Livro Tchê Garotos na Alma será lançado nesta segunda-feira

Autora do livro é passo-fundense e escolheu a cidade para o primeiro lançamento do livro que conta a história da banda

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Leonardo Andreoli/ON

O livro Tchê Garotos na Alma será lançado oficialmente nesta segunda-feira, 1° de agosto. A apresentação da obra acontece na livraria Nobel, do Shopping Bella Città, a partir das 19h30. A autora é a jornalista passo-fundense Fernanda Bruni. Tchê Garotos na Alma conta a história da banda Tchê Garotos que está na estrada há 16 anos. São 240 páginas que, além de texto, trazem fotos inéditas da banda, imagens da infância dos artistas, de bastidores e da intimidade com familiares e amigos. A obra demorou três anos para ser finalizada. Em entrevista, a autora conta como foi a produção. Confira.

O Nacional - Como surgiu a ideia de registrar a história do Tchê Garotos? Você foi convidada ou teve a iniciativa de escrever?
Fernanda Bruni -
A ideia surgiu em 2007 numa conversa com meu marido, Wagler Vieira, duas semanas após eu ter recebido meu título de mestre em Bens Culturais pela Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro. Era final de julho e estávamos morando em Santos, SP. A minha dissertação era sobre a divisão territorial de Goiás/Tocantins e tinha a intenção de transformá-la em livro. Mas, aquele texto tinha me deixado esgotada a ponto de nem querer mais olhar para ele. Uma tarde ele perguntou: “tirando o Tocantins, se você fosse escrever um livro, sobre o que escreveria?”. Respondi: “sobre o Tchê Garotos”. Ele gostou da ideia e começamos a montar um projeto para apresentar à banda naquele mesmo dia.

ON - O livro demorou mais de três anos para ser concluído. Como foi essa trajetória?
FB -
Depois do projeto montado em 2007, fui chamada pela Ulbra do Tocantins para dar aula no curso de Jornalismo. Mudamos para Palmas e fiquei amadurecendo a ideia. Eu tinha muita vontade de escrever, um projeto pronto, mas morava longe e estava num emprego novo. Não tinha como me deslocar e realizar as entrevistas planejadas. Um dia vim para Passo Fundo visitar minha mãe e a banda estava toda em Porto Alegre gravando um programa de televisão. Não tive dúvidas e fui para lá conversar com eles sobre a ideia do livro. Eles toparam e depois foi uma questão de acertar o tempo para realizar tudo. Enquanto isso, eles me mandaram um acervo fotográfico de mais de oito mil fotos que foi digitalizado com a ajuda de uma aluna. Só consegui ficar 40 dias em Porto Alegre para coletar todo material. Em 2010 finalizei a junção de tudo o que tinha conseguido (e foi muita coisa) e agora em 2011 o texto foi definitivamente finalizado dentro do perfil literário que julguei mais correto.

ON - Qual foi a parte mais difícil do trabalho?
FB -
Não chamaria de difícil. Tudo foi muito trabalhoso. Essa parte final, de deixar o texto dentro de um padrão comercial, com os ganchos necessários para não deixar algumas histórias soltas foi o que mais me cansou. Só que vendo o resultado final não tenho do que reclamar. Ainda não sou mãe, mas acredito que seja como as dores de um parto normal. Você morre de dor, mas quando vê a criança nos braços esquece tudo. É mais ou menos assim essa relação.

ON – Por que o primeiro lançamento em Passo Fundo?
FB -
Passo Fundo é a terra que me viu nascer, crescer e me tornar profissional. É a cidade da minha família, dos meus amigos. É a capital da literatura. Eu não imaginaria fazer o primeiro lançamento do meu primeiro livro em outro lugar que não fosse aqui.

ON - O Tchê Garotos nasceu no Rio Grande do Sul e hoje é conhecido no Brasil inteiro. Com o livro não será diferente. Como vai ser o trabalho de divulgação?
FB -
Nós estamos divulgando em todo o país. Mas, intensificamos agora aqui no Sul por ser o berço do trabalho deles. Além das noites de autógrafos, estamos divulgando na imprensa nacional, participando de programas de rádio e televisão.

ON - Onde comprar?
FB -
No site do livro www.tchegarotosnaalma.com.br tem uma relação de todas as livrarias onde os exemplares estão sendo vendidos. Aqui em Passo Fundo nós estamos com a parceria da Livraria Nobel, do Shopping Bella Città.

CONFIRA AGORA A SEGUNDA PARTE DA ENTREVISTA ( TRECHO EXCLUSIVO PARA O PORTAL ON)

O Nacional - Geralmente o jornalista olha os fatos de fora. Você como jornalista e escritora não teve como fazer isso por estar ligada aos integrantes da banda. Como isso influenciou a produção?
Fernanda Bruni -
Para mim, estar ligada diretamente a eles, foi a melhor coisa que aconteceu. Consegui captar toda a emoção das histórias contadas e transmitir para o livro. Muita gente que leu me manda mensagens dizendo que é um livro muito emocionante, que a cada página é uma emoção diferente, que choraram ou que riram das histórias, enfim, esse era o objetivo. E eu estava ali na condição de escritora, não de jornalista. Eu precisava me inserir naquele mundo completamente, sem sistematizar texto, muito menos os relatos. É história de vida e quando falamos da vida não podemos nos dar ao luxo de ter o texto mecânico, acadêmico. Temos que ter flexibilidade até porque não existe uma linha editorial.

ON - Com todos os dados levantados e a pesquisa realizada, hoje você conhece o Tchê Garotos mais do que o próprio grupo?
FB -
Conheço muito, mas mais do que eles é impossível. É muita história. Algumas delas eu tive que selecionar e outras eles acabaram me contando depois do livro pronto porque não lembraram quando fiz as entrevistas. São 16 anos de carreira. Imagine se eu fosse contar ano a ano. Ia ter umas cinco mil páginas.

ON - O que os fãs e admiradores do grupo encontrarão na obra?
FB -
Tem de tudo um pouco. Desde quando a banda surgiu, como fizeram para montar a estrutura inicial, a escolha dos integrantes, a escolha do nome, as alegrias, as frustrações, as brigas quando resolveram mudar o estilo musical e os rotularam como Tchê Music, as parcerias para o projeto nacional, a viagem para os Estados Unidos e, o que eu acho mais legal, as histórias individuais de vida de cada um dos integrantes. Além de muita foto, mas muita mesmo. Basicamente é uma história que fala de realizar sonhos e de que sempre temos que pensar em fazer aquilo que achamos ser o melhor para nós.

Autora
Fernanda Bruni é gaúcha de Passo Fundo, jornalista há 13 anos, blogueira, twitteira, mestre em Bens Culturais pela Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro, formada em Jornalismo pela Universidade de Passo Fundo. Foi repórter e editora do Jornal do Tocantins (Palmas), e repórter dos jornais Diário da Manhã e O Nacional de Passo Fundo. Lecionou no curso de Jornalismo do Centro Universitário Luterano de Palmas nas disciplinas de Fundamentos do Jornalismo, Redação Jornalística I, II e III, Redação para Comunicação, Produção Jornalística e Webjornalismo.

Tchê Garotos

A banda começou em 1995 com um estilo musical tradicional. As músicas falavam das lidas de campo, de cavalo, das prendas, do regionalismo gaúcho. Como os artistas tinham uma qualidade musical alta, quiseram experimentar novos elementos na sua música. Introduziram percussão, colocaram um swing mais “apimentado” e entraram num projeto chamado Tchê Music que tinha a intenção de tornar a música do Rio Grande do Sul conhecida nacionalmente (parecido com o Axé Music da Bahia). Porém, o projeto não vingou, mas eles permaneceram com o rótulo. A partir de 2005, assumiram definitivamente um novo estilo musical, tiraram as vestes gaúchas, mas permanecem até hoje com o ritmo base do seu trabalho que é o vaneirão.

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