Além de talento e muita leitura, seja de textos ou de críticas literárias, o conhecimento de um escritor se faz com a participação em oficinas literárias. A opinião foi unânime nesta quinta-feira, dia 25 de agosto, na terceira manhã do 3º Encontro Estadual de Escritores Gaúchos – a criação literária em debate. Os convidados, autores e pesquisadores conhecidos e reconhecidos, foram Charles Kiefer, Jane Tutikian, Luiz Antônio de Assis Brasil e Marcelo Spalding. A atividade, que integra a programação da 14ª Jornada Nacional de Literatura, segue até esta sexta-feira, dia 26, no Centro de Educação em Tecnologia (Campus I), das 8h30min às 11h30min. O foco da conversa dos escritores com o público foi “Oficinas de literatura: como são, para que existem e que futuro têm.
Conceituar o que são essas oficinas é o primeiro passo para compreendê-las melhor. O conceito foi dado pelo atual secretário da Cultura do RS, romancista, ensaísta, cronista e músico Luiz Antônio de Assis Brasil. De acordo com ele, as oficinas são voltadas para a formação do escritor. “As oficinas são um dos elementos de formação”, disse, prevendo que o futuro delas está ligado às universidades, com o oferecimento de cursos de escrita criativa.
O escritor Charles Kiefer destacou um fator novo, motivador da alta demanda pelas oficinas: os blogs. “Milhões de pessoas tem blog e muitas delas percebem que é preciso qualificar o seu texto. É a partir desse contexto que a procura pelas oficinas tem aumentado, já que o texto criativo passa longe dos cursos de Letras”, observou. Na opinião dele, a escrita criativa vai melhorar cada vez mais a qualidade da literatura brasileira. Kiefer dirige, há 20 anos, uma prestigiosa oficina literária em Porto Alegre.
Jane Tutikian começou a sua explanação afirmando que sua trajetória profissional é fruto de uma oficina literária, feita com autores consagrados como Moacyr Scliar e Josué Guimarães. Para ela, a oficina é uma fase imprescindível na vida do escritor, pois introduz a técnica, orienta a leitura e estimula a produção. Sobre o futuro, ela é enfática: “não dá para conceber um escritor feito só de ideias românticas. Hoje há a substituição do escritor amador pelo escritor que tem técnica. Não se concebe um escritor sem a capacidade de refletir sobre o que faz”.
Da nova geração de escritores gaúchos, Marcelo Spalding salientou que depois de lançar o primeiro livro, foi realizar uma oficina literária, momento em que reaprendeu a ler e a escrever. “Mais do que formar escritores, a oficina forma leitores, orienta a leitura”, considerou. Spalding tem estudado e trabalhado na relação da literatura e novas tecnologias. “A grande ameaça dos livros são os leitores. Sem os leitores, não teremos livros, sejam impressos ou digitais”, pontuou.
Homenagem a Josué Guimarães
Esta sexta-feira, dia 26, será de homenagem especial no 3º Encontro Estadual de Escritores Gaúchos. Na oportunidade será apresentado o documentário “A jornada de Josué”. Coordena o evento o escritor e professor Luis Augusto Fischer.
A14ª Jornada Nacional de Literatura é uma promoção da Universidade de Passo Fundo e Prefeitura de Passo Fundo. A programação completa do evento pode ser visualizada no site www.jornadadeliteratura.upf.br.
Qual é o futuro das oficinas literárias?
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