Família doa acervo de Nicolau Araújo Vergueiro após cinco décadas de espera

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Gerson Lopes/ON
           
     Uma preciosidade cultural conservada com todo zelo, durante 56 anos, começa a ser disponibilizada para o público. A biblioteca com centenas de livros e revistas que contribuíram para a formação intelectual do farmacêutico, médico e do político mais influente do município na primeira metade do século XX, foi doada por familiares  na semana passada ao Instituto Histórico de Passo Fundo.
 
     O acervo de Nicolau Araújo Vergueiro em breve deixará a sala no andar térreo do edifício Vivenda do Colégio, na rua Capitão Araújo, mesmo local onde durante anos  foi o endereço dos vergueiros. Lá estão nove armários, com portas de vidros e detalhes em escultura na madeira, abarrotados com três a quatro mil obras de literatura, história, coleções de revistas e documentos.
      
         O mesmo espaço reúne outras relíquias. As duas  máquinas de escrever, por onde passaram discursos, documentos e decisões que interferiram nos rumos  da história de Passo Fundo e da região, a mesa e cadeira de trabalho, coleções de discos, cofre, rádio, retratos e luminária. Juntos, os objetos conservam a atmosfera do ambiente onde o homem, cujo nome virou cidade,  escola, e  um bairro, costumava se refugiar por longas horas sempre que a agenda médica ou política permitiam.
       
         As portas da biblioteca estão se abrindo quase seis décadas após a morte de Nicolau, ocorrida em 16 de março de 1956. A demora se deve ao cumprimento de um pedido feito por ele aos familiares para que aguardassem um período de 50 anos, após seu falecimento, para somente depois tornar público todo o material. A família acredita que um dos motivos desse pedido está na preocupação dele em preservar nomes de pessoas citadas nos oito volumes de memórias reunidas em 1935, em um dos quartos do hotel Avenida, no Rio de Janeiro, enquanto cumpria o mandato de deputado Federal.
      
     Do ponto de vista histórico, o material é considerado até o momento, por historiadores e pesquisadores com base em uma análise superficial, o mais importante do acervo. Sem revelações de grande impacto, o conjunto traz reminiscências da época da juventude, fatos pitorescos e importantes vivenciados na atividade médica, relatos políticos, estatísticas sobre educação e investimentos realizados pela prefeitura de Passo Fundo.
      
     Ao receber a chave da sala, o diretor do Instituto Histórico de Passo Fundo, médico e pesquisador, Pedro Ari Veríssimo da Fonseca, logo tratou de buscar uma parceria com a UPF para que o material, juntamente com os móveis e demais objetos sejam encaminhados e devidamente preservados no Arquivo Histórico Regional. “A história não é para estar dentro das gavetas, tem que ser de domínio público” diz Veríssimo.
 
 Seguindo o mesmo raciocínio, Nicolau Vergueiro Malheiros, neto de
Vergueiro e responsável pela doação, estabeleceu uma parceira com o Projeto Passo Fundo para divulgação das memórias, no site www.projetopassofundo.com.br. O primeiro volume já se encontra disponível no endereço virtual, assim como outros textos do autor e dados biográficos. “Nossa intenção é tornar público todo esse
material do meu avô, através de consultas no arquivo ou pela internet”afirma Malheiros.
       
     Nesse intervalo de 56 anos, a biblioteca mudou de endereço apenas uma vez, quando no final da década de 70, a casa da família foi demolida para a construção do prédio atual. O acervo precisou ser deslocado para a casa do Barão, retornando logo após a conclusão da obra.

       A matéria completa você encontra na edição impressa de O Nacional deste final de semana
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