Glenda Mendes/ON
O 25 de julho, dia de São Cristóvão, padroeiro dos motoristas, é também a data dedicada aos profissionais dessa área. Passar a vida nas estradas, virando noites longe da família, almoçando e dormindo no caminhão é uma vida de sacrifícios enfrentada por poucos. Além de tudo isso, ainda existe o risco das estradas, cada vez mais perigosas. Em alguns casos, o prazo para entrega das cargas é que oferece o maior risco aos motoristas, que acabam ultrapassando a velocidade máxima permitida para não chegarem atrasados ao local de entrega.
Esta é a vida de Sérgio Oilton Coelho Machado há 12 anos, desde que começou na profissão de motorista. De lá para cá, foram seis acidentes graves nos quais se envolveu, fora os outros tantos que viu acontecer nas estradas do país. Natural de Passo Fundo, ele tinha o sonho de seguir a carreira do pai: ser maquinista de trem, mas quando atingiu a idade para entrar na profissão, os trens já não percorriam os estados brasileiros, por isso ser motorista foi a escolha.
Por conta dos diversos acidentes que sofreu nas estradas, optou por trocar as viagens de longa distância, que fazia no início, por trajetos menos extensos. “Teve uma vez que fiquei 20 dias viajando. Fui para o Espírito Santo e para não voltar com o caminhão vazio até São Paulo, fiquei esperando uma carga de mamão. Foi difícil, porque a gente fica muito tempo fora de casa, tem que dormir no caminhão, sem conforto, não tem muito com quem conversar”, comenta Machado.
Trabalhando sempre como empregado, Machado conta que já pensou em ser autônomo e ter seu próprio caminhão. “Já tive ideia de ter meu caminhão sim, mas com as dificuldades que a gente tem hoje em dia, já estou desistindo. Além do perigo que é estar nas estradas, que pode dar acidente, assalto, caminhão é muito caro”, avalia.
38 anos de profissão
Moacir Jandir Durante é motorista desde 1973. “Na época que eu comecei era mais fácil ser motorista, porque as estradas eram menos movimentadas”, conta. Neste tempo, 38 anos de profissão, trabalhou com transporte cargas em caminhões e há 19 anos está exercendo a função de motorista de ônibus. Com todo este tempo de profissão, a principal escolha que fez foi a de não ficar muito tempo fora de casa. “Cheguei a ficar um dia ou dois longe da família, mas nunca fui ficar muito tempo longe de casa, procurava não pegar viagens longas. E agora com o ônibus, fico no máximo uma noite fora de casa”, comenta.
Acidentes na estrada, Durante conta que viu muitos e chegou até mesmo a precisar auxiliar no socorro, mas em 38 anos de profissão, nunca se envolveu em qualquer deles. “Desde pequeno eu gostava de dirigir. Fui aprendendo ainda quando morava pra fora e depois peguei o gosto. Toda a minha vida profissional foi como motorista”, destaca.
Porém, como a grande maioria dos motoristas, Durante não incentivou os filhos a seguir seus passos, mas orgulha-se de afirmar que conseguiu formar todos os quatro filhos graças ao seu trabalho. “Os filhos estão todos formados, só falta a última que está quase se formando. O mais velho se formou professor de Educação Física, a segunda é jornalista, o outro é em Química o esta que ainda está fazendo, é Arquitetura”, destaca.