Solução de problema histórico

Pela primeira vez um médico vai atender semanalmente a população carcerária

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Gerson Lopes/ON

Com uma população carcerária de 608 presos no regime fechado (número de ontem), o Presídio Regional de Passo Fundo finalmente conseguiu resolver um problema histórico: a contratação efetiva de um médico. Através de uma parceria firmada com a empresa privada Cimesaúde, o clínico geral Cristiano Valentim, 33 anos,  vai cumprir uma carga horária mensal de 20 horas. O atendimento será realizado sempre na sexta-feira pelo turno da manhã.

Formado há 10 anos, pela Universidade de Passo Fundo, o médico cruzou o portão de entrada do presídio, na manhã de ontem, pela primeira vez. Acompanhado dos agentes, caminhou pelos corredores de seu novo local de trabalho e conheceu de perto a realidade da superlotação. Em uma das celas, chegou a contabilizar 15 presos dividindo um espaço de nove metros quadrados.

Valentim também fez um levantamento dos medicamentos disponíveis e a situação do fichário de atendimento dos detentos. Antes de sua chegada, o trabalho vinha sendo realizado quinzenalmente de forma voluntária pelo médico Pedro Omar, através de uma parceria entre a direção do presídio e a pastoral carcerária. Subdiretor do presídio, José Renato Marques Ramos, diz que, pela primeira vez, o órgão terá um profissional da área contratado.  “O Estado chegou a realizar concurso para preencher a vaga, mas não houve interesse de ninguém” alega.

Segundo ele, a contratação de Valentim é resultado de pelo menos três meses de conversa e, principalmente, de muita sensibilidade do profissional, que, mesmo recebendo um salário bem abaixo do mercado, aceitou o desafio. “Eu já atendia muitos detentos no Hospital Municipal, onde cumpro uma carga horária à tarde. Conversei com o pessoal e decidi ajudar. Pelo dinheiro não valeria a pena” explica.

Ramos destaca que a parceria somente foi possível com a colaboração da Cimesaúde, responsável pelos custos. Além de qualificar o atendimento, a presença do médico vai evitar os constantes deslocamentos para os hospitais, reduzindo custos e aumentando a segurança. A partir de agora, as saídas somente serão permitidas em situações de emergência ou por recomendação do profissional, garante a direção.

Atendimentos

Logo após receber a imprensa, Valentim deu início aos atendimentos na sala do ambulatório. A lista para o primeiro dia era de 15 pessoas, incluindo homens e mulheres. Em função da aglomeração nas celas, juntamente com as baixas temperaturas e a umidade, ele acredita que as doenças respiratórios devem liderar a lista entre os presos. “Será um trabalho curativo, vamos acompanhar de perto caso a caso” projeta.

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