QUE FRIO (Parte II)

Driblando o frio na hora do trabalho

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Alguns trabalhadores sofrem um pouco mais com frio, pela exposição ao tempo, ou por ter que utilizar água para realizar o serviço. ON conversou com alguns destes profissionais para saber o que eles fazem para amenizar o frio e cumprir o expediente diário da melhor forma.

 

Auxiliar de limpeza

Lúcia Moraes Gomes é auxiliar de limpeza. Ela utiliza a água como instrumento e diz que nos dias frios o trabalho fica um pouco mais difícil. A água gelada acaba causando uma sensação dolorosa. Para amenizar, a alternativa encontrada foi o uso de luvas de borracha para as mãos, fazendo com que o contato com o líquido seja mínimo. “Evitar não tem como, o que faço é tentar reduzir”. Na hora de lavar a calçada, as botas de borracha também ajudam. Entretanto, Lúcia diz que o casaco, por exemplo, acaba limitando os movimentos. A auxiliar veste três blusas, sendo duas de lã para se esquentar. “Como estou sempre me movimentando, acabo esquentando rapidinho”, diz. Precavida, Lúcia também leva meias, sapato e uma calça reserva, caso o que esteja usando acabe se molhando.

 

Pedreiro

Osmar Trein trabalha como pedreiro há 18 anos. Ele diz que todo inverno acaba sofrendo bastante com as baixas temperaturas. Ao contrário da chuva, que quando acontece o trabalho é feito dentro da obra, com o frio, não adianta se esconder. “Às vezes os dedos congelam. Para me proteger paro um pouco e coloco as mãos no bolso. Não tenho muito que fazer”, ressalta. Quanto ao uso do casaco, Osmar diz que mesmo que os movimentos fiquem um pouco mais restritos, o uso é determinante para poder continuar trabalhando. “Senão a gente não aguenta o frio, principalmente pela manhã”, diz.

 

Lavador de carros

Há quase três anos Algemir Santana Gomes trabalha em uma lavagem de carros. Com a chegada do frio o trabalho se torna um pouco doloroso. A água fria não tem como ser evitada. Mesmo com luvas e botas de borracha, o contato com a água ainda existe. “O casaco não tem como. Estou sempre trocando quando está muito molhado”, diz. Para o lavador, a pior combinação é o frio com a chuva. Nessa situação ele fica sem trabalho. “Quando fica muitos dias chovendo ficamos sem ganhar. Dependemos do tempo também”, destaca. Nem mesmo o chimarrão é usado para tentar se esquentar. “Evito porque pegamos muito vento. Fico receoso”, fala.

 

Motoboy

Os motoboys também sofrem muito com o frio. Willian Policeno de Souza trabalha nessa profissão e falar que a maior dificuldade é manter as extremidades do corpo quentes. As mãos, que pilotam o veículo, muitas vezes são as primeiras a “congelar”. O uso de luvas grossas, no caso de Willian, duas luvas, ajuda a esconder do frio. Algumas técnicas também são usadas para não deixar que o vento gelado judie bastante. “Uso jornal no sapato e quando está muito frio até mesmo nos punhos e no corpo. O papel não deixa o vento passar e isso ajuda bastante”, conta. Já na cabeça, o motoboy diz que hoje só usa o capacete. Há algum tempo usava a touca, mas foi parado em uma blitz e recomendado pelo policial para não fazer mais a utilização para evitar que fosse confundido com assaltantes. Depois disso, somente o capacete ajuda a barrar o vento gelado. “Mas tem que deixar um pouquinho da viseira aberta, senão embaça”, fala. Outro problema, segundo ele, é no próprio veículo, que acaba não ligando na hora de sair.

 

Comércio

As vendas de eletrodomésticos para tentar fugir do frio e manter o ambiente quentinho estão altas. Estufas, aquecedores, fogões a lenha e condicionadores de ar são os mais procurados. Na Deltasul, por exemplo, a venda chegou a subir 80%, se comparado com o ano passado. O gerente da loja, Luís Schlemer ressalta que ainda não faltou os eletrodomésticos no estoque, mas se as vendas seguirem em disparada como os últimos dias não sabe até quando ele pode durar.

No setor dos aquecedores, a saída foi superior a 80%. O preço varia entre R$ 59 até R$ 159.

Já os fogões a lenha tiveram a venda em 70% a mais. Por ter vários modelos, o preço varia consideravelmente. Alguns chegam a ter caldeira e local específico para esquentar a água para o chimarrão. O preço oscila entre R$ 399 a R$ 1.459.

Quanto ao segmento de condicionadores de ar, o acréscimo foi menor, de apenas 20%. O motivo, segundo o gerente é o alto custo de instalação. Dependendo no modelo pode chegar a R$ 300, o que quase representaria o preço de um fogão a lenha. “Outro motivo da baixa é porque quando a temperatura fica abaixo dos 5°C o condicionador não esquenta, ele fica ligado, mas só ventila, na maioria das vezes”, explica. O preço varia de R$ 899 a R$ 1.399.

Outro eletrodoméstico que foi muito procurado nos últimos dias foi a secadora de roupas. Com quase duas semanas consecutivas de chuva, muitas pessoas não viram outra alternativa de secar a roupa sem ser com o uso da máquina. A venda subiu cerca de 40%. Os modelos variam desde os modelos menores de parede, com o preço mínimo de R$ 249, até as máquinas que secam até 10 kg, com o preço máximo de R$1499.

Já no comércio de roupas, as vendas tem se mantido em relação ao ano passado. A justificativa é que o frio acabou chegando mais tarde, e somente agora as pessoas começaram na procurar pelos agasalhos. Casacos mais pesados e botas modelo montaria estão entre os itens mais procurados pelas mulheres. A informação é da gerente da loja C.J Dullius, Leila Barvisan. “Os casacos vão desde os de tec tel, que são mais comuns, até os de lã, que acabam sendo mais quentinhos. Os preços variam de R$ 100 a R$ 500. Já as botas, as de montaria por serem mais baixas, deixar o pé mais quentinho e poder ser usadas no dia a dia estão tendo uma saída melhor. Os preços variam de R$ 100 a R$ 300”, destaca.

Os homens também têm buscado novos itens para se aquecer. Sobretudos, casacos, chapéus, gorros, mantas e botas estão tendo uma saída significativa nos últimos dias. “Vale tudo para se agasalhar”, diz a gerente da loja Don Juan, Ruth Fontoura. Segundo ela as vendas aumentaram cerca de 15%, se comparado com o ano passado. Os sobretudos variam de R$ 269 a R$ 499. Já os blusões de tricot, que também estão em alta, vão de R$ 79 a R$ 259. As mantas, um pouco mais acessíveis, têm o preço de R$ 29 a R$ 89.

 

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