Glenda Mendes/ON
Desde que o sistema de coleta de lixo foi modificado, com o incentivo para a separação do lixo através do uso de contêineres azuis distribuídos pela cidade, o material reciclável que chega ao aterro sanitário está sendo melhor aproveitado. Embora ainda não da forma ideal, boa parte da população já está fazendo a sua parte e separando o lixo seco do orgânico. Com isso, quem ganha são as famílias de recicladores que trabalham nas cooperativas existentes em Passo Fundo.
Além da Recibela (Recicladores Parque Bela Vista), que atua na separação do lixo diretamente na esteira do aterro sanitário, os cooperados da AMMA (Associação de Amigas do Meio Ambiente) e Cootraempo (Cooperativa Mista de Produção e Trabalho dos Empreendedores Populares da Santa Marta) estão sendo beneficiados. Todo o material reciclável que chega no aterro e que pode ser aproveitado para venda, é compactado e convertido em renda para os associados da Recibela. Já o que é recolhido nos pontos de coleta existentes na cidade está sendo distribuído para os associados das cooperativas que estão em atuação, que é o caso da AMMA e Cootraempo.
Em 30 dias, novas famílias começam a ser beneficiadas, com a entrega das obras dos galpões de reciclagem nos bairros Bom Jesus e Donária. Cada um deve contar com o trabalho de 30 associados, ou seja, outras 60 famílias poderão conseguir renda através da venda de material reciclável sem precisar fazer a coleta com carrinhos diretamente nas ruas de Passo Fundo. “Esperamos que nos próximos 30 dias, máximo 60 dias, entrem em funcionamento os galpões nestes bairros”, projeta o secretário municipal de Meio Ambiente, Clóvis Alves. Um dos grandes benefícios com os galpões é que estas pessoas não mais precisarão trabalhar enfrentando condições como chuva e baixa temperatura durante o inverno ou sol muito forte durante o verão.
De acordo com Alves, mesmo com o incentivo, a separação que hoje está sendo feita ainda não apresenta muita qualidade, “mas conseguimos agora melhorar o abastecimento nos galpões. Estamos fazendo dois turnos com o caminhão e aumentamos o número de postos de entrega de material reciclável. Então hoje a demanda de material está sendo bem atendida”, argumenta o secretário. Porém, ele admite que ainda é necessário avançar no que se refere à qualidade do material reciclável do contêiner azul. “Hoje em dia, quando o material chega no aterro, a associação que trabalha no local consegue um índice bem melhor de aproveitamento dos azuis do que dos laranjas”, completa.
Para este ano existe ainda a previsão da construção de um quinto galpão, no loteamento Morado do Sol, através de recurso do orçamento participativo do governo do Estado, apresentado como prioridade pelo Corede da região.
Trabalho que traz sustento
Com o material que é recolhido nos pontos de coleta, sete mulheres da AMMA conseguem hoje encontrar a forma de sustento. No galpão que fica na vila Cruzeiro, elas separam, compactam e vendem todo tipo de material que possa ser reutilizado. “Recebemos aqui plástico, papel, ferro, garrafas de plástico, tudo que pode ser reciclado”, destaca Celi Ignácio, presidente da AMMA.
Tal como Celi, as outras seis mulheres que trabalham com ela tiram deste material a renda para manterem suas famílias. Algumas delas, antes de se associarem à AMMA, recolhiam o material diretamente nas ruas. “Aqui é bem melhor do que catar na rua, com chuva ou muito sol. Já tivemos tempos difíceis até mesmo aqui, mas agora temos bastante coisa chegando”, salienta.