Lições do patrono da Feira do Livro

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Se o que é bom fica para o final, a organização da Feira do Livro deste ano acertou em deixar a conversa com o patrono para a última noite de debates, realizada neste sábado. Mesmo com a ventania soprando nas estruturas da feira, um número razoável de público apareceu para ouvir as memórias e os pensamentos de Luis Carlos Tau Golin, escolhido patrono da 25ª edição por sua trajetória como professor, historiador, jornalista e escritor.

      Numa conversa informal, ele falou de sua iniciação na literatura, bastante fora do comum. “Fui me alfabetizar apenas com 12 anos. Como tive uma infância muito interessante, dividida entre o ambiente selvagem da natureza no oeste catarinense e os costumes da fronteira gaúcha, nada nos livros me parecia mais fascinante que a vida real. A relação com a literatura surgiu da necessidade de compreender esse mundo. E, se até os 12 eu simplesmente não lia, com 14 anos eu devorava livros diariamente, de Nietzsche a Erico Veríssimo”, lembra Tau, creditando a este último a sua “primeira faculdade de história”.

      Passeando por temas como a história sul rio-grandense, o sistema educacional pouco estimulante, os dias vividos com sua avó e a importância dos livros como ferramentas esclarecedoras, Tau Golin fez jus ao seu título. “Nós escrevemos um único e permanente livro, que são as perguntas que nos fazemos. Não gostamos de livros que dizem coisas repetidas, pois queremos diferentes respostas e é isso que a literatura nos oferece”, afirma o patrono, revelando sua paixão por esta arte.

      Ao fim do debate, Tau aproveitou para falar de outra de suas paixões: a música latino-americana. “Eu nunca aprendi um idioma da maneira formal. Aprendi o espanhol através das músicas, e assim fui conhecendo a cultura de vários países e de toda a América Latina”, conta ele, que foi apresentador de programas de rádio em Santa Maria por vários anos. Para transmitir ao público um pouco dessa cultura,  o patrono chamou ao palco os jornalistas João Vicente Ribas e Daniel Bittencourt, que fizeram um show à parte com canções inspiradas, embaladas por violão e harmônica. No repertório, Tambo do Bando, Carlos Gardel, Mercedes Sosa e uma composição do próprio Tau Golin encerraram com chave de ouro a noite de sábado. Após a apresentação, Tau Golin autografou suas obras ao público presente.

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