Chuva desabriga famílias em Passo Fundo

No Bairro Manoel Portela, o Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil identificaram riscos de desmoronamento

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Daniela Faria e Leonardo Andreoli/ON

As 24 horas quase ininterruptas de chuva causaram danos e transtornos em Passo Fundo. Nessa quinta-feira a Defesa Civil municipal interditou seis residências no Bairro Manoel Portela que corriam risco de desmoronar. O Corpo de Bombeiros monitorou a área desde a noite de quarta-feira para avaliar os riscos. Na manhã de ontem eles decidiram pela desocupação das casas. A previsão é de que hoje a chuva dê uma trégua.

As famílias foram retiradas da área de risco e ontem o município anunciou no final da tarde que elas serão acolhidas de imediato e passarão a receber o aluguel social no valor de R$ 400,00.

Passava das 21h de quarta-feira quando o filho de Márcia Taborda, 39 anos, foi ao banheiro e escutou um barulho estranho do lado de fora da casa. Quando ele saiu de casa para verificar o que estava acontecendo percebeu que parte do terreno havia cedido. “Tinha uma sobrinha e a filha dela que moravam no porão e só se salvaram porque naquela hora elas estavam na minha casa na parte de cima”, conta a moradora. Ela e os dois filhos ainda não sabem para onde irão. Parte dos móveis foi colocado nas casas dos vizinhos e outra parte permanecia dentro da casa sem que eles pudessem retirara em função do risco. “As coisas da parte de baixo ficaram todas lá, não tivemos como tirar nada”, pontua.

Menos de 50 metros à frente a família de Vanessa Pinto enfrenta a mesma situação. Ela e outras quatro pessoas moram no local há 25 anos e nunca tiveram problemas com a segurança do terreno. “É a primeira vez que acontece isso. Conseguimos tirar os móveis, só ficou um guardarroupa e o resto tiramos. Agora a gente colocou um pouco em cada vizinho  e vamos ter que ficar de favor até arrumar alguma coisa”, afirma.

Zacchia

No Bairro José Alexandre Zacchia um rio que corta a região teve um aumento no nível e a água chegou ao pátio de algumas residências. Na casa de Domingos da Silva a água chegou no nível do assoalho, mas não entrou na casa. “Tirei minha família de casa. Minha mulher e meu filho estão na casa da minha sogra. O menino está com pneumonia, voltou do hospital essa semana, levamos ele pra lá por causa da umidade”, pontua. Segundo ele, quando os volumes de chuva são mais significativos a água sobe. Um projeto para evitar o problema já teria sido apresentado para os moradores, mas até hoje não foi implantado. O nível do Rio Passo Fundo também subiu consideravelmente. Na Entre Rios, a água chegou ao pátio das casas, mas até o fechamento da edição não tinha causado maiores problemas.

Áreas de risco

O chefe da Defesa Civil Municipal e secretário de Segurança, Cidadania e Assistência Social, Márcio Patussi, esteve no local durante a manhã acompanhando a retirada das famílias das casas interditadas. Patussi disse que essa foi a melhor alternativa encontrada para que as pessoas não corressem risco.

Agora as famílias estão alocadas nas casas de vizinhos e parentes. Patussi disse ainda que caso haja necessidade as casas de abrigamento do município estão à disposição nesse primeiro momento. Em seguida, a Secretaria de Habitação deve fazer uma avaliação de risco para estudar programas habitacionais para essas famílias. “Vale lembrar que essa é uma ação conjunta com Bombeiros, Defesa Civil e Secretarias de Obra, Cidadania e Assistência Social, Habitação, Segurança Pública e Meio Ambiente”, ressalta. O secretário de Obras, Ermindo Simonetti, que também estava no local, disse que as máquinas estão disponíveis para realizar o que for preciso. “Estamos esperando só o tempo melhorar e a determinação da Defesa Civil”, diz.

Quanto as moradias, o secretário de Habitação, Clademir Daron, disse que o município está programando um aluguel provisório para os moradores atingidos. “Depois faremos um projeto de assentamento das famílias”. Daron destacou que a ideia no momento é agir estritamente nos locais onde há risco de desabamento. Ele frisou ainda que essas áreas que estão interditadas foram ocupadas de forma irregular e sem planejamento ou orientação da Prefeitura. “Estamos tentando resolver esse problema e buscando alternativas. È o que podemos fazer”, conclui.

Volume de chuva
Foram registrados 124 mm em 24 horas. Já são 309 mm no mês, o que representa 101% a mais da média prevista, que era de 153,4. A chuva, que causou tantos transtornos, vai dar uma trégua no final da semana. A chegada de um ar frio e seco vai afastar essa área de instabilidade da região. Para essa sexta-feira, segundo o observador meteorológico da Embrapa Trigo, Ivegndonei Sampaio, o dia ainda vai amanhecer com nevoeiro ou névoa úmida. No decorrer do período o sol pode aparecer. A temperatura vai oscilar entre 09°C e 15°C
No sábado os termômetros vão despencar no início do dia, ponde chegar a 06°C. O sol irá predominar e, com isso, a temperatura entra em elevação. A máxima pode atingir os 18°C. Já no domingo o tempo volta a ficar nublado, tendo um aumento durante a tarde. “No início da noite, por causa de nuvens mais carregadas pode chover fraco em pontos isolados”, ressalta. A temperatura fica entre 12°C e 20°C.

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