vias únicas para ônibus, possibilitando que o tráfego dos coletivos seja mais ágil do que o tráfego geral, bem como ajustar os temporizadores dos semáforos de maneira estratégica.
A sugestão será encaminhada, através da Uampaf, ao gabinete do prefeito Airton Dipp. Caberá ao Executivo analisar a proposta e decidir se o sistema é viável, de acordo com a realidade de Passo Fundo.
Sistema Integrado e Bilhetagem Eletrônica em debate
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